Existem mais casas sem gente, do que gente sem casa. Mesmo assim, o déficit habitacional no Brasil é astronômico. Muitos encontram na ocupação a forma para sobreviver no mundo cão.
Nesse episódio, conversei com Fernando Tremura, advogado pelos direitos humanos especializado em regularização fundiária.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Voz!
Em uma escola que trabalhava
surgiu a proposta de fazermos uma atividade de pesquisa onde os alunos fossem
os protagonistas e o professor um mero mediador, a escola optou pelo design thinking1, os alunos
poderiam escolher o tema e professor mediador, um grupo escolheu o tema “Dar
voz as minorias” fui convidado para ser o mediador do grupo, fiquei muito
honrado com o convite e também receoso, pois, é um tema sempre delicado para se
trabalhar em escolas. Nossa primeira reunião foi uma bagunça todos queriam
falar ao mesmo tempo, no final optaram por fazer um cartaz, de um lado com
frases que eles ouviram e se sentiram ofendidos e o do outro lado o que
esperavam alcançar com o projeto, logo depois do cartaz feito eles perceberam
que não era “dar” voz , sim TER voz, não eram minoria, eram minorizados pela
sociedade, e que não eram eles, somos nós, reconhecimento e autodeterminação foram
fundamentais para o projeto. Se dividiram em três grupos de pesquisas: um
pesquisaria a população negra, outro LGBTQI+ e outro as mulheres, procurariam
relatos, dados estatísticos e entrevistas.
Texto enviado pelo colaborador Jefferson Alexandre. Licenciado em História, atualmente o autor faz mestrado na mesma área na Universidade do Porto, em Portugal.
Nosso próximo passo foi decidir o
que fazer com o material coletado, decidimos fazer uma exposição sensorial,
eles ficaram tão chocados com as estatísticas que decidiram que todos deveriam
saber, ao reconhecerem a importância de
ter voz, decidiram editar as entrevistas e produzir um documentário, foi um
projeto de imersão fizemos várias saídas de campo, falamos com representantes
de várias partes da sociedade, uma deputada, Secretaria da Mulher no Congresso,
umbandista, coordenador de uma casa de amparo aos LGBTQI+, universitários, alunos
do ensino médio, médicos, advogados... conseguimos um panorama em que pudemos
constatar como esses três grupos são marginalizados socialmente, o documentário
e a exposição ganharam um nome: vozes, pelo direito de existir!
Tudo produzido e pensado por eles, cartazes, filmagens, roteiro, edição de imagens, fotos, deu um orgulho danado, o melhor foi as reação dos alunos e alunas ao verem e se verem, ao ouvirem e se ouvirem, em ver seus pais compreendendo o seu dilema social, em muitos casos foi a primeira vez que a família falava sobre o assunto, muitos termos que a comunidade escolar desconhecia, como: feminicídio, transexualidade, pessoa cisgênero, LGBTcídio, entre outros.
Recentemente nosso atual Presidente Jair Bolsonaro, questionou a importância e a necessidade dos estudos e pesquisas nas áreas de Humanidades, acho que ele deveria aprender com os meus alunos e alunas, para compreender que entre tantas coisas que poderiam mudar no mundo, uma delas seria o quadro político que temos hoje. Não vou entrar na polarização de direita e esquerda, falo de humanidade, não se horrorizar e se revoltar com a execução de uma mulher negra, que morreu por exigir o direito de voz, e de um motorista pai de um bebe de um ano, que foi alvejado de balas durante o seu trabalho. Questionar a morte de Marielle Franco e de Anderson Gomes não é ser de esquerda é ser humano.
Um pessoa que se candidata a deputado e para se promover publicamente quebra uma placa em homenagem a essa mulher negra, tem uma simbologia enorme, ele não queria quebrar a placa, ele queria calar Marielle, mesmo depois de morta. Recentemente, já eleito deputado federal, Daniel Silveira “justifica” o número de pessoas negras mortas pela polícia, suas palavras foram: “tem mais negro no crime”, ele não compreende nem a função da segurança pública, que é assegurar a vida de TODOS!
Ontem tivemos outra tentativa de homicídio a Zumbi dos Palmares, um deputado Coronel Tadel, arrancou e quebrou uma obra da exposição (Re)Existir no Brasil – Trajetórias negras brasileiras. O quadro trazia dados sobre a violência de Estado contra negros e pobres, que estava exposta no mesmo congresso onde meus alunos e alunas foram fazer parte de sua pesquisa, hoje dia 20 de novembro, é um dia de luta, não de comemoração, luta por existir, para que não sejamos mais rasgados, calados ou mortos.
Casos como esses falam tanto dos políticos quanto de nós sociedade, precisamos nos reconhecer e conhecer o outro, compreender que Direitos Humanos, não é privilégio é humanidade! Que deve se estender e salvaguardar a todos, indistintamente, entender que as diferenças existes e que devem ser respeitadas, não se trata de aceitação, trata-se de igualdade.
Então Sr. Presidente, pergunte aos meus ex-alunos e ex-alunas por que que estudar humanidades? Eles te darão uma boa aula! Pergunte a família da Marielle por que estudar Direitos Humanos? Pergunte ao cartunista Carlos Latuff, por que estudar censura? Não se preocupe as respostas são muitas e são construídas com o tempo, e pode ter certeza que nossa voz ecoará sempre!
Jefferson Alexandre
1
Design thinking: Uma maneira de pensar através do design. Ou seja, com
criatividade e simplicidade, em busca de múltiplas soluções possíveis e sempre
com foco nas pessoas. Muito usado por empresas para criar novos produtos ou
estratégias e também para inovar, essa maneira de pensar também se aplica muito
bem à área da educação porque propõe acima de tudo, construção e comunicação
coletiva com empatia.
(https://educador360.com/gestao/design-thinking-na-educacao/)
Texto enviado pelo colaborador Jefferson Alexandre. Licenciado em História, atualmente o autor faz mestrado na mesma área na Universidade do Porto, em Portugal.
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Chile, Bolívia, China, Ursinho Puff e Lula Frita
Análise de conjuntura do Núcleo Anarquista do Proletário Revolucionário
terça-feira, 12 de novembro de 2019
CONSIDERAÇÕES SOBRE O LULA LIVRE
Editorial
Após o julgamento sobre a questão da segunda instância pelo Supremo Tribunal Federal, a liberdade cantou para Lula. O ex-presidente havia sido feito prisioneiro político pelo então juiz Sérgio Moro, para evitar que ele fosse candidato à Presidência da República. Devido a uma campanha nacional e internacional pela soltura de Lula, ao desgaste do governo Bolsonaro, da imagem de Sérgio Moro e, principalmente, pela crise política que emergiu devido ao caso Vaza Jato, devido ao imenso material jornalístico de Glenn Greenwald, Lula foi beneficiado por um habeas corpus na sexta-feira e, depois, foi para São Bernardo do Campo reorganizar a sua militância.
A soltura de Lula, no entanto, não significa um “retorno” à Constituição, como se magicamente o estado de exceção generalizado que tomou conta dos país a partir de 2016 tivesse sumido com uma canetada do Supremo. Trata-se de um recuo tático da burguesia nacional e da classe política fisiológica para enquadrar Bolsonaro, uma vez que a burrice incomensurável do atual presidente da República por vezes atrapalha os interesses da mesma burguesia que o garante no poder. O que não se está claro é se a tentativa é de conter Bolsonaro ou de fortalecê-lo, uma vez que, com Lula solto, a polarização em torno do PT pode voltar a ser relevante e Bolsonaro pode se fortalecer se souber aproveitar a oportunidade (afinal, muitas alianças somente são possíveis se houver um “inimigo comum”).
No Congresso Nacional, a presença do Lula, que pode voltar ou não a ser o eixo da discussão política, tende a atrair uma parte dos políticos da direita fisiológica (conhecida como Centrão) e repelir a outra parte; dificilmente haverá indiferença com relação a Lula no jogo político. Esse fenômeno deve sufocar o crescimento do PSOL, que vem se verificado de forma lenta e gradual desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff. A tendência é a construção de um novo “centro”, hegemonizado pelo PT e MDB, com legendas como o PSB e outros partidos de centro-direita orbitando, que polarize com a extrema-direita de Bolsonaro e asseclas. Isso representa também uma aproximação do PSDB com a extrema-direita, uma vez que a direita tradicional, que fica no meio do caminho dessa polarização, tende a se esvaziar; Rodrigo Maia, que tentava reconstruir a direita tradicional a partir da “moderação” do DEM (que era mais para a extrema-direita no início do governo), poderá sair prejudicado com a saída de Lula, a não ser que tente um acordo anti-Bolsonaro. O PSOL tende a ter uma aproximação inicial, com algumas alianças municipais fechadas com os setores mais à direita do Partido (como é o caso do Marcelo Freixo), mas tende a se afastar à esquerda devido ao sufocamento eleitoral.
No campo progressista, a soltura de Lula certamente é positiva, por se tratar de uma reparação, por retardar a sanha persecutória contra líderes da esquerda, por contrapor elementos burgueses que tentam se pintar como progressistas (como o Ciro Gomes, o qual certamente vai procurar polarizar com Lula, aproximando-se do ex-eleitorado do Bolsonaro) e, também, para pôr fim à paralisia de pauta do partido hegemônico da esquerda, o PT; por outro lado, pode alimentar ilusões institucionais em um momento no qual o avanço neoliberal sobre os trabalhadores se intensifica. Lula é o cara da conciliação, do reformismo fraco, e, em épocas de polarização, a gente sabe muito bem o que isso significa. Quando a luta de classes se radicaliza, é um erro não tomar um posicionamento mais claro contra a burguesia e a favor da classe trabalhadora. #
CurvaCAST 22 - Golpe na Bolívia e Lula Livre
Editorial
No último dia 10 de novembro, Evo Morales renunciou ao mandato de Presidente da República Plurinacional da Bolívia, após violentos protestos patrocinados pela direita e um “pedido” das Forças Armadas. Um sujeito oportunista que surgiu com o golpe é Luis Fernando Camacho, uma espécie de Bolsonaro da Bolívia, membro do “Comitê Cívico pró-Santa Cruz”, que é uma organização fascista que surgiu em Santa Cruz de la Sierra para conservar o espírito colonizador do branco boliviano, que se acha herdeiro direto do europeu, em contraposição aos povos andinos.
A clivagem entre brancos e indígenas existe nos países que foram invadidos pela Espanha através de uma lógica própria, que difere um pouco da cultura brasileira, uma vez que os indígenas participam de maneira mais direta na política dessas nações, tanto que conseguiram emplacar um presidente da República. Lá, os indígenas são franca maioria, compondo 55% da população, ao passo que os brancos são apenas 15%; o que faz a Bolívia ser tão explosiva, no entanto, é o fato que a minoria branca é a detentora da riqueza, enquanto a maioria vive na pobreza ou em uma vida modesta.
A Bolívia apresenta um enorme histórico de golpes e mandatos inconclusos (o fato do nome do prédio presidencial se chamar Palácio Quemado não é à toa). Evo foi o presidente que mais tempo conseguiu ficar no poder - a média de ocupação no cargo da presidência na história pós-Segunda Guerra da Bolívia é de dois anos e meio; Evo conseguiu se manter por treze anos, superando, inclusive, o nazista e ditador Hugo Banzer, sendo que este último, por muito tempo governou sem precisar se eleger e com forte aparato repressivo.
Evo renunciou após grupos financiados pelos Estados Unidos insuflar a população a se insurgir, devido a denúncias de supostas fraudes nas eleições que deram a vitória em primeiro turno ao presidente bolivariano; a Polícia foi a primeira organização a aderir ao golpe, enquanto as Forças Armadas se negavam a prestar apoio a Evo. Casas de políticos ligados ao Movimento al Socialismo foram incendiadas; a prefeita da cidade de Vinto, Patricia Arce Guzmán, foi agredida e humilhada em público, sendo pintada de vermelho, obrigada a andar descalça por horas e tendo seu cabelo cortado. Eventos como este demonstram o caráter fascista do levante. Camacho, quando adentrou ao Palácio Quemado, estendeu a Bíblia sobre a bandeira boliviana e começou a invocar Jesus Cristo! (lembremos que a maioria da população não é cristã!). Os presidentes do Tribunal Superior Eleitoral foram feitos reféns por homens encapuzados com o uniforme da polícia boliviana.
O interessante deste golpe é que ele vem durante uma época de maresia na economia boliviana. Duas semanas antes do acontecido, a BBC publicou um artigo, que foi reciclado após a renúncia, intitulado “O que está por trás do sucesso econômico da Bolívia da era Evo Morales?”. O conflito social emergiu por puro reacionarismo de setores da extrema-direita diante de uma “desculpa”, uma acusação de fraudar mais de 10% dos votos válidos nas eleições gerais. A Organização dos Estados Americanos, quintal oficial dos Estados Unidos, teve um importante papel na escalada dos protestos, quando decidiu adiantar o resultado de seu parecer, mesmo antes de haver concluído a auditoria, ainda que a Bolívia estivesse caminhando para um clima de pacificação, como se importasse com o timing de quem promovia os protestos. É interessante a nota à imprensa do organismo do dia 11, onde conclama a Assembleia Nacional a organizar novas eleições e, ao mesmo tempo, e mesmo com os inúmeros casos de violência contra os indígenas, coloca mais lenha na fogueira, pedindo a continuidade da investigação das fraudes, por parte da justiça boliviana, “até as últimas consequências”, adotando uma postura pouco diplomática e até mesmo intervencionista.
Grupos que apoiam Evo Morales deram um ultimato de quarenta e oito horas aos golpistas, enquanto organizavam uma marcha para La Paz. Durante o caminho, ouvia-se o brado da multidão “Ahora sí, guerra civil”, “Evo no está suelo” e “Evo vencerá”. No percurso, tropas passaram a atirar à chumbo na população, matando ao menos três pessoas, entre elas uma criança.
Os governos do México, da Rússia, da China e do Uruguai denunciaram o golpe de Estado na Bolívia; no Brasil, mesmo com a quartelada, com o ultimato das Forças Armadas e com a barbárie tomando as ruas, os jornais evitam usar a palavra “golpe” e preferem amenizar com “renúncia”. Evo Morales seguiu para o asilo político após o México lhe oferecer seu território. A Rússia mandou um recado ao Brasil através de uma nota diplomática pedindo encarecidamente para ele não se intrometer nas questões internas da Bolívia, em resposta aos vazamentos de áudio nos quais grupos camachistas e religiosos evangélicos diziam ter apoio estadunidense e de “uma pessoa muito próxima a Bolsonaro”.
O levante na Bolívia certamente inspirará grupos fascistas brasileiros a tomarem atitudes mais radicais, muito embora o apoio ao governo Bolsonaro esteja minando dia após dia. É importante ficarmos vigilantes para as pretensões autoritárias de certos “líderes” políticos e, também, vigiarmos as pretensões das lideranças evangélicas; podemos estar sob a lógica de uma nova “Cruzada” por parte deles.
Qual o sentido de propor novas eleições sem Evo Morales no atual cenário boliviano?
Artigo do colaborador Luiz Fellipe Lisbôa Mattos, membro do Núcleo Anarquista do Proletariado Revolucionário
Na Bolívia, um setor insiste em apresentar a derrubada do governo Evo Morales como o resultado político de mobilizações populares indispostas com o presidente recém destituído. Esta avaliação desconsidera os motins policiais ou os apresenta como uma tomada de partido da polícia em favor das demandas populares e contra as arbitrariedades cometidas pelo ex-presidente.
Os documentos assinados ou divulgados por essa ala esquerda do golpismo boliviano são a expressão de um projeto político de voo curto. A declaração do Comitê Cívico Nacional, impulsionado desde Chuquisaca, de que se deve convocar novas eleições para recolocar o país na rota da democracia, convida, também, o exército e as polícias a tomarem parte nessa estranha festa da liberdade da qual participam, com seus uniformes militares e bíblias, generais de alta patente, Carlos Mesa, Luis Fernando Camacho e todos os antigos apoiadores de Gonzalo Sánchez de Lozada.
Qual o sentido de propor novas eleições sem Evo Morales no atual cenário boliviano? Facilitar o acesso da direita ao poder? Fazer refluir o confronto entre golpistas e anti-golpistas com a vitória destes últimos?
Evo é acusado de covardia, mas os que o acusam querem capitular diante da ofensiva militar contra o povo e contra a democracia, mais do que isso, apoiam a ofensiva militar e um suposto papel saneador que ela cumpriria neste momento. Ora, se houver derramamento de sangue e ações vandálicas, os responsáveis são aqueles que investiram contra o governo eleito, e se a direita ocupar o poder, deve-se dizer desde agora, a violências será a marca cotidiana do novo governo, como sempre foi durante os anos de dominação da direita boliviana.
A população deve ser mobilizada para impedir que o golpe prevaleça. O exemplo da Federación de Juntas Vecinales de El Alto deve ser seguido por todos os que querem impedir a consolidação de um regime escorado no oficialato das forças armadas, William Kaliman e afins. Deve-se impulsionar, como sugere a federação, a criação dos comitês de autodefesa nos sindicatos e substituir a polícia profissional por membros das comunidades locais.
A partir da criação de organismos controlados pelo povo, pode-se, aí sim, abrir caminho para uma reforma real do poder político a partir dessas bases populares. Que esses organismos tenham vida longa dependerá da campanha política e da experiência das massas no interior da luta contra o golpe, contra os militares e contra a direita.
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sábado, 2 de novembro de 2019
Grupo de agentes indígenas é emboscado por madeireiras
URGENTE!
O grupo de agentes florestais indígenas “Guardiões da Floresta” foi emboscado por madeireiros hoje, 1º de novembro de 2019, no interior da Terra Indígena Araribóia, região de Bom Jesus das Selvas-MA, entre as aldeias Lagoa Comprida e Jenipapo.
Houve intenso confronto. O indígena Paulo Paulino Guajajara, o “Lobo mau”, foi assassinado com um tiro no rosto; seu corpo segue na mata, no local do crime. O líder guardião Laércio Guajajara está ferido em aldeia da região e temos informação de que um madeireiro também morreu na troca de tiros. Informações também dão conta de que os madeireiros da região de Buriticupu-MA estão nesse momento no interior do território para resgatar o corpo do criminoso.
A Funai do Maranhão, em articulação com as forças de segurança, sobretudo a PMMA, já tem homens a caminho do local. Um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública está sendo usado na operação.
Mais informações em breve. Acompanhe pelo Mídia Índia
Toda solidariedade aos guerreiros Guajajara da TI Araribóia!
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Bolsonaro está nas cordas?
"Estou em um país capitalista". Foi assim que Bolsonaro se referiu à maior potência comunista do mundo. A declaração veio para desfazer um imbróglio: durante toda a sua campanha eleitoral, para polarizar, o pesselista atacou o país oriental e, ao início do mandato, evitou o contato a todo custo, gerando protestos inclusive da burguesia brasileira, que depende da China para escoar parte de seus produtos primários.
Ao longo desses dez meses que está no poder, Bolsonaro procurou se aproximar dos Estados Unidos, escolhendo este país como um dos seus primeiros destinos para uma visita de Estado; nada mais estava fazendo do que batendo continência ao seu pavilhão, como fizera de maneira explícita antes de tomar posse. Lá, abriu as portas brasileiras aos americanos sem contrapartida, anunciou a entrega da base militar de Alcântara e prometeu engajamento a um problema geopolítico que não é seu, a questão venezuelana. Em troca, ganhou um tapinha nas costas e uma promessa de entrar na OCDE.
Trump, que quer uma "América para os americanos" (traduza-se isso em intervir em todos os países da América Latina), jamais teve o interesse em se alinhar com um Brasil falido diplomaticamente; apenas estimulou o seu fã a exercer a sua subserviência colonial. Em virtude disso, é forçoso até para os setores que se diziam nacionalista acreditar que algum provento viria dessa "troca" entre metrópole e colônia, uma vez que a missão brasileira foi ao continente norte-americano sem nenhum poder de barganha e prestígio. Com o tempo, Bolsonaro foi se tornando um ativo tóxico ao redor do mundo (sim, a terra é arredondada) e Trump viu a necessidade de se descolar de seu homólogo brasileiro, ainda mais depois que se viu em um processo de impeachment que, ao contrário do que pensavam os estrategistas da alt-right, queimou o seu capital político. O divórcio veio com a declaração de amor não correspondido de Bolsonaro e com o seu patético discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU deste ano. A promessa de fiar a candidatura brasileira a OCDE não veio. Não que essa entrada fosse boa para nós, mas ainda sim se tratou de uma humilhação para o governo brasileiro no exeterior.
Internamente, a rede bolsonarista de desinformação arrefeceu diante da desagregação do PSL, numa briga mal-calculada entre os Bolsonari e os setores bivaristas do partido pelo gordo fundo partidário que começará a ser utilizado nas eleições de 2020. Todos erros do próprio bolsonarismo na consecução de seu projeto de poder. Paralelamente a isso, o parceiro numero um do fascismo brasileiro, Benjamin Netanyahu, perdeu o posto de primeiro-ministro em Israel, a extrema-direita húngara perdeu espaço, a direita corre sérios riscos de ser rechaçada eleitoralmente na Argentina, países latino-americanos como o Chile, o Equador e o Peru, reacenderam a chama da luta de classes e Evo Morales foi reeleito na Bolívia, vacinando-se contra uma tentativa de golpe de estado patrocinada pelos americanos que tentam fazer de Carlos Mesa uma espécie de Guaidó austral. E agora, José? Sem parlamento, sem partido e sem apoio internacional, o que resta a Jair Bolsonaro fazer na cadeira presidencial?
A resposta parece ser fazer algo inusitado no repertório bolsonarista: fazer política. Com o rabo entre as pernas, o presidente cítrico foi até Pequim buscar alguma relevância escorando-se na figura de Xi Jinping, que o recebeu de braços abertos, de olho que está na privatização de estatais estratégicas brasileiras (lembremos que, há um ano atrás, Jair reclamava que os chineses queriam comprar o Brasil). Essa política, porém, se dará na única linguagem internacional que o mandatário conhece: a da subserviência.
Enquanto o governo federal vai se acuando, as medidas neoliberais vão se aprofundando pelas mãos de Rodrigo Maia. O povo brasileiro ainda não esboça nenhuma reação a esta destruição do tecido social - mas, por quanto tempo?
CurvaCAST 21 - Chile Insurgente
Fogo no laranjal e fogo nas ruas do Chile.
Este episódio do CurvaCAST é fogo para todos os lados!
Convidado especial: Fernando Tremura, presidente do PT de Ribeirão Preto, advogado ativista e membro do Conselho Diretor de Base do SINTUSP.
Música de Abertura: Ventiscka - La Marcha del Cantor
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Cabular aula “ao contrário”
Este artigo foi encaminhado pela nossa colaboradora Patrícia Reis.
Imagem: R7
Este é um trecho do livro que escrevi, mas ainda não o publiquei. Eu o trouxe aqui com um objetivo, mostrar àqueles que defender regime militar (golpe), terra plana, que o impeachment não foi golpe, entre outras sandices o que foi um regime autoritário. Faço isso porque está impossível a convivência humana no país. Outro dia fui chamada de retrógrada por um policial que quer que voltemos há 50 anos, sendo que eu quero avançar 100. Não vejo coerência, então, abaixo trarei apenas o relato de uma criança, que viveu num regime, que era horrível em todos os aspectos, e, mesmo eu não sabendo, eu sofri as consequências. Os nomes são fictícios, os fatos reais. Segue o texto:
Cabular aula “ao contrário”
...
Um dia cabulamos aula e pulamos o muro do clube mais chique da cidade, chamado Itaguará. Ficamos lá o dia todo, jogamos, fizemos piquenique, roubamos coquinho. Juntaram-se a nós nossos amigos da sala de aula, Leo, César, Luis, Rose e Raquel.
Os dias estavam tumultuados naquele período. Eram tantos afazeres para uma pessoa só, eu aceitava todas as incumbências que me davam, todos os convites sociais, e era difícil atender a tudo. Além da comissão de formatura, as aulas e as provas para as quais eu nunca estudava, ainda ensinava música para os alunos de piano, fazia aula de datilografia, estudava a música para a apresentação da Audição, organizava a apresentação de fim de ano, que seria uma dança de foxtrote, com chapéu e bengala a roupa era toda em preto e branco. Envolvi até a minha mãe nas tarefas de confeccionar as saias de todas as participantes e bordando as gravatas.
A minha agenda era bastante apertada. Certo dia minha aula de datilografia se alongou mais do que o costumeiro e após aquela aula eu teria prova de matemática na primeira aula, mas aconteceu um pequeno problema de ordem fisiológica, que acontece mensalmente para as mulheres, e por mais rápida que eu tenha sido no banho que anteriormente não estava planejado, não foi suficiente para evitar que os portões do colégio estivessem fechados quando finalmente cheguei à escola.
Desesperei-me, perder a prova bimestral era fatal, seria a primeira vez na vida que ficaria com uma nota vermelha, minha mãe comeria meu fígado, no desespero tentei ser honesta, fui até a diretoria e expus a situação e disse que precisava entrar, mas a resposta da inspetoria foi incisivamente negativa, e ainda me expulsou do colégio, entrei em pânico novamente.
Do lado de fora do colégio, sentindo-me injustiçada, com raiva, receosa por perder a prova, e irremediavelmente indesejada pela Diretoria, sentei-me na calçada de frente para o colégio de onde avistava o portão frontal, pensei que seria uma boa idéia pular aquele portão que inclusive era bastante fácil de fazê-lo, contudo era muito próximo à sala do Diretor, pensei que pelos fundos embora fosse mais difícil era mais seguro, juntei minha mochila e pus-me a caminho.
Era um muro razoavelmente grande, de chapisco e com uns pregos pequenos em cima, que para minha sorte não estavam uniformemente distribuídos. Retirei da minha mochila o agasalho embrulhei-o nas mãos, coloquei um paralelepípedo que estava meio esquecido e sem utilidade no terreno baldio ao lado, subi em cima dele e tentei escalar o muro. Algumas tentativas foram em vão, perseverei e tentei até conseguir chegar ao topo do muro, lancei minha perna direita para o outro lado, fazendo um ângulo maior do que costumava fazer para caminhar e, nesse momento, senti que o tecido de minha calça se rompeu, fio a fio, lentamente, não dava para voltar a perna para a posição anterior primeiro porque era um fato quase consumado não havia meios do tecido se costurar com o retorno de minha perna a posição anterior, depois porque se eu desistisse perderia a prova. Então pensei comigo:
— Azar, depois penso nisso.
E joguei-me para o outro lado do muro sem restrição, o que fatalmente aumentou a proporção do rasgo inicial. Enfim estava do outro lado, apesar dos arranhões no chapisco e a sensação de frescor no bumbum, já em terra firme sã e salva, iniciei minha tarefa de esconder o desastre causado antes de ir a famigerada prova.
O mesmo agasalho que protegeu minhas mãos agora estava sendo amarrado na cintura para tampar o desagradável buraco que ficou na calça, quando atrás de mim surgiu uma voz – a inspetora.
Dona Creuza era como a chamávamos, todos tinham muito respeito a ela, sabia ser dócil e decisiva ao mesmo tempo, nunca desobedecíamos suas ordens, até mesmo muito mais pela consideração do que outra coisa.
— Muito bem, Dona Jaqueline, você conseguiu dar um jeito de entrar... se você voltar pelo mesmo caminho eu vou fingir que não te vi e não vou te dar uma suspensão.
— Mas Dona Creuza eu preciso fazer a prova, não é justo. Todo mundo pula o muro de dentro para fora para fugir daqui, você deveria se orgulhar que eu estou pulando de fora pra dentro, porque eu adoro a escola.
— Última palavra Jak, vou falar para o Professor dar outra prova para você, mas agora vá embora.
-- Dona Creuza, posso pedir só uma coisinha? Abre o portão da frente pra mim? Eu rasquei a calça, será uma visão esquisita para quem estiver na rua se eu tiver que despular novamente.
— Tá bom, Tá bom.
Após esse evento, eu percebi algumas semanas depois, que o muro foi aumentado com uma tela grossa imensa, intransponível, lembrei-me do portãozinho de minha antiga casa quando era menor e dei uma gargalhada pensando, é só eu crescer que consigo novamente.
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E era assim, meritocracia, zero, pois no boletim só havia notas máximas, mas, eu era pobre, portanto, não recebia elogios e presentinhos.
Minhas idéias eram boicotadas, pois os louvores eram sempre destinados aos filhos dos vereadores, do prefeito, do capitão da Aeronáutica.
Meritocracia é o nome que se dá para a palavra apadrinhamento.
Obrigada por ler até o fim
Patricia Reis
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Bolsolulismo: uma ideia debiloide para explicar o apoio de parte da esquerda à Operação Lava Jato e ao “Fora Maduro”.
Artigo do colaborador Luiz Fellipe, membro do Núcleo Anarquista do Proletariado Revolucionário
Andamos um pouco distantes dos acontecimentos mais recentes sobre o Chile e a Catalunha, mas a maneira como o governo equatoriano contornou a crise decorrente do aumento de preços do petróleo não dá sinais de desespero por parte da burguesia. A mobilização, num primeiro momento foi contida, e não se precisou fazer uso prolongado do estado de sítio. Em nenhum momento, e isso me leva a conclusões radicalmente diferentes das da TS sobre o papel dos líderes populares, se cogitou lançar mão de Rafael Correa como substituto de Lenín Moreno no papel de contenedor das massas.
O caso colombiano desmente com ainda mais contundência a versão apresentada pela TS: os estudantes que saíram às ruas estão sob influência, predominantemente, da esquerda reformista de lá e de Gustavo Petro, candidato da esquerda moderada nas últimas eleições. São esses os mentores dos protestos de Equador e Colômbia: Rafael Corrêa e Gustavo Petro, coincidentemente, ambos aliados de Nicolás Maduro, o “ditador a serviço da burguesia venezuelana”.
Então, só restaria conceber uma rebelião organizada pelos setores reformistas com vistas a criar instabilidade e se aproveitar dela para retomar o aparelho de estado em apoio à burguesia. Contudo, os exércitos de ambos os países deram mostras, as mais eloquentes, de fidelidade aos governos atuais da direita, por assim dizer, “declarada”, para usar a terminologia infantil da TS. E como esse teatro, seguindo o raciocínio apresentado, substitui a insatisfação das massas, que permanecem desorganizadas, embora insatisfeitas, só nos resta descartar as aparências de luta real e caracterizar o período atual como um período de profunda estagnação, o oposto do que a TS procura demonstrar ao longo de todo o texto. Mas não: há conflitos reais.
Para servir de pano de fundo para as afirmações extravagantes dos nossos colegas, estes introduzem Catalunha e Hong Kong no rol das manifestações populares que ameaçam a estabilidade do regime burguês em nível internacional. Mas a TS não é a maior opositora das manifestações na Catalunha? Elas teriam, agora, um ano depois do início da crise catalã, servido de catalisador para as mais variadas tendências populares?
Vamos à “onda conservadora”, mas vamos sabendo o que se quer dizer com esta sonora expressão. Para os companheiros da TS, não há onda que não dure para sempre, a natureza da onda com que eles pensam fazer analogia é diferente da das ondas convencionais, que se encerram depois de um ciclo relativamente curto, a onda deles é mais como uma onda de desenho animado ou filme de terror, que cresce indefinidamente até arrebentar na costa e fazer naufragar todo o mundo por 40 dias e 40 noites, como na história de Noé, e, mais importante do que isso, o que se confundiu com essa onda gigante é a crise de dominação burguesa, que pode fazer a população pender tanto para a direita quanto para a esquerda. Tratar-se-ia de uma crise de dominação cujos resultados são indefinidos e que, nas suas oscilações internas, seriam apenas caracterizadas como ondas, ondas gigantes, exageradas em tamanho e duração. Ai de quem propuser uma definição mais precisa para tais “ondas”.
No fim, chegamos a um consenso: a direita capitalizou a onda, tirou proveito dela, e todo o palavrório da TS sobre onda, ao fim, serve para endossar uma opinião prévia: PT e Bolsonaro são iguais. Agora, se a TS tinha chegado a esta conclusão empiricamente, desde o início, comparando as medidas repressivas tomadas pelos governos do PT às medidas tomadas pelo governo Bolsonaro, projetando o futuro de um eventual governo Lula que corresponderia à nova etapa da crise capitalista, bastaria dizer isso desde o início e nos poupar da filosofia. O problema é que este governo não parece ser uma opção da burguesia para as amplas massas, afinal de contas, Lula está preso.
E o resto é pura bobagem, bobagem da grosso, daquela que dá indigestão e da qual merecemos ser poupados, antes que nos convençam a participar do próximo ato convocado pela Lava Jato e pelo MBL.
Núcleo Anarquista do Proletariado Revolucionário
Os artigos publicados neste blog não necessariamente espelham a orientação política do Diplomatas de Sealand, exceto aqueles de caráter editorial. Esse espaço é cedido como uma forma de democratizar o debate político e a participação popular.
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The New Piñera Dictatorship
Artigo do colaborador Danilo Granato, que está acompanhando de perto as manifestações no Chile
In less than 30 years after claiming hard-earned democratic rights, Chile is victim of another dictatorship. It’s a modern dictatorship. One that doesn’t involve a coup, or a revolution. A dictatorship so subtle that when you realize it’s happening, you’re already subdued. This new form of dictatorship is being presided by the current head of state Sebastian Piñera.
Foto: AFP
Sounds like a pretty strong claim, but as I said, it’s so subtle that’s hard to see. A few intelligent people can perceive it, but they seem like the donkey from George Orwell’s “Animal Farm”.
I don’t want to be a donkey who keeps silent and lets, through inaction, iron-fist dictators claim power. That’s why I’m laying the facts as I see them and letting the readers draw their own conclusions.
Throughout his second government, the disregard for the population they were supposed to serve was apparent in Piñera’s team. These weren’t only under-the-curtain symptoms such as increasingly long lines in under-staffed, ill-stocked hospitals; high water scarcity due to a historical 10-year long drought; a 10% increase in the electricity bill while it should have been lower; and suspicious deaths of environmental leaders.
On top of aggravating peoples living conditions, the team of ministers made sure to laugh openly at the demise of the population. Citizens heard they could “play bingo and socialize while waiting for the doctor”, or “buy flowers” when it was the only item with deflated prices. On the other side of the table, the government was giving “forgiveness” to multi-millionaire corruption scandals in police and military forces.
All this happened while people were routinely being treated in hospital sofas, agriculture and forestry were over-exploiting privatized water sources, communal leaders were “being suicided” for protecting the environment, and hard-working middle class were retiring in sub-living conditions with pensions far below the minimum wage.
The tipping point was a mere 4 cents increase in the peak-hour metro fare, to which the population heard from the transport minister they should “take the transport earlier” if they would like to avoid the fare hike.
Under these conditions, no wonder the population exploded in protest. The government response? Deploy the military forces in the streets and propose a series of laughable palliative measures that would barely alleviate the daily grind of the population. Proposals which only will broaden the social gap by enriching business owners and putting the country’s finances under permanent strain.
We’re not short of examples. There’s the medicine reform in which government will subsidize remedies from colluded private pharmacies that charge over-inflated rates. There’s also the “catastrophic health insurance” in which the government will pay for health insurance companies to deal with illnesses the public service should but can’t provide. There’s also the bizarre “guaranteed minimum wage” in which the government will use tax-payer’s money to complement the salary of underpaid workers. There’s the public “boost” to private pensions, where the government will pour money into ill-paying, profit-making retirement funds companies.
It is an abnormal form of neoliberalism in which the government gives citizen taxes to private companies, so these companies provide basic services the government itself failed to provide.
Not to count the proposal with personal gain like removing the housing tax for people 70 years old and over. This in a country where a common 70-year pension is not enough to buy enough food or medical care, let alone a house, but the president is conveniently turning 70 years old next year and doesn’t lack properties to pay taxes on (which, by the way, he already owes thousands of dollars of unpaid housing tax).
The list of proposals goes on, but they clearly don’t tackle the underlying needs of the people, and still are committing away public funds to private pockets, putting Piñera’s successor in an extremely difficult position – endure a severe constraint in the public budget or pay the political price to abolish populist policies.
And that’s not all. Due to social unrest and the military pressure on the streets, these matters are of “extreme urgency”. So, deputies and senators are urged to approve these measures, without proper time to deliberate, and are pressed by public opinion to be in favour or otherwise be taxed as going against the people’s interests. No wonder the president is smiling while he declares war on his population.
In the meantime, as events unfold on the streets, we are getting to know human rights violations from military abuse and cases of undercounting and concealing of deaths by the government. The oppression is escalating to a point where people are being censored and getting arrested inside their own houses, completely outside the jurisdiction of the current exceptional state. As more recent facts are being studied, it is coming to light that these powers are even disobeying the country’s constitution.
It is clear that, right now, Piñera doesn’t have social legitimacy. He once had, scantly, in the elections 4 years ago. With less than 27% of the votes of the electorate in 2017, he was “entitled” to the power regardless of his results and social approval since then. Without public support and with the military by their side, Piñera and his team don’t seem worried to propose hasted laws that would create a political deadlock in which only he and his friends win and everybody else loses. All during a difficult time of social fear, concealed military abuse and overruling of the constitution.
If this is not a dictatorship, I don’t know what it is.
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sexta-feira, 18 de outubro de 2019
CurvaTALKS 07 - Policiais Antifascismo
É possível haver uma polícia que não sirva somente para reprimir os trabalhadores e proteger a propriedade privada dos ricos? Por que 77% dos policiais são a favor da desmilitarização? O que é uma polícia de ciclo completo?
Neste episódio, entrevistamos Almir Felitte, membro do movimento Policiais Antifascismo e militante do PSOL.
Música de abertura: Rigurgito Antifascista - Banda Bassotti & OZulù
Neste episódio, entrevistamos Almir Felitte, membro do movimento Policiais Antifascismo e militante do PSOL.
Música de abertura: Rigurgito Antifascista - Banda Bassotti & OZulù
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
CurvaCAST 20 - Equador, a briga de Bolsonaro e Bivar e OCDE
1. O povo se levanta no Equador contra o governo neoliberal e ilegítimo de Lenín Moreno
2. Jair e Luciano Bivar trocam farpas e a família Bolsonaro sinaliza um desembarque do PSL
3. Economia doméstica não decola e, no exterior, o Brasil toma tombo do Trump
Música de abertura: El pueblo unido jamás será vencido - Inti Illimani
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2. Jair e Luciano Bivar trocam farpas e a família Bolsonaro sinaliza um desembarque do PSL
3. Economia doméstica não decola e, no exterior, o Brasil toma tombo do Trump
Música de abertura: El pueblo unido jamás será vencido - Inti Illimani
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sexta-feira, 4 de outubro de 2019
CurvaDOC 1 - Brasil Atômico
Conheça a história brasileira em busca da autonomia nuclear.
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segunda-feira, 23 de setembro de 2019
CurvaTALKS 06 - Amazônia
A Amazônia: o jardim do quintal. Bora tacar fogo no presidente? Confira esse podcast!
Participação especial: Ariane Bertoli Muscari, geógrafa (Unesp) e professora da rede pública de ensino.
Música tema: Aluga-se - Raul Seixas
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019
Democracia em Vertigem
Neste episódio do CurvaTALKS, iremos, juntamente com o nosso estepe Reynaldo Genares, que não está na Guatemala, conversar sobre o mui aclamado e criticado documentário Democracia em Vertigem.
Iremos relembrar alguns momentos importantes do processo de impeachment e reclamar um pouco da reação ineficaz que fez o partido da base da presidente eleita.
Clica no play aí.
Comente sobre esse episódio nas redes sociais, nas páginas do Diplomatas de Sealand.
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Iremos relembrar alguns momentos importantes do processo de impeachment e reclamar um pouco da reação ineficaz que fez o partido da base da presidente eleita.
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sexta-feira, 13 de setembro de 2019
CurvaCAST 19 - A Vida de Jair
Roteiro para um futuro filme biográfico do Mito.
Música de abertura: Bolso Nada, Francisco El Hombre
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Música de abertura: Bolso Nada, Francisco El Hombre
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quinta-feira, 5 de setembro de 2019
CurvaCAST 18 - Macri, Macron e Zé Cocô
Na Argentina, o projeto neoliberal de Macri derrete e o peronismo ressurge; Macron e Bolsonaro trocam farpas e, no Brasil, já se discute a derrubada do Zé-Cocô.
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segunda-feira, 26 de agosto de 2019
CurvaTALKS 05 - Neoliberalismo
O que é o neoliberalismo? O que come? Como se reproduz?
Nesse episódio, trouxemos da Universidade de São Paulo o Prof. Marcos Cassin para falar sobre esse projeto econômico e político. Este programa é o primeiro de uma série sobre neoliberalismo.
Música de Abertura: Pink Floyd - Pigs (Three Different Ones)
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Nesse episódio, trouxemos da Universidade de São Paulo o Prof. Marcos Cassin para falar sobre esse projeto econômico e político. Este programa é o primeiro de uma série sobre neoliberalismo.
Música de Abertura: Pink Floyd - Pigs (Three Different Ones)
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quarta-feira, 7 de agosto de 2019
Desvalorização Cambial Chinesa: Até que Ponto os Estados Unidos Aguentam?
OPINIÃO DO EDITORIAL DO JORNAL WASHINGTON POST SOBRE A GUERRA COMERCIAL E CAMBIAL CONTRA A CHINA.
Atritos com a China não irão longe. Os Estados Unidos precisam de uma estratégia melhor.
Para onde estão os Estados Unidos guiando seu confronto contra a China, agora que a disputa deixou de ser meramente comercial e se transformou em uma batalha cambial - com desdobramentos perigosos em Hong Kong e Taiwan avultando-se ao fundo?
Por acaso os Estados Unidos têm uma estratégia nessa competição que ora se escala? As ferramentas diplomáticas e militares americanas são adequadas para as sutilezas dos desafios que estão por vir? A ansiedade crescente americana sobre Pequim está criando uma política de pãnico que superestima as ameaças chinesas e subestima a força estadunidense?
Esta "batalha por primazia" contra a China foi o tópico do encontro anual do Aspen Strategy Group, um grupo de ex-secretários de estado, conselheiros de segurança nacional e outros oficiais seniores, suplementados por alguns jornalistas e formadores de opinião, que se juntam durante uma semana desde 1984.
"O consenso de nosso encontro foi que a guerra comercial contra a China é, de longe, o maior desafio da segurança nacional que os Estados Unidos enfrentarão nas próximas décadas", disse Nicholas Burns, um professor de Harvard e ex-subsecretário de estado que serviu como diretor do grupo. O fórum concordou que "a fundação da política americana em relação à China tem de ser a força interna dos Estados Unidos", disse.
Depois de três dias de discussão, era possível notar um grande apoio sobre a visão de outros temas específicos: China se tornou um rival potente na área militar e tecnológica, bem como na influência econômica, e o presidente Trump está certo em adotar uma linha mais dura que seus antecessores nas práticas comerciais bilaterais. Porém, as políticas de Trump têm sido mais uma coleção de táticas mutáveis ao invés de um plano sistemático para lidar com a China -- "têm sido mais uma atitude do que uma estratégia", de acordo com um membro do grupo Aspen.
As tarifas impostas pelo governo americano têm produzido um crescente olho-por-olho durante esta semana, chegando ao ponto máximo de a China deixar o câmbio desvalorizar abruptamente, enquanto os Estados Unidos responderam acusando o governo chinês de ser um manipulador cambial. O ex-secretário do tesouro Lawrence H. Summers, que não é um alarmista usual, avisou segunda-feira em um tweet que "nós podemos estar no momento financeiro mais perigoso desde a Crise Financeira de 2009".
"A raiva pública e frustração em relação à China estão lá, mas a política e a estratégia não estão", disse ao grupo Kevin Rudd, um ex-primeiro-ministro australiano. "No presente momento, vocês não têm estratégia, isto é uma realidade".
O que preocupa o grupo é que a luta econômica de Trump está acontecendo com um pano de fundo de desafios de segurança potencialmente explosivos -- os protestos crescentes em Hong Kong e as eleições em janeiro em Taiwan que Pequim vê como uma província rebelde. Essas duas batalhas políticas trazem um risco de intervenção militar chinesa, a qual os Estados Unidos não estão preparados.
Philip Zelikow, um ex-oficial do Departamento de Estado que leciona na Universidade de Virgínia, advertiu o que ele enxerga como "uma chance em três de haver uma crise de grande porte em Taiwan nos próximos anos". O grupo pondera como os Estados Unidos devem reagir em caso de intervenção chinesa, não importa o quanto ela seja improvável no momento.
As opções militares estadunidenses poderiam ser arriscadas no caso de uma crise em Taiwan. Em mais de uma dúzia de guerras na última década, os relatórios apontam que os Estados Unidos e aliados saíram perdendo. "A força que temos não torna possível a vitória", avisa Chris Brose, ex-diretor de gabinete da Comissão de Serviços Armados do Senado Federal. Em uma confrontação no estreito de Taiwan, "uma força tarefa não duraria um minuto, Okinawa seria um lugar para soldados morrerem".
O grupo concorda que os Estados Unidos devem se preparar para um período longo e dificultoso de competição com a China, que não pode mais ser considerada como uma parceira benigna. "Atrito é o novo normal", disse David Shambaugh, um pesquisador sobre a China que leciona na Universidade George Washington.
Porém, conforme a discussão progride, membros do grupo salientam que o mais importante para os Estados Unidos é não reagir com desproporcionalidade, tanto em Taiwan, quanto em qualquer outra questão, e se lembrar das forças perenes americanas -- se elas são adequadas para resolver os problemas políticos atuais.
As conversas de Aspen não foram um chamado para a corrida armamentista contra a China, mas um chamado para uma política de segurança nacional prudente. China está ganhando peso no balanço de poder, disse o professor Graham Allison, mas os Estados Unidos retêm a balança se mantiver a parceria com aliados como o Japão e a Europa e trazê-los à competição.
Rudd somou-se àqueles que clamaram por uma estratégia clara por parte de Trump neste contexto: "As chances são 50-50", disse ao grupo. "Tudo depende do que vocês irão fazer -- e da confiança em vocês mesmo". É um jogo longo, que requererá os mais preciosos e escassos recursos nos Estados Unidos -- paciência, unidade e decisão.
"A raiva pública e frustração em relação à China estão lá, mas a política e a estratégia não estão", disse ao grupo Kevin Rudd, um ex-primeiro-ministro australiano. "No presente momento, vocês não têm estratégia, isto é uma realidade".
O que preocupa o grupo é que a luta econômica de Trump está acontecendo com um pano de fundo de desafios de segurança potencialmente explosivos -- os protestos crescentes em Hong Kong e as eleições em janeiro em Taiwan que Pequim vê como uma província rebelde. Essas duas batalhas políticas trazem um risco de intervenção militar chinesa, a qual os Estados Unidos não estão preparados.
Philip Zelikow, um ex-oficial do Departamento de Estado que leciona na Universidade de Virgínia, advertiu o que ele enxerga como "uma chance em três de haver uma crise de grande porte em Taiwan nos próximos anos". O grupo pondera como os Estados Unidos devem reagir em caso de intervenção chinesa, não importa o quanto ela seja improvável no momento.
As opções militares estadunidenses poderiam ser arriscadas no caso de uma crise em Taiwan. Em mais de uma dúzia de guerras na última década, os relatórios apontam que os Estados Unidos e aliados saíram perdendo. "A força que temos não torna possível a vitória", avisa Chris Brose, ex-diretor de gabinete da Comissão de Serviços Armados do Senado Federal. Em uma confrontação no estreito de Taiwan, "uma força tarefa não duraria um minuto, Okinawa seria um lugar para soldados morrerem".
O grupo concorda que os Estados Unidos devem se preparar para um período longo e dificultoso de competição com a China, que não pode mais ser considerada como uma parceira benigna. "Atrito é o novo normal", disse David Shambaugh, um pesquisador sobre a China que leciona na Universidade George Washington.
Porém, conforme a discussão progride, membros do grupo salientam que o mais importante para os Estados Unidos é não reagir com desproporcionalidade, tanto em Taiwan, quanto em qualquer outra questão, e se lembrar das forças perenes americanas -- se elas são adequadas para resolver os problemas políticos atuais.
As conversas de Aspen não foram um chamado para a corrida armamentista contra a China, mas um chamado para uma política de segurança nacional prudente. China está ganhando peso no balanço de poder, disse o professor Graham Allison, mas os Estados Unidos retêm a balança se mantiver a parceria com aliados como o Japão e a Europa e trazê-los à competição.
Rudd somou-se àqueles que clamaram por uma estratégia clara por parte de Trump neste contexto: "As chances são 50-50", disse ao grupo. "Tudo depende do que vocês irão fazer -- e da confiança em vocês mesmo". É um jogo longo, que requererá os mais preciosos e escassos recursos nos Estados Unidos -- paciência, unidade e decisão.
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
CurvaCAST 17 - Hacker de Araraquara
Mais uma semana no Reich Tropical. Hoje é dia de falar sobre o comentário deplorável do presidente Jair Bolsonaro com relação à morte do pai do presidente da OAB, pincelar sobre o projeto de Weintraub, o Future-se, e também sobre o aparecimento do Hacker de Araraquara.
Barulho de Abertura: Slayer - Raining Blood
Indicações culturais:
1. Na Rota do Dinheiro Sujo, documentário disponível na Netflix
2. A Professora de Piano, filme de Michael Haneke
3. CurvaTALKS 03 - Tempos de Resistência
4. Tempos de Resistência, livro de Leopoldo Paulino
Esse episódio é dedicado a Emyra Waiãpi, líder indígena da aldeia Mariry assassinado por garimpeiros no último dia 24 de junho.
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Barulho de Abertura: Slayer - Raining Blood
Indicações culturais:
1. Na Rota do Dinheiro Sujo, documentário disponível na Netflix
2. A Professora de Piano, filme de Michael Haneke
3. CurvaTALKS 03 - Tempos de Resistência
4. Tempos de Resistência, livro de Leopoldo Paulino
Esse episódio é dedicado a Emyra Waiãpi, líder indígena da aldeia Mariry assassinado por garimpeiros no último dia 24 de junho.
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segunda-feira, 22 de julho de 2019
Dark, Paradoxo Temporal e Novas Narrativas
Foto: Cartaz da segunda temporada de DARK
As artes cinematográficas passaram por uma crise de narrativa ao longo do início do século XXI. Olhando mais para o passado que para o futuro, as produções giravam mais em torno do objetivo de atender ao sentimento nostálgico do espectador, do que criticar a sociedade ou mesmo levantar questões filosóficas mais básicas. As narrativas se lançavam sob uma ótica eminentemente liberal, com uma hipertrofia do eu-herói, focada no indivíduo central, ao redor do qual toda a história orbitava. O enredo, invariavelmente, caía em alguma variação da jornada do herói, o que marcava a tônica de toda uma escola liberal de cinematografia – o herói era maior do que o problema, mesmo que o problema fosse maior que a sociedade (como normalmente era, no caso dos super-heróis) e o Estado (assim aconteceu, por exemplo, com Harry Potter, no qual o Ministro da Magia vinha pedir o socorro de um indivíduo de quinze anos, ele mesmo, o sr. Harry Potter). A trama era a história de um personagem ou de um grupo de personagens. Vimos ressurgir velhas franquias e novas franquias, muito embora elas se apoiassem em fórmulas antigas.
Conforme a crise econômica foi se aprofundando no cenário mundial, a apatia artística marcante da década de 2000 e início da de 2010 foi dando lugar ao pessimismo, e isso não é necessariamente ruim – ao menos não às Artes -, pois deu espaço a novas temáticas e a um novo período criativo. Esse pessimismo tem muito a ver com o futuro da humanidade, com os limites da exploração tecnológica, e com dilemas morais e éticos que emergem disso tudo. As narrativas deixam paulatinamente de focar em indivíduos para contar a história de uma socialidade – isso, mesmo em dramas históricos, como Chernobyl, também se verifica em The Society e Dark; Stranger Things e The OA olham para alguns dilemas tecnológicos e científicos, mas ainda apresentam uma abordagem de indivíduo, ou de grupo de indivíduos, e a jornada do herói ainda está presente.
A série Dark lançou sua segunda temporada e teve uma boa aceitação junto ao público. Isso não só porque ele lida com o paradoxo temporal e por trazer diversos questionamentos sobre a nossa interpretação de realidade, mas também pela forma como trabalha as personagens e o roteiro. Não se trata, como em De Volta Para o Futuro, de um herói que viaja no tempo e vive uma aventura, mas de uma história de toda uma cidade, cujas vidas se entrelaçam devido ao paradoxo temporal. É uma história sobre Winden, a cidade, a sua briga contra o tempo e sua destruição a partir de dramas orgânicos que instrumentalizam o uso da viagem temporal para fins próprios.
O roteiro se apoia em uma visão coerente do paradoxo temporal, no qual a causa nem sempre precede o efeito, pois o efeito da causa pode ser sentido no passado ou a causa estar no futuro de seu efeito, porém, de maneira absurdamente dialética. O universo de Dark busca coerência narrativa ao longo do tempo, e o tempo é uno, logo, se há um viajante ao passado, ele está lá para fazer exatamente aquilo que faz as coisas serem como são. Isto nos gera uma visão fatalista dos acontecimentos, a qual castraria qualquer vontade de poder do ser humano, afinal, as condições do passado já estariam determinadas pelo futuro e o viajante nada mais poderia fazer a não ser agir para confirmar aquela mesma realidade, uma espécie de Maktub. Logo, viajar para o passado não serviria para nada, a não ser para confirmar o próprio futuro e tudo já estaria meio que escrito nas estrelas.
Eu desconfio, no entanto, que a natureza não estaria muito preocupada com coerência histórica no caso de uma viagem no tempo ser possível. Se um viajante saísse do futuro e voltasse a um passado determinado, ele seria, para o passado, apenas um aglomerado de partículas a mais naquele passado, que poderia agir de forma autônoma, sem compromisso com o futuro. Ele poderia, por exemplo, matar seu pai, para evitar nascer e o máximo que aconteceria seria evitar que ele próprio nascesse de novo e houvesse duas cópias de si, uma mais velha e outra mais nova, perambulando pelo sertão de Goiás - mas ele não sumiria, pois a sua existência já está dada, mesmo que seu passado histórico já não seja o mesmo da linha temporal da História.
Apesar de ser um drama coletivo, Dark ainda não propôs nenhuma solução coletiva - aliás, não apresentou solução nenhuma; pelo contrário, conforme os eventos vão acontecendo, Jonas vai ganhando cada vez mais protagonismo individual. Isso foi relativizado por uma Martha que surgiu do além, depois de sua própria morte, ao final da segunda temporada. A ver como o casal de roteiristas-diretores irão lidar com a problemática do apocalipse e das múltiplas dimensões. Se eles não caírem na tentação de utilizarem a teoria do multiverso como um deus ex machina que resolva tudo, ainda há chances da série terminar tão boa quanto começou.
quinta-feira, 18 de julho de 2019
CURVATALKS 03 - TEMPOS DE RESISTÊNCIA
Nesse episódio, iremos receber a ilustre presença de *Carlos Leopoldo Teixeira Paulino*, autor do livro e documentário homônimo “Tempos de Resistência”. Leopoldo iniciou sua militância no movimento secundarista; em 1966 filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, após o racha do mesmo ano, militou na Dissidência Comunista (DI). Já na Ação Libertadora Nacional (ALN), participou da resistência armada contra a ditadura militar. Preso político, esteve exilado no Chile, na França, Dinamarca, no Panamá e na Argentina Foi preso político pela ditadura de Pinochet em 17 de setembro de 1973. Solto, refigiou-se na Embaixada do Panamá, em Santiago do Chile. De volta ao Brasil, ingressou no Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e foi presidente do Comitê Brasileiro pela Anistia em Ribeirão Preto. Após a redemocratização, Leopoldo foi eleito vereador de Ribeirão Preto por seis mandatos. Atualmente milita na Unidade Popular pelo Socialismo, legenda eleitoral organizada pelo Partido Comunista Revolucionário recentemente legalizada pelo TSE.
Música de abertura: Venceremos, de Quilapayun. Hino da Unidad Popular, coalizão que deu suporte à candidatura e ao governo de Salvador Allende.
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