Neste episódio do CurvaTALKS, iremos, juntamente com o nosso estepe Reynaldo Genares, que não está na Guatemala, conversar sobre o mui aclamado e criticado documentário Democracia em Vertigem.
Iremos relembrar alguns momentos importantes do processo de impeachment e reclamar um pouco da reação ineficaz que fez o partido da base da presidente eleita.
Clica no play aí.
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Depoimento de ex-ministro da cultura pode derrubar Temer
O descaso por parte de Michel Temer com relação a Geddel Vieira Lima, que ocupa a pasta da Casa Civil, tomou proporções que podem levar a sua destituição.
O escândalo começou quando o ex-Ministro da Cultura Marcelo Calero pediu demissão do cargo, afirmando que Geddel havia o pressionado para retirar o parecer da Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que proibia construções em uma região de Salvador, por extrapolar o número máximo de treze andares - a planta previa a construção de 30. A intenção de Geddel era garantir a continuidade das obras, no qual o mesmo havia comprado um apartamento, na planta, no valor de R$ 2,6 milhões de reais.
O ocupante da Casa Civil já havia brigado publicamente contra um banqueiro por causa do apartamento e atuou junto à prefeitura, a partir de ACM Neto (DEM), para que a obra não fosse embargada, mesmo contrariando um parecer individual. Geddel, inclusive, confirmou que havia se encontrado com ACM para tratar do empreendimento.
Houve um pedido de prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados, no entanto a base aliada, que se diz contra a corrupção, não só barrou o pedido, como saiu em defesa do mesmo na tribuna. Jovair Arantes, redator do impeachment da presidente destituída Dilma Rousseff, afirmou que Marcelo Calero havia dado "piti"desnecessário: "Precisa dar piti? Por que a palavra do ex-ministro tem mais força que a de Geddel? É uma conversa natural existente entre políticos. Em qualquer parte do país o político é demandado. O assunto se encerra quando você diz não". Um dia depois, Geddel presenteou os deputados com verbas de emenda (verbas a serem gastas pelos parlamentares em seus redutos eleitorais).
Diante da negativa do Legislativo em esclarecer o caso, parlamentares da resistência protocolaram um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República contra o pecuarista, afirmando que há fortes indícios do cometimento do crime de concussão (isto é, quando um político ou funcionário público exige alguma coisa de seu interesse, utilizando-se de seu cargo como forma de coagir a outra pessoa). De acordo com o ex-ministro, Geddel teria ligado a ele e proferido ameaças: "Então você me fala, Marcelo, se o assunto está equacionado ou não. Não quero ser surpreendido com uma decisão e ter que pedir a cabeça da presidente do Iphan. Se for o caso eu falo até com o presidente da República" [sic]
Mas o escândalo não parou por aí.
Ontem (24), Calero prestou depoimento à Polícia Federal, e, além de sustentar a sua versão anterior, afirmou que o próprio Michel Temer o havia enquadrado, afirmando que, quando ainda era ministro, o ocupante da Presidência o havia procurado, dizendo que o ex-MinC estava causando 'dificuldades institucionais', que Geddel se encontrava 'bastante irritado e pedindo, por fim, uma "saída" para a obra de interesse particular de Geddel; com isso, Michel Temer estaria exercendo crime de advocacia administrativa (quando alguém defende os interesses alheios utilizando do cargo público), bem como crime de responsabilidade.
De acordo com o Blog do Josias, Marcelo Calero entregou áudios de conversas com Temer, Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima como provas de sua denúncia. Para que seja utilizada nos autos, as evidências precisarão ser liberadas pelo Supremo Tribunal Federal. A oposição já afirmou que irá protocolar um pedido de impeachment de Michel Temer.
A situação complica bastante a vida do governo, o qual tenta passar medidas que prejudicam as classes mais pobres da sociedade, tais como a PEC 55, a reforma da previdência e, em especial para irritar aqueles que o apoiaram quando ainda havia o discurso anticorrupção, a anistia aos crimes de caixa dois.
Brasília, 25 de novembro de 2016
terça-feira, 14 de junho de 2016
Nomes dos Deputados Federais que votaram contra a cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética
Demorou, mas o relatório que pede o afastamento de Eduardo Cunha foi aprovado pelo Conselho de Ética. O resultado foi apertado: 11 x 9. Os nomes dos deputados que votaram contra foram:
Alberto Filho (PMDB)
André Fufuca (PP)
Mauro Lopes (PMDB)
Nelson Meurer (PP)
Sérgio Moraes (PTB)
Washington Reis (PMDB)
João Carlos Bacelar (PR)
Laerte Bessa (PR)
Wellington Roberto (PR).
Desses, somente Wellington Roberto e João Carlos Bacelar votaram contra o processo de impeachment.
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Ciro Gomes fala sobre a Crise
A palestra foi ministrada no Seminário Dívida Pública, Desenvolvimento e Soberania Nacional.
terça-feira, 31 de maio de 2016
Coxinha não identificada aparece em transmissão da Rede Globo
Uma misteriosa aparição de uma Coxinha está dando o que falar nas mídias sociais. Veja o vídeo, que impressionante!
https://www.youtube.com/watch?v=LZR_w40niZQ
O que seria essa Coxinha? Um eleitor do Aécio? Um telespectador da rede globo? Um ministro do gabinete de Michel Temer? Não percam as próximas notícias, porque o final Você Decide.
https://www.youtube.com/watch?v=LZR_w40niZQ
O que seria essa Coxinha? Um eleitor do Aécio? Um telespectador da rede globo? Um ministro do gabinete de Michel Temer? Não percam as próximas notícias, porque o final Você Decide.
Escracho à Rede Globo
Pernambuco, 30 de maio de 2016.
Finda uma gargalhada intensa, após tomar fôlego, resolvi compartilhar um vídeo sobre a cobertura ao vivo da passagem da tocha olímpica por Caruaru, onde manifestantes esculacharam a Rede Globo pedindo "Fora Temer". O repórter tentou disfarçar, mas não deu muito (nem um pouco) certo.
Rede Globo, que papel mais ridículo você está se prestando ao tentar encobrir o óbvio... Seu império está ruindo por causa disso e você nem está percebendo.
Finda uma gargalhada intensa, após tomar fôlego, resolvi compartilhar um vídeo sobre a cobertura ao vivo da passagem da tocha olímpica por Caruaru, onde manifestantes esculacharam a Rede Globo pedindo "Fora Temer". O repórter tentou disfarçar, mas não deu muito (nem um pouco) certo.
Rede Globo, que papel mais ridículo você está se prestando ao tentar encobrir o óbvio... Seu império está ruindo por causa disso e você nem está percebendo.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Áudio de Romero Jucá com Sérgio Machado e a tese do golpe
Os vazamentos políticos têm sido quase um fato cotidiano para o povo brasileiro. Em geral, tais vazamentos são seletivos e enfraquecem nitidamente a posição do governo de Dilma Rousseff. Contrariando a maré, hoje veio a público um áudio revelador de Romero Jucá conversando com Sérgio Machado, antes do processo de impeachment passar pela Câmara dos Deputados. Quem disponibilizou a conversa foi a Folha de São Paulo.
Durante a conversa, o dirigente da Transpetro tratou sobre a derrubada da presidente e afirmou que a melhor saída [para eles, e não para o Brasil] seria Michel Temer assumir o poder. Leia os trechos e a análise:
SÉRGIO MACHADO - Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.
Jucá - Seletiva, mas vai fazer.
Machado - A Camargo vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.
Jucá - [inaudível]
Machado - Hum?
Jucá - Mas como é que está sua situação?
Machado - Minha situação não tem nada, não pegou nada, mas ele quer jogar tudo pro Moro. Como não tem nada e como eu estou desligado...
[Não tem nada significa que não conseguiram nenhuma evidência incriminadora, e não que Machado é inocente]
Jucá - É, não tem conexão né...
Machado - Não tem conexão, aí joga pro Moro. Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu "desça"? Se eu descer...
[Machado cita o Moro e faz uma ameaça bem sutil a Jucá - se ele descer, graças à "tortura judiciária" ao qual as pessoas que ficam encarceiradas por tempo indeterminado, Machado iria abrir a boca. Significa dizer que se ele se der mal, está apto a levar todo mundo junto. A tal "estrutura" que sugestiona, como veremos a seguir, trata-se de colocar Michel Temer no poder]
Jucá - O que que você acha? Como é que voc...
Machado - Eu queria discutir com vocês. Eu cheguei a essa conclusão essa semana. Ele acha que eu sou o caixa de vocês, o Janot. Janot não vale "cibazol" [algo sem valor]. Quem esperar que ele vai ser amigo, não vai... [...] E ele está visando o Renan e vocês. E acha que eu sou o canal. Não encontrou nada, não tem nada.
[Não é difícil inferir aqui que Janot é conhecido de Machado e Jucá. Quando o interlocutor diz que este não vale nada, infere-se que seja sua "lealdade" com relação a eles]
Jucá - Nem vai encontrar, né, Sérgio.
[Olha a preocupação do Romero Jucá em ser pego com as calças na mão...]
Machado - Não encontrou nada, não tem nada, mas acha... O que é que faz? Como tem aquela delação do Paulo Roberto dos 500 mil e tem a delação do Ricardo, que é uma coisa solta, ele quer pegar essas duas coisas. 'Não tem nada contra os senadores, joga ele para baixo' [Curitiba]. Tem que encontrar uma maneira...
["Não tem nada" é sinônimo de "eu fiz tudo direito"]
Jucá - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[essa porra = Lava Jato. Bom... de acordo com Jucá, essa porra significa o desemprego...]
[Quando essa afirmação veio a público, pela manhã, veio descontextualizada, somente textos soltos. Jucá se defendeu perante a imprensa de que a "sangria" a qual falava seria a economia. Agora, com a devida contextualização, percebemos que se trata da Lava Jato mesmo]
Machado - Tem que ser uma coisa política e rápida. Eu acho que ele está querendo... o PMDB. Prende, e bota lá embaixo. Imaginou?
Jucá - Você conversou com o Renan?
Machado - Não, quis primeiro conversar contigo porque tu é o mais sensato de todos.
Jucá - Eu acho que a gente precisa articular uma ação política.
[ação política= tirar a Dilma do poder de alguma forma para abafar o caso]
Machado -...quis conversar primeiro contigo, que tenho maior intimidade. Depois eu quero conversar com Sarney e o Renan, com vocês três. [...] Eu estou convencido, com essa sinalização que conseguiu do Eduardo [incompreensível]. Desvincula do Renan.
Jucá - Mas esse negócio do Eduardo está atacando [incompreensível].
Machado - Mas ele [Janot] está querendo pegar vocês, tenho certeza absoluta.
Jucá - Não tem duas dúvidas.
Machado - Não, tenho certeza absoluta. E ele não vale um 'cibazol'. É um cara raivoso, rancoroso e etc. Então como é que ele age? Como não encontrou nada nem vai encontrar. [inaudível]
Jucá - O Moro virou uma 'Torre de Londres'.
Machado - Torre de Londres.
Jucá - Mandava o coitado pra lá para o cara confessar.
Machado - Pro cara confessar. Então a gente tem que agir como [incompreensível] e pensar numa fórmula para encontrar uma solução para isso.
Jucá - Converse com ele [Renan], converse com o Sarney, ouça eles, e vamos sentar pra gente...
Machado - Isso, Romero, o que eu acho primeiro: que é bom pra gente.
[...]
[Sarney estava a favor do governo em 2015; no dia 11 de abril, perto da data dessa conversa, declarou estar em cima do muro. No final das contas, votou a favor do impedimento]
*
Segundo trecho
Jucá - Eu acho que você deveria procurar o Sarney, devia procurar o Renan,e a gente voltar a conversar depois. [incompreensível] 'como é que é'.
Machado - É porque... Se descer, Romero, não dá.
Jucá - Não é um desastre porque não tem nada a ver. Mas é um desgaste, porque você, pô, vai ficar exposto de uma forma sem necessidade. [...]
Machado - O Marcelo, o dono do Brasil, está preso há um ano. Sacanagem com Marcelo, rapaz, nunca vi coisa igual. Sacanagem com aquele André Esteves, nunca vi coisa igual.
Jucá - Rapaz... [concordando]
Machado - Outra coisa. A frouxidão de vocês em prender o Delcídio foi um negócio inacreditável. [O Senado concordou com prisão decretada pelo STF]
Jucá - Sim, pô, não adianta soltar o Delcidio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dentro do plenário?
Machado - Mas o cara não foi preso em flagrante, tem que respeitar a lei. Respeito à lei, a lei diz clara...
Jucá - Pô, pois então. Ali não teve jeito não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o Rui, a imprensa toda, os caras não seguraram, não.
Machado - Eu sei disso, foi uma cagada.
Jucá - Foi uma cagada geral.
Machado - Foi uma cagada geral. Foi uma cagada o Supremo fazer o que fez com o negócio de prender em segunda instância, isso é absurdo total que não que não dá interpretar, e ninguém fez nada. Ninguém fez ADIN, ninguém se questionou. Isso aí é para precipitar as delações. Romero, esquentou as delações, não escapa pedra...
Jucá - [incompreensível] no Brasil.
Machado - Não escapa pedra sobre pedra.
[incompreensível]
Machado - Eu estou com todos os certificados do TCU, agora me deram, não devo nada, zero. E isso adianta alguma coisa? Então estou preocupado.
Jucá - Não, tem que cuidar mesmo.
Machado - Eu estou preocupado porque estou vendo que esse negócio da filha do Eduardo, da mulher, foi uma advertência para mim. E das histórias que estou sabendo, o interesse é pegar vocês. Nós. E o Renan, sobretudo.
Jucá - Não, o alvo na fila é o Renan. Depois do Eduardo Cunha... É o Eduardo Cunha, a Dilma, e depois é o Renan.
Machado - E ele [Janot] não tem nada. Se ele tivesse alguma coisa, ele ia me manter aqui em cima, para poder me forçar aqui em cima, porque ele não vai dar esse troféu pro Moro. Como ele não tem nada, ele quer ver se o Moro arranca...
Jucá -...para subir de novo.
Machado -...para poder subir de novo. É esse o esquema. Agora, como fazer? Porque arranjar uma imunidade não tem como, não tem como. A gente tem que ter a saída porque é um perigo. E essa porra... A solução institucional demora ainda algum tempo, não acha?
Jucá - Tem que demorar três ou quatro meses no máximo. O país não aguenta mais do que isso, não.
Machado - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.
Jucá - [concordando] Só o Renan que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá - Com o Supremo, com tudo.
Machado - Com tudo, aí parava tudo.
Jucá - É. Delimitava onde está, pronto.
[uma pausa para respirar: um acordo nacional,com o Supremo, com tudo? Significa então que o impeachment é uma forma de obstruir a justiça? O Grande Conciliador Golpista-Mor entraria em cena para conciliar os corruptos do legislativo com o judiciário e pôr fim à Operação?]
Machado - Parava tudo. Ou faz isso... Você viu a pesquisa de ontem que deu o Moro com 18% para a Presidência da República?
Jucá - Não vi, não. O Moro?
Machado - É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma...
Jucá - Não, esquece. Nenhum político desse tradicional não ganha eleição, não.
Machado - O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...
Jucá - É, a gente viveu tudo.
[Que esquema, Aécio?]
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Ou seja, meus caros, o Romero Jucá conseguiu o apoio do Supremo Tribunal Federal e dos generais das Forças Armadas para tirar a Dilma Rousseff do poder, no intuito de estancar a Lava Jato - e não porque pedaladas fiscais são crimes de responsabilidade. Ou seja, adotarei permanentemente e sem ressalvas a partir de agora que esse impeachment foi indubitavelmente um golpe de estado.
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O que acontecerá depois da revelação desse áudio?
Primeiramente, a Globo já pediu a cabeça, em editorial, de Romero Jucá, e esse obedeceu. Certamente que esse golpe de estado é muito mais do que simplesmente uma tentativa de abafar a Lava Jato: soma-se a isso aos interesses da FIESP, dos empresários, das petrolíferas americanas e a sanha de poder de Michel Temer (no afã de deixar de ser decorativo: porém, decorativo ele sempre será, quem governa agora é o Eduardo Cunha, como o próprio Renan bem sabe) e do PSDB que, como Jucá nos revelou, não ganha nenhuma eleição mais -- nenhum desses políticos tradicionais ganharão. Além disso, a Globo se vê numa situação pouco favorável no governo petista, vendo suas verbas publicitárias diminuírem proporcionalmente com relação aos outros canais de comunicação, conjugado com a sonegação de impostos sem anistia e com a queda natural e perene de sua audiência, graças à internet. Por fim, tem-se o "anti-bolivarianismo", uma ideia sem pé nem cabeça que ataca a administração do PT por supostamente querer instaurar um regime comunista aqui no país (risos...)
Michel Temer irá lançar seu programa de maldades econômicas, com atenuantes, mas terá mais cautela para não macular sua frágil administração. Irá tentar esperar um pouco antes de fazer cortes sociais. Alguns partidos da base aliada irão retirar o alinhamento automático, e terão posturas mais "independentes" - isso supostamente desvincularia a imagem do partido com a ideia do golpe e daria maior poder de barganha para chantagear o Decorativo, que ficará ainda mais decorativo.
Porém, a parte mais radical que apoiou o golpe vai querer que o governo promova as medidas contra as minorias e Temer vai se ver num dilema: ou devolve o poder para Dilma, ou joga o jogo. As manifestações vão ficar maiores e vai chegar ao ponto de ter que usar a força - o Estado Policial já está começando a existir, como podemos notar com o cerco que fizeram ao Palácio do Planalto. O Decorativo vai esperar chegar 1º de janeiro de 2017 para renunciar, evitando assim as eleições diretas. O próximo que sobe governará com mãos de ferro e a população sofrerá. Chegará 2018, ganhará Ciro Gomes.
Durante a conversa, o dirigente da Transpetro tratou sobre a derrubada da presidente e afirmou que a melhor saída [para eles, e não para o Brasil] seria Michel Temer assumir o poder. Leia os trechos e a análise:
SÉRGIO MACHADO - Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.
ROMERO JUCÁ - Eu ontem fui muito claro. [...] Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?
MACHADO - Agora, ele acordou a militância do PT.
JUCÁ - Sim.
MACHADO - Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.
[Eles já sabiam que ao acordar a militância, seria meio complicado os empresários ganharem a briga tendo o Lula como interlocutor]
JUCÁ - Eu acho que...
MACHADO - Tem que ter um impeachment.
JUCÁ - Tem que ter impeachment. Não tem saída.
MACHADO - E quem segurar, segura.
JUCÁ - Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente.
MACHADO - Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.
JUCÁ - Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.
MACHADO - Odebrecht vai fazer.
JUCÁ - Seletiva, mas vai fazer.
MACHADO - Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.
[...]
JUCÁ - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[...]
MACHADO - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ - Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ - Com o Supremo, com tudo.
MACHADO - Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ - É. Delimitava onde está, pronto.
[...]
MACHADO - O Renan [Calheiros] é totalmente 'voador'. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não.
JUCÁ - Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem.
*
MACHADO - A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado...
JUCÁ - Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com...
[Legal essa ironização de político não corrupto, como se isso fosse impossível. Francamente, isso só incrimina mais ainda Romero Jucá]
MACHADO - Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ - Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
MACHADO - Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?
JUCÁ - Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
[...]
MACHADO - O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.
JUCÁ - Todos, porra. E vão pegando e vão...
MACHADO - [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.
JUCÁ - Não, veja, eu estou a disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar.
MACHADO - Porque se a gente não tiver saída... Porque não tem muito tempo.
JUCÁ - Não, o tempo é emergencial.
MACHADO - É emergencial, então preciso ter uma conversa emergencial com vocês.
JUCÁ - Vá atrás. Eu acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? [...] Eu acho que você deve procurar o [ex-senador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.
MACHADO - Acha que não pode ter reunião a três?
JUCÁ - Não pode. Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver. Os caras já enxergam outra coisa que não é... Depois a gente conversa os três sem você.
MACHADO - Eu acho o seguinte: se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.
***
JUCÁ - [Em voz baixa] Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
[Essa é a parte mais chocante do áudio: o cara influencia o Supremo e conversa com os generais! Tem outro nome isso a não ser golpe???]
MACHADO - Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito. [referência possível ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva ele para depor no caso da Lava jato]
JUCÁ - Os caras fizeram para poder inviabilizar ele de ir para um ministério. Agora vira obstrução da Justiça, não está deixando o cara, entendeu? Foi um ato violento...
MACHADO -...E burro [...] Tem que ter uma paz, um...
JUCÁ - Eu acho que tem que ter um pacto.
[...]
MACHADO - Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém.
JUCÁ - Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara... Burocrata da... Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça].
Romero Jucá - Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo, e a Odebrecht, vão fazer.
Machado - Odebrecht vai fazer.Jucá - Seletiva, mas vai fazer.
Machado - A Camargo vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.
Jucá - [inaudível]
Machado - Hum?
Jucá - Mas como é que está sua situação?
Machado - Minha situação não tem nada, não pegou nada, mas ele quer jogar tudo pro Moro. Como não tem nada e como eu estou desligado...
[Não tem nada significa que não conseguiram nenhuma evidência incriminadora, e não que Machado é inocente]
Jucá - É, não tem conexão né...
Machado - Não tem conexão, aí joga pro Moro. Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu "desça"? Se eu descer...
[Machado cita o Moro e faz uma ameaça bem sutil a Jucá - se ele descer, graças à "tortura judiciária" ao qual as pessoas que ficam encarceiradas por tempo indeterminado, Machado iria abrir a boca. Significa dizer que se ele se der mal, está apto a levar todo mundo junto. A tal "estrutura" que sugestiona, como veremos a seguir, trata-se de colocar Michel Temer no poder]
Jucá - O que que você acha? Como é que voc...
Machado - Eu queria discutir com vocês. Eu cheguei a essa conclusão essa semana. Ele acha que eu sou o caixa de vocês, o Janot. Janot não vale "cibazol" [algo sem valor]. Quem esperar que ele vai ser amigo, não vai... [...] E ele está visando o Renan e vocês. E acha que eu sou o canal. Não encontrou nada, não tem nada.
[Não é difícil inferir aqui que Janot é conhecido de Machado e Jucá. Quando o interlocutor diz que este não vale nada, infere-se que seja sua "lealdade" com relação a eles]
Jucá - Nem vai encontrar, né, Sérgio.
[Olha a preocupação do Romero Jucá em ser pego com as calças na mão...]
Machado - Não encontrou nada, não tem nada, mas acha... O que é que faz? Como tem aquela delação do Paulo Roberto dos 500 mil e tem a delação do Ricardo, que é uma coisa solta, ele quer pegar essas duas coisas. 'Não tem nada contra os senadores, joga ele para baixo' [Curitiba]. Tem que encontrar uma maneira...
["Não tem nada" é sinônimo de "eu fiz tudo direito"]
Jucá - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[essa porra = Lava Jato. Bom... de acordo com Jucá, essa porra significa o desemprego...]
[Quando essa afirmação veio a público, pela manhã, veio descontextualizada, somente textos soltos. Jucá se defendeu perante a imprensa de que a "sangria" a qual falava seria a economia. Agora, com a devida contextualização, percebemos que se trata da Lava Jato mesmo]
Machado - Tem que ser uma coisa política e rápida. Eu acho que ele está querendo... o PMDB. Prende, e bota lá embaixo. Imaginou?
Jucá - Você conversou com o Renan?
Machado - Não, quis primeiro conversar contigo porque tu é o mais sensato de todos.
Jucá - Eu acho que a gente precisa articular uma ação política.
[ação política= tirar a Dilma do poder de alguma forma para abafar o caso]
Machado -...quis conversar primeiro contigo, que tenho maior intimidade. Depois eu quero conversar com Sarney e o Renan, com vocês três. [...] Eu estou convencido, com essa sinalização que conseguiu do Eduardo [incompreensível]. Desvincula do Renan.
Jucá - Mas esse negócio do Eduardo está atacando [incompreensível].
Machado - Mas ele [Janot] está querendo pegar vocês, tenho certeza absoluta.
Jucá - Não tem duas dúvidas.
Machado - Não, tenho certeza absoluta. E ele não vale um 'cibazol'. É um cara raivoso, rancoroso e etc. Então como é que ele age? Como não encontrou nada nem vai encontrar. [inaudível]
Jucá - O Moro virou uma 'Torre de Londres'.
Machado - Torre de Londres.
Jucá - Mandava o coitado pra lá para o cara confessar.
Machado - Pro cara confessar. Então a gente tem que agir como [incompreensível] e pensar numa fórmula para encontrar uma solução para isso.
Jucá - Converse com ele [Renan], converse com o Sarney, ouça eles, e vamos sentar pra gente...
Machado - Isso, Romero, o que eu acho primeiro: que é bom pra gente.
[...]
[Sarney estava a favor do governo em 2015; no dia 11 de abril, perto da data dessa conversa, declarou estar em cima do muro. No final das contas, votou a favor do impedimento]
*
Segundo trecho
Jucá - Eu acho que você deveria procurar o Sarney, devia procurar o Renan,e a gente voltar a conversar depois. [incompreensível] 'como é que é'.
Machado - É porque... Se descer, Romero, não dá.
Jucá - Não é um desastre porque não tem nada a ver. Mas é um desgaste, porque você, pô, vai ficar exposto de uma forma sem necessidade. [...]
Machado - O Marcelo, o dono do Brasil, está preso há um ano. Sacanagem com Marcelo, rapaz, nunca vi coisa igual. Sacanagem com aquele André Esteves, nunca vi coisa igual.
Jucá - Rapaz... [concordando]
Machado - Outra coisa. A frouxidão de vocês em prender o Delcídio foi um negócio inacreditável. [O Senado concordou com prisão decretada pelo STF]
Jucá - Sim, pô, não adianta soltar o Delcidio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dentro do plenário?
Machado - Mas o cara não foi preso em flagrante, tem que respeitar a lei. Respeito à lei, a lei diz clara...
Jucá - Pô, pois então. Ali não teve jeito não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o Rui, a imprensa toda, os caras não seguraram, não.
Machado - Eu sei disso, foi uma cagada.
Jucá - Foi uma cagada geral.
Machado - Foi uma cagada geral. Foi uma cagada o Supremo fazer o que fez com o negócio de prender em segunda instância, isso é absurdo total que não que não dá interpretar, e ninguém fez nada. Ninguém fez ADIN, ninguém se questionou. Isso aí é para precipitar as delações. Romero, esquentou as delações, não escapa pedra...
Jucá - [incompreensível] no Brasil.
Machado - Não escapa pedra sobre pedra.
[incompreensível]
Machado - Eu estou com todos os certificados do TCU, agora me deram, não devo nada, zero. E isso adianta alguma coisa? Então estou preocupado.
Jucá - Não, tem que cuidar mesmo.
Machado - Eu estou preocupado porque estou vendo que esse negócio da filha do Eduardo, da mulher, foi uma advertência para mim. E das histórias que estou sabendo, o interesse é pegar vocês. Nós. E o Renan, sobretudo.
Jucá - Não, o alvo na fila é o Renan. Depois do Eduardo Cunha... É o Eduardo Cunha, a Dilma, e depois é o Renan.
Machado - E ele [Janot] não tem nada. Se ele tivesse alguma coisa, ele ia me manter aqui em cima, para poder me forçar aqui em cima, porque ele não vai dar esse troféu pro Moro. Como ele não tem nada, ele quer ver se o Moro arranca...
Jucá -...para subir de novo.
Machado -...para poder subir de novo. É esse o esquema. Agora, como fazer? Porque arranjar uma imunidade não tem como, não tem como. A gente tem que ter a saída porque é um perigo. E essa porra... A solução institucional demora ainda algum tempo, não acha?
Jucá - Tem que demorar três ou quatro meses no máximo. O país não aguenta mais do que isso, não.
Machado - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.
Jucá - [concordando] Só o Renan que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá - Com o Supremo, com tudo.
Machado - Com tudo, aí parava tudo.
Jucá - É. Delimitava onde está, pronto.
[uma pausa para respirar: um acordo nacional,com o Supremo, com tudo? Significa então que o impeachment é uma forma de obstruir a justiça? O Grande Conciliador Golpista-Mor entraria em cena para conciliar os corruptos do legislativo com o judiciário e pôr fim à Operação?]
Machado - Parava tudo. Ou faz isso... Você viu a pesquisa de ontem que deu o Moro com 18% para a Presidência da República?
Jucá - Não vi, não. O Moro?
Machado - É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma...
Jucá - Não, esquece. Nenhum político desse tradicional não ganha eleição, não.
Machado - O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...
Jucá - É, a gente viveu tudo.
[Que esquema, Aécio?]
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Ou seja, meus caros, o Romero Jucá conseguiu o apoio do Supremo Tribunal Federal e dos generais das Forças Armadas para tirar a Dilma Rousseff do poder, no intuito de estancar a Lava Jato - e não porque pedaladas fiscais são crimes de responsabilidade. Ou seja, adotarei permanentemente e sem ressalvas a partir de agora que esse impeachment foi indubitavelmente um golpe de estado.
------
O que acontecerá depois da revelação desse áudio?
Primeiramente, a Globo já pediu a cabeça, em editorial, de Romero Jucá, e esse obedeceu. Certamente que esse golpe de estado é muito mais do que simplesmente uma tentativa de abafar a Lava Jato: soma-se a isso aos interesses da FIESP, dos empresários, das petrolíferas americanas e a sanha de poder de Michel Temer (no afã de deixar de ser decorativo: porém, decorativo ele sempre será, quem governa agora é o Eduardo Cunha, como o próprio Renan bem sabe) e do PSDB que, como Jucá nos revelou, não ganha nenhuma eleição mais -- nenhum desses políticos tradicionais ganharão. Além disso, a Globo se vê numa situação pouco favorável no governo petista, vendo suas verbas publicitárias diminuírem proporcionalmente com relação aos outros canais de comunicação, conjugado com a sonegação de impostos sem anistia e com a queda natural e perene de sua audiência, graças à internet. Por fim, tem-se o "anti-bolivarianismo", uma ideia sem pé nem cabeça que ataca a administração do PT por supostamente querer instaurar um regime comunista aqui no país (risos...)
Michel Temer irá lançar seu programa de maldades econômicas, com atenuantes, mas terá mais cautela para não macular sua frágil administração. Irá tentar esperar um pouco antes de fazer cortes sociais. Alguns partidos da base aliada irão retirar o alinhamento automático, e terão posturas mais "independentes" - isso supostamente desvincularia a imagem do partido com a ideia do golpe e daria maior poder de barganha para chantagear o Decorativo, que ficará ainda mais decorativo.
Porém, a parte mais radical que apoiou o golpe vai querer que o governo promova as medidas contra as minorias e Temer vai se ver num dilema: ou devolve o poder para Dilma, ou joga o jogo. As manifestações vão ficar maiores e vai chegar ao ponto de ter que usar a força - o Estado Policial já está começando a existir, como podemos notar com o cerco que fizeram ao Palácio do Planalto. O Decorativo vai esperar chegar 1º de janeiro de 2017 para renunciar, evitando assim as eleições diretas. O próximo que sobe governará com mãos de ferro e a população sofrerá. Chegará 2018, ganhará Ciro Gomes.
domingo, 22 de maio de 2016
Artigo de Celso Amorim na Folha de São Paulo sobre Serra
Leia trechos do artigo do diplomata Celso Amorim na Folha:
"Em suas primeiras ações, o novo chanceler disse a que veio: com palavras incomumente duras, que fazem lembrar os comunicados do tempo da ditadura, como a acusação de que governos de países da nossa região estariam empenhados em "propagar falsidades", as notas divulgadas (aliás, estranhamente atribuídas ao Ministério das Relações Exteriores e não ao governo brasileiro, como de praxe, com o intuito provável de enfatizar a autoria) atacam governos de países amigos do Brasil, ameaçam veladamente o corte da cooperação técnica a uma pequena nação pobre da América Central e acusam o secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), um ex-presidente colombiano, eleito pela unanimidade dos membros que constituem a organização, de extrapolar suas funções.
Um misto de prepotência e de arrogância pode ser lido nas entrelinhas, como se o Brasil fosse diferente e melhor do que nossos irmãos latino-americanos.
Talvez, por prudência (ou temor do sócio maior dessa entidade), as notas evitaram palavras equivalentes sobre a OEA (Organização dos Estados Americanos), a despeito das expressões críticas do seu secretário-geral e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Até o momento, eximiu-se de manifestar-se sobre as preocupações expressadas pela pequena, mas altiva Costa Rica, insuspeita de bolivarianismo.
Mas o que mais preocupa é o afã em diferenciar-se de governos anteriores, acusados de ação partidária, como se esta só existisse na esquerda do espectro político. Quando o partido é de direita, e as opções seguem a cartilha do neoliberalismo, não haveria partidarismo. Tratar-se-ia de políticas de Estado.
Há muito que "especialistas", cujos discursos são ecoados pela grande mídia, acusam de "partidária" a política externa dos governos Lula e Dilma, esquecendo-se que muitas de suas iniciativas foram objeto de respeito e admiração pelo mundo afora, como a própria Unasul —aparentemente desprezada pelos ocupantes atuais do poder— os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; sem os quais não teria havido a primeira reforma real, ainda que modesta, do sistema de cotas do FMI e do Banco Mundial) e o G-20 da OMC (Organização Mundial do Comércio), que mudou de forma definitiva o padrão das negociações em nível global.
Ao mesmo tempo, busca-se derreter o Mercosul, retirando-lhe seu "coração", a União Aduaneira (para tomar emprestado uma metáfora do presidente Tabaré Vasquez).
Em matéria comercial, o afã em aderir a mega-acordos regionais do tipo do TPP (a Parceria Transpacífico ) denota total ignorância das cláusulas, que cerceiam possibilidades de políticas soberanas (no campo industrial, ambiental e de saúde, entre outros).
Chega a ser espantoso que alguém que se bateu, com coragem e firmeza, pelo direito de usar licenças compulsórias para garantir a produção de genéricos, não esteja informado da existência de cláusulas, intituladas enganosamente de Trips plus (na verdade, do nosso ponto de vista, seriam Trips minus), que, de forma mais ou menos disfarçada, reduzem a latitude para o uso de tais medidas, no momento em que comissões de alto nível criadas pelo secretário-geral da ONU alertam para o risco de debilitar a Declaração de Doha sobre Propriedade Intelectual e Saúde, consagrada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, aprovada pelos chefes de Estado na 20ª Assembleia Geral da ONU.
A África, de onde provém metade da população brasileira e onde os negócios do Brasil cresceram exponencialmente —sem falar na importância estratégica do continente africano para a segurança do Atlântico Sul- ficará em segundo plano, sob a ótica de um pragmatismo imediatista. Sobre os Brics, o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), as relações com os árabes, uma menção en passant. Esqueça-se a multipolaridade, viva a hegemonia unipolar do pós-Guerra Fria. Nada de atitudes independentes.
A Declaração de Teerã, por meio da qual o Brasil, com a Turquia (e a pedido reiterado do presidente Barack Obama, diga-se de passagem) mostrou que uma solução negociada era possível, completou seis anos, no dia 17 de maio. Na época, foi exaltada por especialistas das mais variadas partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos. Porém causou horror aos defensores do bom-mocismo medíocre em nosso país.
Mas as elites não terão mais nada a temer. Nenhuma atitude desassombrada desse tipo voltará a ser tomada. O Brasil voltará ao cantinho pequeno de onde nunca deveria ter saído.
sábado, 21 de maio de 2016
Políticas de um governo ilegítimo #5
O governador interino resolveu recriar o Ministério da Cultura, após várias manifestações no país todo. A meia-volta foi grandemente influenciada pela indignação dos artistas em geral, o que poderia funcionar como um catalisador da insatisfação popular do governo ilegítimo; no entanto, apesar de as manifestações dos artistas terem tido maior peso, as populares ganham confiança e pode trazer mais dores de cabeça ao mandatário de facto. Michel Temer parece ser muito fã da Metamorfose Ambulante de Raul Seixas - adora desdizer aquilo que ele disse antes. O novo ministro de facto será Marcelo Calero, que ocuparia o Puxadinho da Cultura no MEC, após várias negações por parte de artistas mulheres. Os prédios seguem ocupados.
Caetano Veloso cantou ao lado de Erasmo Carlos contra o golpe e contra o fechamento do Ministério da Cultura no Palácio da Capanema. Não discursou, porém, evocou os fantasmas da ditadura com as músicas escolhidas para a manifestação. Em Odeio, a plateia adaptou a letra para colocar o nome de Temer antes do refrão. Essa letra já havia sido adaptada quando de um show conjunto com Gilberto Gil, mas o alvo era Eduardo Cunha. Quando cantou Tieta, a galera gritou"Eta, Eta, Eta, Eta, Eduardo Cunha quer controlar minha buceta".
[Odeio Temer]
[Eta Eduardo Cunha]
Caetano já havia participado de shows que acabaram sendo contagiados pelo clima político. No último dia 18, o cantor tocou junto com Elza Soares, no mesmo dia da grande manifestação pró-democracia. Muitos cantaram junto com Elza "não vai ter golpe" - a baiana pediu para os fãs lutarem pela democracia; o baiano, em silêncio, sorriu.
Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine, saudou o MST no dia 20 durante a cerimônia do prêmio Chaplin, destacando o movimento como inspiração de luta e de poder popular. O músico criticou o golpe de estado nas mídias sociais e depois cantou com artistas americanos e do MST, que você pode ver no vídeo abaixo:
[video tom morello + MST]
A TV Brasil desistiu de cobrir o show de Mano Brown no dia de hoje (21), talvez por medo de manifestações políticas contra o Sem-Pescoço. Durante um show do Carlinhos Brown, houve gritos de "fora Temer" captados pela estatal, que agora está no comando de Laerte Rimoli, depois de o interino ter exonerado ilegalmente o ex-presidente Ricardo Melo.
Na Virada Cultural de São Paulo, o show de Ney Matogrosso foi marcado por coros de protesto contra Michel Temer.
Enquanto isso, acontece o Grito da Liberdade, reunindo artistas, intelectuais e lideranças sociais, que tem como intuito criar consensos sobre a oposição ao governo interino. Em um ato emblemático, o escritor Fernando Morais rasgou sua ficha de filiação ao PMDB em público. O jornalista Audálio Dantas também se desfiliou.
Maradona vestiu a camiseta da seleção com o nome Lula e o número 18, fazendo referência às próximas eleições presidenciais. As fotos foram postadas nas mídias sociais com a legenda "Um soldado de Lula e Dilma".
The Economist lançou um editorial falando sobre a crise no Partido dos Trabalhadores. Fazendo uma análise realista de direita, criticou o governo Temer, afirmando: "In naming a cabinet composed purely of white men, he is taking Brazil back to the early 1980". O jornal fez um balanço sobre a contradição enfrentada pelo PT e ainda afirmou que a crise política pode trazer o partido de volta à tona.
No dia 15, o Decorativo mandou avisar que iria aumentar o PIS e o Cofins. Com a medida, as mensalidades em faculdades e universidades privadas podem aumentar em até 6,5%, podendo diminuir em 13% a demanda pelo ensino superior pago, conforme estudo de impacto pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação)
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quarta-feira, 18 de maio de 2016
Políticas do governo ilegítimo #3

Mesmo estando CARECA de saber a quais autoridades se destina, o Chanceler do Golpe aprovou passaporte diplomático para o pastor Samuel Castro Ferreira, da Assembleia de Deus. Para refrescar a memória, a Assembleia é a mesma igreja que foi utilizada por Eduardo Cunha para receber propina, de acordo com denúncia do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Samuel é o responsável pela igreja perante a Receita Federal.
A Prof.ª Flávia Piovesan, da PUC, aceitou o cargo de Secretária dos Direitos Humanos da República das Bananas. O Centro Acadêmico 22 de Agosto repudiou a conduta da docente. Trata-se da primeira mulher a aceitar um cargo de segundo escalão no governo golpista.
Bruna Lombardi rejeitou o convite de Marta Vasconcellos (PMDB) para ocupar o Puxadinho Nacional da Cultura. A atriz deu uma resposta muito educada, afirmando que não tinha pretensões políticas e estava totalmente envolvida com seus projetos profissionais. O medo agora é que a pasta vá parar na mão da própria Marta...
Teve até coralzinho cantando uma versão moderna de Händel, na ocupação dos prédios do Ministério de Cultura. A letra combinou...
O Senador Zezé Perrella, dono do helicoca, falou em entrevista para a BBC no dia 14 que Dilma foi afastada não pelas pedaladas fiscais, mas pelas "vozes das ruas". E ainda ameaçou Temer: se ele não cuidar bem do Senado, ela volta.
O Desenvolvimento Social e Agrário revogou 35 mil moradias do Minha Casa Minha Vida, apesar de o Decorativo ter prometido não mexer nas medidas sociais. Foram duas portarias revogadas, a 178 e a 180.
O "MEC" suspendeu contratos do FIES, ProUni e Pronatec em nove universidades por supostas ilegalidades. O movimento é um teste para ver como a opinião pública absorve as revogações.
terça-feira, 17 de maio de 2016
Políticas do governo interino #2
15 de maio de 2016
Em uma tentativa patética do governo de tentar consertar a má imagem projetada pelo
16 de maio de 2016
Manifestantes ocuparam o palácio de Capanema, antiga sede do Ministério da Educação e Cultura, contra a extinção do MinC. Nas redes sociais, os grupos pró-Temer mais exaltados destilam seu ódio contra o órgão, atacando os artistas como beneficiários da Lei Rouanet, que na visão deles é bancada pelo dinheiro público. Mal sabem eles que o diploma funciona como um captador de investimento PRIVADO para os projetos artísticos...
No dia seguinte, Eliane Costa foi sondada para ocupar a secretaria e simplesmente respondeu que não trabalha para governo golpista. Ainda ironizou: "Onde já se viu? Depois disso só falta me convidar para ser comentarista de política na Globonews"
17 de maio de 2016
Marco Aurélio de Mello liberou o pedido de pautar o impeachment para o Plenário do STF. Mesmo com a atitude, o cheiro de pizza na Praça dos Três Porretes ainda é muito forte.
Em Cannes, a equipe de Aquarius queimou o filme do Decorativo por meio de um protesto simbólico. Ao chegarem no tapete vermelho, os artistas levantaram papéis com frases denunciando o golpe.
O "Ministro" de Saúde afirmou no dia 16 que o tamanho do SUS precisava ser repensado e que o ideal era aumentar o acesso aos planos de saúde. Hoje, saiu no PiG que o maior doador da campanha de Ricardo Barros é sócio do Grupo Aliança, gigante dos planos de saúde. Após reações negativas de vários setores populares, o político voltou atrás e falou que descarta reavaliar o tamanho do sistema único de saúde.
A "Educação" afirmou que é a favor do pagamento de mensalidades para os cursos de pós-graduação nas universidades públicas.
O Decorativo quer liberar os jogos de azar e os cassinos. Todos sabem que ele é muito amigo de doleiros.
O Wikileaks vazou um documento que afirma que a globo fica com 90% do dinheiro arrecadado do Criança Esperança, sendo somente 10% empreendidos em programas solidários da UNESCO.
Osmar Terra, responsável por desmontar a área de "Desenvolvimento Social e Agrário", avisou que pretende cortar 10% das concessões de Bolsa Família por seus beneficiários estarem, de acordo com ele, fora dos padrões do programa.
No Banco Central, o nome que paira é o de Ilan Goldfjan, que é... Diretor do Banco Itaú! Henrique Meirelles já falou que ele vai ter independência para colocar o país nos eixos e o candidato a presidente do Bacen (o nome precisa ser aprovado pelo Senado Federal) já falou que a saída para a crise é desacelerar o consumo - mesmo que a custa de desaquecer o mercado de trabalho. Em outras palavras, volta a velha forma de combater a inflação através do desencorajamento do consumo, por meio da depreciação de renda dos mais pobres; o desemprego vira plano de governo.
EBC: o jornalista exonerado do cargo de diretor Ricardo de Melo afirmou que entrará na justiça e que sua exoneração foi escandalosa, autoritária e antidemocrática.
Políticas do governo interino
Maquiavel escreveu: "O bem se faz aos poucos, o mal se faz de uma vez". E o Decorativo, que curte uma literatura arcaica, parece que resolveu colocar em prática: já sinaliza privatizações, arrochos e "revisões" de direitos. Eis algumas notícias chocantes de Brasília (que a globo, tão crítica do governo enesses últimos 13 anos, incrivelmente não mostra).
O usurpador responsável pela pasta de Desenvolvimento Social e Agrário já afirmou que Bolsa Família não pode ser meio de vida (quem que faz a vida com uma merreca de 100 conto?). Trocando em miúdos, isso é uma forma polida de sinalizar que haverá cortes.
O "Ministro" da Casa Civil, Eliseu Padilha, pensa em desfazer atos de Dilma referentes a desapropriações, reconhecimento de comunidades quilombolas e criação de resserva indígena. O MST diz que os conflitos rurais devem aumentar com a medida.
O Marco Civil da Internet, regulamentado na última semana da Presidente antes do afastamento, também será reavaliado. Aos ricos de verdade, tudo. Aos pobres e à classe média (que se acha rica, coitada...): não deve-se reclamar e, sim, trabalhar para gerar riquezas a alguém que já tem dinheiro.
Michel Temer tira, ilegalmente, Ricardo de Mello da EBC. O dirigente deveria ter mandato fixo e só poderia ser exonerado mediante processo, de acordo com a lei 11652/2008.
O "Ministro" de Saúde Ricardo Barros (PP) afirmou que o tamanho do SUS precisa ser revisto. A Globo amenizou: " MS diz que não há recursos e sugere melhoria de gestão". Ricardo Barrosa é ex-tesoureiro do PP e é acusado de peculato e corrupção. Isso significa um sucateamento na rede pública de saúde. Se você não tem dinheiro para ter plano de saúde, melhor recorrer à fé (como o próprio Ricardinho já disse, nada melhor que a fé para curar o câncer). Em breve, não acho muito difícil o dito político resolver contratar pastores ao invés de médicos.
O Ministério da Injustiça mandou avisar que não há direitos absolutos, e que o Estado precisa funcionar. Democracia, oi?
segunda-feira, 16 de maio de 2016
Repercussões sobre o governo interino #1
Michel Temer, o Sem-Pescoço (mas o que é não ter pescoço quando não se tem votos?), assumiu interinamente a presidência da República no dia 13 deste mês. O governo já nasce polêmico e carcomido pela naftalina de posicionamentos antiquados. Abaixo, faço uma timeline de algumas das principais reações internacionais quanto à posse do Inelegível, junto com o marco de sua nomeação ministerial.
Antes da aprovação na Câmara:
Organização dos Estados Americanos. Luis Almagro, Secretário-Geral: “Nossa organização fez uma análise detalhada sobre o julgamento político que teve início contra Dilma e concluiu que não se enquadra nas normas que sustentam esse procedimento". A posição é a do Secretário-Geral, e não da Organização como um todo, mas serviu como um gatilho para que o próprio Michel Temer, bem como seu minion of destruction , Aloísio Nunes (PSDB), iniciasse uma ofensiva para desconstruir a tese do golpe internacionalmente.
A MRE da Rússia, María Zajárova, afirmou que é "inaceitável a interferência externa na atual situação política do Brasil" e que Moscou espera um país "estável e democrático".
12/05/2016 - La maison est tombée.
Dilma Rousseff é afastada da presidência da República, mas promete fazer barulho.
Portugal diz que cooperará com o governo de Temer.
O Decorativo faz o seu lema informal de governo: "Não fale de crise, trabalhe". Isso é a vingança do vigarista: a partir de agora, o povo é decorativo no processo político. O interessante é que saiu na mídia que quem escolheu o logo para lá de retrógrado do governo foi michelzinho, seu filho de 7 anos. Um menino teria mais voz no governo do que todas as mulheres juntas.
Unasul. Ernesto Stamper: "O processo provoca turbulências que afetam a região". "A decisão do Senado não tem justificativa e abre "questões preocupantes" sobre o Estado de Direito."
13/05/2016 - O Interino assume.
E cria um ministério bizarro. Todos brancos, homens e conservadores. 6 deles são ex-candidatos derrotados na urna, mostrando que existe uma sororidade entre os sem-votos. 7 são citados na Lava-Jato, estando em situação igual ou pior que a do ex-presidente Lula, o qual foi proibido de assumir a Casa Civil em março por... por quê, mesmo? Ah, "obstrução da justiça"... foro privilegiado e talz...
Michel Temer ainda excluiu, com uma canetada só, vários ministérios inclusivos, só deixando os 23 mais tradicionais. Foram embora as seguintes pastas:
- Secretaria dos Portos (vamo privatizá tudo, galera)
- Cultura (pq trabalhador não tem tempo de futilidades, ok? e vcs já têm as novela da globo pra fazer a cabeça rsrsrs);
- Comunicações (pq eu sou o sem-voto mais verborrágico do mundo e não preciso de ninguém pra me auxiliar)
- Comunicação Social da Presidência (pra que mídias sociais se eu sei mandar cartas? verbas voantes, scripts maneiros)
- Desenvolvimento Agrário (reforma agrária é coisa de vagabundo);
- Mulheres (agora elas vão voltar a ser recatadas e do lar. Beleza a gente não garante. Aliás, acho mais legal chamá-las não de mulher, mas de "Representantes do Sexo Feminino")
- Igualdade Racial (pq branco é superior, claramente)
- Direitos Humanos -- "juntaram" a pasta com a do Ministério de Justiça e nomearam o advogado do PCC para defendê-la
- Controladoria-Geral da União (já combatemos a corrupção -- do PT -- e não precisamos desse gasto supérfluo)
- a Casa Militar (Defesa Nacional também é supérfluo. O Estado tem que se preocupar com coisas realmente imporantes).
- Aviação Civil (vamo privatizá tudo, galera #2)
O Governo uruguaio afirmou que não se comunicará com o Decorativo, chamando o embaixador para consultas.
A Nicarágua condenou, em entrevista coletiva com Ortega, o afastamento de Dilma Rousseff. "Seguimos com indignação e rejeição o inapresentável e antidemocrático processo que obscureceu a seriedade e fortaleza das instituições nesse país irmão"
Os Estados Unidos anunciaram que não vão telefonar a Michel Temer para reconhecer o governo. Isso significa que, oficialmente, o Decorativo não passa de um Vice-Presidente no exercício da Presidência.
O governo de Cuba disse que o afastamento de Dilma constitui um “um artifício armado por setores da oligarquia desse país, apoiada pela grande imprensa reacionária e pelo imperialismo, com o propósito de reverter o projeto político do Partidos dos Trabalhadores (PT), derrubar o governo legítimo e usurpar o poder que não ganhou com o voto. Em nota, o governo cubano denunciou o que considera ser um “golpe de Estado parlamentar e judicial, disfarçado de legalidade”, que foi preparado “há alguns meses” contra a presidente “legitimamente eleita”.
O presidente da Bolívia classificou o movimento como um golpe judicial e congressual.
O Equador, por meio de nota à imprensa, falou em alteração da ordem constitucional.
14/05/2016
El Salvador não reconhece o governo interino do Brasil, qualificando-o como contrário à vontade popular e chamou sua embaixadora para consultas.
Venezuela não reconhece o governo interino, qualificando-o como golpe de Estado. A chancelaria venezuelana, no entanto, pediu para que Nicolás Maduro não mais se pronuncie sobre o caso, evitando um desgaste diplomático.O embaixador foi chamado para consultas.
O Chile expressou : "Preocupamo-nos com a nossa nação irmã, que tem gerado incerteza em nível internacional"
O Chanceler mimado.
Vamos falar das patetices do novo "Chanceler" brasileiro, José Serra. O senador nem bem esquentou a cadeira do Palácio do Itamaraty e já demonstrou como funcionará o governo "conciliatório" que Michel Temer propôs:
Nota
176
- 13 de Maio de 2016 - 18:55
O Ministério das Relações Exteriores
rejeita enfaticamente as manifestações dos governos da Venezuela, Cuba,
Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como da Aliança Bolivariana para os
Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (ALBA/TCP), que se
permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo político interno
no Brasil. Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto respeito às
instituições democráticas e à Constituição Federal.
Como qualquer observador isento pode
constatar, o processo de impedimento é previsão constitucional; o rito
estabelecido na Constituição e na Lei foi seguido rigorosamente, com
aval e determinação do STF; e o Vice-Presidente assumiu a presidência
por determinação da Constituição Federal, nos termos por ela fixados.
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177
- 13 de Maio de 2016 - 18:58
O Ministério das Relações Exteriores
repudia declarações do Secretário-Geral da UNASUL, Ernesto Samper, sobre
a conjuntura política no Brasil, que qualificam de maneira equivocada o
funcionamento das instituições democráticas do Estado brasileiro.
Os argumentos apresentados, além de
errôneos, deixam transparecer juízos de valor infundados e preconceitos
contra o Estado brasileiro e seus poderes constituídos e fazem
interpretações falsas sobre a Constituição e as leis brasileiras. Além
disso, transmitem a interpretação absurda de que as liberdades
democráticas, o sistema representativo, os direitos humanos e sociais e
as conquistas da sociedade brasileira se encontrariam em perigo. A
realidade é oposta.
Tais juízos e interpretações do
Secretário-Geral são incompatíveis com as funções que exerce e com o
mandato que recebeu do conjunto de países sul-americanos nos termos do
Tratado Constitutivo e do Regulamento Geral da UNASUL.
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Ou seja, não pode falar mal do golpe, seus feiosos! Vou contar pra mamãe!
O Secretário-Geral da UNASUL respondeu à altura, quando questionado pela magazine Valor, sobre a declaração de José Serra: "Não tem por que um ex-presidente [da Colômbia] e secretário-geral da Unasul responder a um chanceler interino", rebateu.
O Secretário-Geral da UNASUL respondeu à altura, quando questionado pela magazine Valor, sobre a declaração de José Serra: "Não tem por que um ex-presidente [da Colômbia] e secretário-geral da Unasul responder a um chanceler interino", rebateu.
Fica difícil acreditar que o dito ministro tenha capacidade diplomática para saber dialogar pragmaticamente com os mais variados países em prol do país. Talvez nem seja esse o interesse do cara... enfim...
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