Hoje é o dia que a direita e uns perdidos vão às ruas pedir para acabar a corrupção do PT. Diversos movimentos engrossam os “batalhões”, deixando várias nuances de reivindicações, desde aqueles exigindo a saída da sr.ª Rousseff, outros a saída dela e do vice e novas eleições e alguns, mais exaltados e nostálgicos, pede a volta das Forças Armadas para “acabar” com a corrupção. Porém, o que será que está por trás da cabeça desse povo todo que se revolta?
As motivações são o descontrole econômico e os escândalos desencadeados pela Operação Lava Jato, a qual comprometeu politicamente nomes importantes da cúpula do Partido dos Trabalhadores; no entanto, a mesma Operação citou diversos membros da oposição. Nomes importantes como o do sr. Aécio Neves, senador pelo PSDB, e o do sr. Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, foram citados diversas vezes, porém, não tiveram a mesma atenção pela mídia do que o nome dos outros envolvidos; mesmo assim, tais nomes foram parar nos ouvidos da Opinião Pública e foram sumariamente ignorados.
Quando tais cartazes pedem a saída da Presidenta, sem pedir a saída dos membros da oposição, uma coisa fica bem claro: não se trata de um movimento anticorrupção pura e simplesmente, mas de um movimento contra a corrupção do PT. Quando se pede a volta dos ditadores, isso significa o controle de todas as coisas que influenciam o povo, tais como as instituições que são supostamente independentes – Ministério Público, Polícia Federal, Tribunais de Contas – e a mídia. Controlar essas entidades significa controlar a percepção da Opinião Pública sobre a corrupção. Alguns dizem que, na época da ditadura, não se ouvia falar de escândalos. E não se ouvia mesmo, por um motivo bem óbvio: os mandatários tinham o controle da comunicação e do vazamento desses esquemas perante a população e, como o regime não era democrático, é até válido se questionar se essa corrupção não era sistemática demais para poder criar a mentalidade de que era “legal”. Com a democracia, os valores mudam, e negócios por baixo dos panos não são mais aceitos. Democracia significa transparência. Não é com falta de transparência que se combate a corrupção.
Levantar um cartaz a favor do impeachment sem levantar outro exigindo, de forma difusa, o mesmo tratamento que teve o sr. Lula por parte do MP com relação às investigações para os srs. Aécio Neves, FHC, Eduardo Cunha, significa dizer que o que incomoda é a corrupção do PT e não a corrupção generalizada. “Mas, para limpar a casa, tem que começar com alguém” – essa é a maior falácia que os políticos passa para que a Opinião Pública engula essa história. Para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei. As coisas não podem ser assim. Levantar placa em prol da saída da presidente por causa da corrupção, na situação que se encontra o país, onde TODOS parecem ter o rabo preso, não é um movimento anticorrupção, mas uma forma de legitimar obliquamente a corrupção dos outros. O certo a se fazer, se a população quisesse mesmo tirar os corruptos do poder, era combater a todos e, durante a manifestação, assegurar-se de que, enquanto as operações fossem lançadas, a lei fosse cumprida a cada momento e a todos sem distinção. Fazer a lei valer apenas para alguns, às vezes indo além-da-lei (praeter legem), como aconteceu com a condução coercitiva e a prisão preventiva do sr. Lula, é uma forma de corrupção; e as pessoas que vão para as ruas ratificar tais atos não são menos corruptos que os políticos que estão sendo preso. A voz do povo nem sempre é a voz de deus.
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