segunda-feira, 16 de maio de 2016
Repercussões sobre o governo interino #1
Michel Temer, o Sem-Pescoço (mas o que é não ter pescoço quando não se tem votos?), assumiu interinamente a presidência da República no dia 13 deste mês. O governo já nasce polêmico e carcomido pela naftalina de posicionamentos antiquados. Abaixo, faço uma timeline de algumas das principais reações internacionais quanto à posse do Inelegível, junto com o marco de sua nomeação ministerial.
Antes da aprovação na Câmara:
Organização dos Estados Americanos. Luis Almagro, Secretário-Geral: “Nossa organização fez uma análise detalhada sobre o julgamento político que teve início contra Dilma e concluiu que não se enquadra nas normas que sustentam esse procedimento". A posição é a do Secretário-Geral, e não da Organização como um todo, mas serviu como um gatilho para que o próprio Michel Temer, bem como seu minion of destruction , Aloísio Nunes (PSDB), iniciasse uma ofensiva para desconstruir a tese do golpe internacionalmente.
A MRE da Rússia, María Zajárova, afirmou que é "inaceitável a interferência externa na atual situação política do Brasil" e que Moscou espera um país "estável e democrático".
12/05/2016 - La maison est tombée.
Dilma Rousseff é afastada da presidência da República, mas promete fazer barulho.
Portugal diz que cooperará com o governo de Temer.
O Decorativo faz o seu lema informal de governo: "Não fale de crise, trabalhe". Isso é a vingança do vigarista: a partir de agora, o povo é decorativo no processo político. O interessante é que saiu na mídia que quem escolheu o logo para lá de retrógrado do governo foi michelzinho, seu filho de 7 anos. Um menino teria mais voz no governo do que todas as mulheres juntas.
Unasul. Ernesto Stamper: "O processo provoca turbulências que afetam a região". "A decisão do Senado não tem justificativa e abre "questões preocupantes" sobre o Estado de Direito."
13/05/2016 - O Interino assume.
E cria um ministério bizarro. Todos brancos, homens e conservadores. 6 deles são ex-candidatos derrotados na urna, mostrando que existe uma sororidade entre os sem-votos. 7 são citados na Lava-Jato, estando em situação igual ou pior que a do ex-presidente Lula, o qual foi proibido de assumir a Casa Civil em março por... por quê, mesmo? Ah, "obstrução da justiça"... foro privilegiado e talz...
Michel Temer ainda excluiu, com uma canetada só, vários ministérios inclusivos, só deixando os 23 mais tradicionais. Foram embora as seguintes pastas:
- Secretaria dos Portos (vamo privatizá tudo, galera)
- Cultura (pq trabalhador não tem tempo de futilidades, ok? e vcs já têm as novela da globo pra fazer a cabeça rsrsrs);
- Comunicações (pq eu sou o sem-voto mais verborrágico do mundo e não preciso de ninguém pra me auxiliar)
- Comunicação Social da Presidência (pra que mídias sociais se eu sei mandar cartas? verbas voantes, scripts maneiros)
- Desenvolvimento Agrário (reforma agrária é coisa de vagabundo);
- Mulheres (agora elas vão voltar a ser recatadas e do lar. Beleza a gente não garante. Aliás, acho mais legal chamá-las não de mulher, mas de "Representantes do Sexo Feminino")
- Igualdade Racial (pq branco é superior, claramente)
- Direitos Humanos -- "juntaram" a pasta com a do Ministério de Justiça e nomearam o advogado do PCC para defendê-la
- Controladoria-Geral da União (já combatemos a corrupção -- do PT -- e não precisamos desse gasto supérfluo)
- a Casa Militar (Defesa Nacional também é supérfluo. O Estado tem que se preocupar com coisas realmente imporantes).
- Aviação Civil (vamo privatizá tudo, galera #2)
O Governo uruguaio afirmou que não se comunicará com o Decorativo, chamando o embaixador para consultas.
A Nicarágua condenou, em entrevista coletiva com Ortega, o afastamento de Dilma Rousseff. "Seguimos com indignação e rejeição o inapresentável e antidemocrático processo que obscureceu a seriedade e fortaleza das instituições nesse país irmão"
Os Estados Unidos anunciaram que não vão telefonar a Michel Temer para reconhecer o governo. Isso significa que, oficialmente, o Decorativo não passa de um Vice-Presidente no exercício da Presidência.
O governo de Cuba disse que o afastamento de Dilma constitui um “um artifício armado por setores da oligarquia desse país, apoiada pela grande imprensa reacionária e pelo imperialismo, com o propósito de reverter o projeto político do Partidos dos Trabalhadores (PT), derrubar o governo legítimo e usurpar o poder que não ganhou com o voto. Em nota, o governo cubano denunciou o que considera ser um “golpe de Estado parlamentar e judicial, disfarçado de legalidade”, que foi preparado “há alguns meses” contra a presidente “legitimamente eleita”.
O presidente da Bolívia classificou o movimento como um golpe judicial e congressual.
O Equador, por meio de nota à imprensa, falou em alteração da ordem constitucional.
14/05/2016
El Salvador não reconhece o governo interino do Brasil, qualificando-o como contrário à vontade popular e chamou sua embaixadora para consultas.
Venezuela não reconhece o governo interino, qualificando-o como golpe de Estado. A chancelaria venezuelana, no entanto, pediu para que Nicolás Maduro não mais se pronuncie sobre o caso, evitando um desgaste diplomático.O embaixador foi chamado para consultas.
O Chile expressou : "Preocupamo-nos com a nossa nação irmã, que tem gerado incerteza em nível internacional"
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