A Rússia organizou um concerto musical na antiga cidade romana de Palmira, cidade Síria que ficou nas mãos do Daesh. O concerto histórico foi conduzido pelo regente Valery Gergiev e pelo celista citado no Panama Papers Sergei Roldugin, velho amigo de Vladimir Putin.
A orquestra tocou peças de Johann Sebastian Bach, Sergei Prokofiev e Rodion Shchedrin dentro do anfiteatro do século II A.D. que havia sido palco de vinte e cinco execuções de 'infiéis' pelos malucos do Daesh.
Liberalismo político/Universalismo humanitário
De acordo com a visão liberalista, o concerto pode ser entendido como um apelo à paz; como um canto de vitória da civilização sobre a barbárie. O casamento entre o anfiteatro, patrimônio da UNESCO, e a música de J.S. Bach, um patrimônio cogente, universal, seria os ingredientes perfeitos para gerar essa aura.
Realismo político
Para o realismo político, a intenção é demonstrar o soft power, uma forma de mostrar a grandiosidade do povo russo (eis a escolha de Prokofiev dentre o repertório, por exemplo), bem como comover e influenciar a opinião pública internacional a favor dos alauítas.
Marxismo
Uma interpretação marxista não foge muito ao do realismo político. Na verdade, reafirma-se isso. O concerto seria uma forma de tirar o foco das atrocidades cometidas pelos regimes durante o conflito, de forma a conseguir apoio e continuar sua opressão.
Apesar das interpretações distópicas, é bonito fazer o registro histórico. A primeira peça -- Chaconne em ré menor, da BWV 1004, do compositor alemão -- começa aos 13 minutos. O sol demasiado desafina um pouco os instrumentos, o que, somado ao ímpeto de se realizar o evento em tais condições adversas, traz uma interpretação única, necessária, temporal.
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