As raízes históricas do conflito árabe-israelense datam do século XIX, a partir do momento que os judeus migraram para a região para se juntar aos judeus remanescentes das seguidas diásporas que aconteceram.
A bíblia costuma explicar a diáspora judaica como sendo produto da ira divina contra a idolatria e rebeldia do povo de Israel e Judá. A História, porém, atribui esse movimento devido ao confronto do povo judaico, que desejava subjugar todas as culturas e povos adjacentes.
A dispersão começa ao norte, quando os Assírios invadem e reduzem dez das doze tribos de Israel. Judá consegue se safar por um momento, pagando pesados tributos, mas não resiste à invasão de Nabucodonosor II, rei da Babilônia.
Reino da Babilônia
No contexto dos nacionalismos do final do século XIX, a ideologia da pátria é absorvida pelas comunidades judaicas, surgindo daí o sionismo, o qual pregava o retorno dos judeus à região da Palestina. Porém, se os judeus saíram, outros entraram, e eram justamente os muçulmanos oriundos principalmente da Síria e do Império Turco-Otomano. Cabe ressaltar que, apesar de sempre estar populada, a Palestina nunca foi parte daqueles que submetiam, mas sim dos que eram submetidos.
Sionismo.
O nacionalismo judeu surge na mesma esteira dos demais nacionalismos europeus, tratando-se de um movimento secular que pregava que a criação de um lar nacional era a única forma dos judeus sobreviverem e conservarem suas tradições. No entanto, não tinham um pedaço exato de terra em mente para atender aos seus anseios, tanto é que os primeiros sionistas cogitaram inclusive criarem um assentamento judaico na Argentina, no Chipre, na África Oriental ou até mesmo no Congo.
Quando chega-se ao consenso dos nacionalistas israelitas de que a Palestina era o "melhor" local para a criação do Estado judaico, nasce o sionismo. O projeto enquadrava-se nas pretensões das grandes potências, que já preparavam o caminho para o debâcle do Império Turco-Otomano, que já fazia hora extra na Terra. No entanto, para a maioria dos rabinos e demais judeus, o sionismo era uma ideia herege, uma vez que quem promoveria a redução de Israel seria o próprio deus. Alguns consideravam a ideologia, inclusive, perigosa demais para o judaísmo autêntico.
Os sionistas, no entanto, não demorariam em remendar a ideologia, dizendo que o Estado-nação que intentavam não ousava concorrer com a esperança messiânica. Outros diziam que se tratava de um ponto de partida para a redução messiânica. Os principais herdeiros dessa corrente reúnem os opositores mais ferrenhos à devolução de qualquer parcela da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, conquistadas após o Yom Kippur e os Seis Dias.
O sionismo ficou mais popular entre os judeus seculares, durante o séc. XIX, que eram perseguidos. Emigraram para a Palestina para fugir da xenofobia e do antissemitismo. Toda a relutância ao projeto sionista acabaria quando a opinião pública foi confrontada com os horrores do Holocausto.
Jacob Tsur via o sionismo como um Movimento de Libertação Nacional (o que soa bem estranho, uma vez que eles estavam diversos em vários países e não se insurgiam contra o local que morava, mas contra um povo que estava bem estabelecido em um território que eles nunca haviam pisado). Usava a lógica da ideologia igualitária pregada pela Revolução Francesa.
Cronologia 1910-1951.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Arthur Bafour, MRE Britânico, declarou a Lord Rothschild que lutaria para que estabelecesse na Palestina um lar nacional aos judeus, desde que não ameaçasse as comunidades e os direitos de quem já estivesse lá estabelecido. Claramente, colocar dois povos iguais, mas diferentes, no mesmo quadrado, não daria nada certo. A Guerra trouxe o débâcle do Império Turco e vários estados o sucederam; secretamente, as duas potências europeias dividiram o Oriente Médio em zonas de influência por intermédio de uma série de negociações que foram consignadas no Acordo Sykes-Picot (1916). A intenção do aceno aos sionistas era conseguir a simpatia dos judeus americanos, para que estes influenciassem Washington a entrar definitivamente na guerra, que se arrastava por anos e devastava a Europa, tanto em termos econômicos, como em vidas humanas. Além do interesse militar, é sempre importante lembrar que o Oriente Médio era (e é) rico em petróleo e que as maiores reservas estavam presentes no Canal do Suez.
Acordo Sykes-Picot
A Legião Judaica, voluntários sionistas, ajudou os britânicos a reconquistarem o território da Palestina. Após o desmantelamento do império otomano, a região passou ao domínio dos britânicos, após a Conferência de San Remo (1920). Além disso, a Grã-Bretanha levou o Mar Mediterrâneo, o Rio Jordão e o Iraque. A França, por sua vez, ficou com as regiões da Síria e do Líbano. Em 1922, a Liga das Nações concedeu à Inglaterra um mandato para estabelecer o tal do lar nacional dos judeus. A população era majoritariamente muçulmana, exceto em Jerusalém. A declaração Balfour foi incorporada ao Tratado de Sèvres, que selava a paz com o ex-Império Turco-Otomano. A França e a Itália ratificaram a declaração espontaneamente, para não ficar de fora da administração do Oriente Médio.
Eliahu Biltezky assimilou o antissionismo ao antissemitismo, de forma a demonizar aqueles que se opunham à sanha anexatória sionista. Propôs um projeto de partilha da Palestina, pois entendia que palestinos e judeus não conseguiriam nunca se entender dentro de um mesmo território. O Congresso Sionista aceitou a ideia da partilha proposta por Biletzky, com algumas modificações. Biletzky dizia que o sionismo aspirava à igualdade em condições de liberdade e independência para os dois povos em questão;Finkelstein, no entanto, afirmava que o sionismo sempre pretendeu a criação de um Estado às custas dos árabes palestinos, pois:
1. O que desencadeou a posição contrária dos palestinos aos judeus não foi o antissemitismo, mas a perspectiva (correta) da expulsão dos palestinos de seus territórios;
2. No projeto sionista, a Palestina deveria abrigar uma maioria judaica, o que ratificaria o direito dos sionistas a um Estado. Os sionistas diziam que os judeus tinham um "direito histórico" à Palestina, enquanto a população árabe local somente teriam "direitos residenciais" (são forgados pra caralho...).
O autor destaca as três dimensões do sionismo: política, cultural e trabalhista.
Com o desmantelamento do califado turco-otomano, os territórios foram desmembrados, ficando a Turquia, de um lado, e o Iraque, o Líbano, a Síria, a Transjordânia e a Palestina, de outro. Não obstante Iraque (Mesopotâmia, 1928), Líbano (1943), Síria (1944) e Transjordânia (1946) terem conseguido suas independências, o status da Palestina continuava suspenso.
O líder muçulmano Mohammad Amin al-Husayni não aceitou a independência de parte do território para alocar os judeu; não lhe agradava a ideia de uma terra de Israel. A violência escalou cada vez mais e teve um ponto de máximo durante a Segunda Guerra Mundial. O holocausto promovido por Adolf Hitler a um povo de grande influência sobre um dos dois grandes vencedores do conflito, os Estados Unidos, mobilizou a opinião pública internacional em torno da questão israelense.
O Estado da Palestina, no entanto, foi virtualmente criado em 1945, sob os auspícios da ONU. Em seguida, os Estados Unidos deram apoio à causa sionista e começou a haver articulações para a criação do Estado de Israel. A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas aprovou uma resolução que particionava a região em dois Estados: um judeu e um árabe, de acordo com as regiões que habitavam (Res. 181/1947). A cidade de Jerusalém teria um corpus separatum, recebendo estatuto de cidade internacional, sendo administrada pela ONU, a fim de evitar conflitos. Truman e Stalin chegaram ao acordo que o estado judeu deveria ser criado.
Plano de partição da Palestina
A Agência Judaica aceitou o plano. A Alta Comissão Árabe não. Até hoje os muçulmanos pagam por esse erro. Com isso, assim que acabou o mandato da Inglaterra, cedido pela Liga das Nações, a Agência Judaica declarou a independência e chamou de "Israel" todas as regiões acordadas no âmbito da ONU. Tropas da Transjordânia, Egipto, Síria, Líbano e Iraque
atacaram o recém-criado Estado de Israel e houve a Guerra de "Independência". Os estados árabes declararam o
propósito de proclamar um "Estado Unido da Palestina" em todo o
território, e não um estado judeu e outro muçulmano. Essa intransigência viria a ficar do avesso nos dias atuais: os palestinos querem os dois estados, e os judeus não querem mais, ou pelo menos não agem para viabilizar isso. A luta terminou com o Armistício de Rodes: Israel conseguiu o controle efetivo de toda a parte que seria atribuída aos judeus e anexou mais da metade do território destinado aos árabes. A Faixa de Gaza foi ocupada pelo Egito e o Norte pela Transjordânia. A internacionalização de Jerusalém foi para o saco. Em 1967, Israel conquistou esses territórios, durante a Guerra dos Seis Dias.
Deu-se início a uma crise migratória: 2/3 dos palestinos fugiram ou foram expulsos de seus territórios e os judeus passaram a administrar o País. Os países árabes recusaram-se, então, a reconhecer o Estado de Israel.
1949 A Linha Verde passou a ser a fronteira administrativa entre Israel e os estados ocupados. O fracasso dos Estados árabes fez surgir atores privados no conflito, tal como a Organização para Libertação Palestina (OLP). A Questão Israelense tornou-se Questão Palestina. A OLP surgiu do partido Fatah, criado por Iasser Arafat, que intentava o reconhecimento como palestino dos territórios palestinos; quando evoluiu para a Organização, Arafat declarou que se tratava de um "Estado no exílio". Em 1974, a OLP seria aceita pela ONU como a única representante dos palestinos.
60s e 70s Os palestinos então começaram a lançar ataques contra judeus em todo o mundo. A querela entre os dois povos tornou-se uma "guerra santa" e o terrorismo é o método utilizado pelo lado mais fraco e oprimido. 1973 Nas Olimpíadas de Munique, houve o famoso e terrível massacre dos atletas israelenses, o que fez Tel Aviv desencadear a Operação Cólera de Deus, para procurar culpados.
1973 A resposta muçulmana foi um ataque surpresa coordenado entre a Síria e o Egito no feriado mais santo do calendário judeu. Estava deflagrada a Guerra de Yom Kippur, que durou 20 dias. Com muito custo humano, os israelenses conseguiram expulsar as forças intrusas; porém, a insatisfação popular fez o primeiro-ministro renunciar.
1977 Menachen Begin assumiu o controle do Partido dos Trabalhadores israelense. Sem o apoio da Síria e da Jordânia (ex-Transjordânia), que mantiveram certa distância da questão, o Egito viu-se forçado a assinar a paz. O presidente egípcio Anwar el Sadat fez a primeira visita a Israel e reconheceu o Estado, no âmbito dos Acordos de Camp David, que abriram caminho para o Tratado de Paz Israel-Egito.
No diploma assinado, houve o comprometimento do mútuo reconhecimento, a cessação do estado de guerra, que perdurava desde 1948, e a completa retirada das tropas sionistas da Península do Sinai, as quais a haviam ocupado durante a Guerra dos Seis Dias. Em troca, estava garantida a livre passagem de navegações israelenses pelo Canal de Suez e o reconhecimento do Estreito de Tiran e do Golfo de Aqaba como águas internacionais.
1981 O presidente do Conselho de Segurança da ONU declarou, porém, que não seria possível fornecer forças de observação, uma vez que havia a ameaça de veto por parte da URSS. Para resolver o impasse, foi criada uma força multinacional fora do âmbito do CSONU (Protocolo ao Tratado de Paz).
Porém, a paz com os israelenses significou o isolamento egípcio dentro da comunidade dos estados árabes. O símbolo inicial maior desse isolamento foi sua suspensão da Liga Árabe.
Israel começou a encorajar assentamentos israelenses na Cisjordânia, com o intuito de formar uma espécie de usucapião das terras palestinas, o que obviamente criou atritos. Lançou também a Operação Ópera, que visava bombardear reatores nucleares no Iraque, com o temor de que este obtivesse bombas atômicas.
1982 Israel interveio na Guerra Civil Libanesa com o intuito de destruir bases da OLP, a qual respondeu com mísseis. Esse movimento acabou por culminar na Guerra do Líbano. Findo o conflito, Israel retirou a maior parte de seu contingente, mas manteve uma zona de segurança até 2000.
1987 Então aconteceu a Primeira Intifada (guerra das pedras), na qual ocorreram diversos levantes palestinos contra os israelenses nas terras ocupadas. O estopim havia sido a publicação de abusos de soldados israelenses a palestinos e a revolta somente terminou por véspera da celebração dos Acordos de Oslo.
1991 Alguns anos depois, eclodiu a Guerra do Golfo, na qual o Iraque invadiu o território do Kuwait. A OLP apoiou o ataque de mísseis contra Israel por Saddam Hussein, na tentativa de provocar a entrada de Israel no conflito: assim, destruía-se instalações nucleares sionistas e colocaria em xeque a sustentação da aliança anti-Iraque, capitaneada pelos Estados Unidos. Devido à forte pressão de seu padrinho, Tel Aviv não retaliou os iraquianos.
1992 O Partido dos Trabalhadores volta ao poder no Knesset, representado pelo primeiro-ministro Itzhak Rabin. Finda a guerra, sob o patronato de Bill Clinton, Arafat e Rabin celebraram os Acordos de Oslo, diante da falência do sistema multilateral das Nações Unidas. A crise de legitimidade da ONU evitou que o Brasil tivesse uma atuação mais significativa no âmbito da discussão sobre o estatuto daquela região.
Os principais pontos dos acordos foram:
1) a retirada das tropas israelenses da Cisjordânia e da Faixa de Gaza;
2) um governo interino da autoridade palestina exerceria mandato sobre o território até 1996, quando seria renegociado o status do território palestino;
3) questões referentes ao estatuto de Jerusalém;
4) divisão do território em 3 áreas: a) de controle total dos palestinos; b) de controle civil dos palestinos e militar dos israelenses; c) de controle total dos israelenses.
Ganharam o prêmio nobel, posaram para fotos juntos, porém, a alegria duraria pouco. Itzhak Rabin seria assassinado em meio ao processo definitivo de paz por um extremista religioso judeu, deflagrando o começo do fim do mundo da ordem pós-1945.
2000 Para melhorar a situação, Ariel Sharon, líder da oposição, visitou o Monte do Templo e declarou Jerusalém terra eterna de Israel, o que enfureceu os árabes. Teve início então a Segunda Intifada, ou Intifada de Al-Aqsa, na qual morreram 3400 palestinos e 1000 israelenses.
2002 Surgiu então o primeiro plano de paz relevante sugerido pelos árabes, mais precisamente pela Arábia Saudita. O chanceler israelense não gostou da iniciativa, afirmando que os detalhes de cada plano de paz deveriam ser discutidos entre israelenses e palestinos, e somente depois que a Autoridade Palestina acabasse com o seu terror.
2004 Ariel Sharon promoveu uma retirada unilateral dos israelenses na Faixa de Gaza e nos territórios da Cisjordânia, ocupados desde a Guerra dos Seis Dias (1967). A medida foi aprovada mediante grande polêmica e colocada em prática um ano depois. Paralelamente, o primeiro-ministro ordenou a construção de um muro na Cisjordânia, com o objetivo de dificultar atentados terroristas (e de lambugem deixar os palestinos sitiados e sem acesso para Jerusalém), negando qualquer negociação com as autoridades palestinas sem o fim dos ataques terroristas. Yasser Arafat, velho que estava, esticou as canelas e Mahmud Abbas foi eleito como Autoridade Palestina. Conseguiu-se uma soberania parcial sobre a Faixa de Gaza, mas lutas internas fizeram o Hamas conquistar o poder de facto no território, o que paralisou as negociações.
2006 Então, o poder do Hamas foi chancelado pela via eleitoral. A organização fundamentalista não reconhece o Estado de Israel e houve um recrudescimento das relações. Enquanto a extrema direita chegava ao poder do lado palestino, não demoraria três anos para chegar ao poder também do lado israelense, tendo o demônio encarnado dessa vez na pessoa de Benjamin Netanyahu. Mas antes disso, houve uma escalada de violência que viria a culminar na Guerra de Gaza de 2008. Tel Aviv responde com ataques aéreos desproporcionais e posteriormente invadem o território palestino, promovendo um terror indizível. Enquanto isso, os ataques terroristas dos extremistas muçulmanos tornam-se cada vez maiores. Barack Obama entra em cena para tentar estancar as violências e retomar as negociações de paz. Porém, o extremista Netanyahu é irredutível e a proteção diplomática dos Estados Unidos no Conselho de Segurança inviabiliza qualquer ação internacional, tolhendo também a margem de manobra da Autoridade Palestina, o que fez com que a situação chegasse a um impasse.
A tal da margem protetora significava, mais uma vez, fazer um cerco aos palestinos. Mais uma vez, foi necessária a mediação do Egito para que se conseguisse um cessar-fogo. A quantidade de civis mortos do lado palestino é "justificada" pelos israelenses como sendo "erros" -- mesmo que seja utilizado armas de precisão, como drones. Washington condenou juntamente com Tel Aviv o partido Hamas pelo uso de escudos humanos. A Anistia Internacional afirmou que não se tem evidência sobre essa alegação.
O direcionamento de foguetes para áreas civis, em direção a Israel, é crime de guerra. Assim, também, como é os seis ataques que os israelenses fizeram a escolas da ONU, as quais estavam sendo utilizadas para refugiados. A escola de Beit Hanoun transformou-se em um verdadeiro campo de batalha. A UNRWA afirmou que os oficiais israelenses nunca responderam a pedidos urgentes da agência por um cessar-fogo. Ban Ki-Moon, Secretário Geral das Nações Unidas, pediu investigação e punição: "É um ultraje moral e um ataque criminoso". A Liga Árabe pediu reunião de Emergência do Conselho de Segurança da ONU, condenando Israel pela desproporcionalidade. OS BRICS pediram para que o CS exercesse seu papel plenamente (isso é, fazendo uso da força se preciso), solicitando o fim da violência. A União Europeia condenou os grupos de Gaza e os ataques israelenses de ter feito tantas vítimas civis. O CS, diante do veto americano, simplesmente pediu o fim da escalada de violência e um cessar-fogo. A Alta Comissariada dos Direitos Humanos afirmou que os ataques de Israel podem ter violado o direito internacional humanitário e de guerra. O Brasil, em um gesto coerente com sua postura perante a situação, chamou seu embaixador de Tel Aviv para consultas, pediu um cessar-fogo e condenou o uso desproporcional da força. Netanyahu, bravinho, chamou o Brasil de "anão diplomático" e falou que vergonha era "7 a 1", em uma referência infantil à perda brasileira contra a Alemanha na Copa do Mundo. Os EUA simplesmente pediram um acordo. A Rússia pediu o fim da operação e da crise humanitária. A Grã-Bretanha, no entanto, se limitou a falar que os feios da história eram os do Hamas, unicamente.
A conduta de Israel é um revisionismo do nazismo: transforma-se Gaza em Auschwitz e a solução final é chamada de margem protetora.É um Sionazismo.
O interesse norte-americano em pacificar a questão israelo-palestina encontra amparo na lógica de que a instabilidade gera custos expressivos para o petróleo explorado no Oriente Médio e que a rivalidade entre os dois povos, que surgiu, diga-se de passagem, graças às fronteiras artificiais criadas pelo Ocidente imperialista, é o fator que mais contribui para a instabilidade e violência naquela região. Trata-se, em última instância, de uma cagada feita pelos imperialistas que acabou por afetar seus próprios interesses: um Frankenstein (monstro).
A situação de Israel estava muito parecida com aquela antes do cativeiro da Babilônia: o país está tretado com todos os seus vizinhos e apresenta um excesso de confiança. Provavelmente estão fadados a repetir o erro. Enquanto isso, a hipocrisia come solta, com os sionistas fazendo homenagens ao holocausto com a mão direita e promovendo o progrom dos palestinos com a esquerda. O mais impressionante em nossa cultura é a promoção do holocausto como exemplo de horror e o total descaso, pelos jornais e pela indústria cinematográfica, das outras hecatombes genocidas que aconteceram e acontecem, como se os judeus fossem os únicos coitados dessa história. Não obstante, essa lógica tem um motivo: Estados Unidos.
Os yankees tinham a maior população judaica do mundo em 1924 - cerca de 2 milhões de judeus. Os aliados tinham o interesse de sensibilizar a população americana, com o intuito de este entrar na guerra. Para além disso, fincar um estado-vendido, como Israel é dos Estados Unidos, naquela região é um grande passo no complexo tabuleiro geopolítico do Oriente Médio, riquíssimo em petróleo. Portanto, sensibilizar o mundo para o problema judeu era preciso, mas falar sobre os armênios e, a posteriori, os palestinos, por exemplo, nem tanto. Por muito tempo, vai ser somente a Lista de Schindler que você vai assistir nos grandes cinemas.
1949 A Linha Verde passou a ser a fronteira administrativa entre Israel e os estados ocupados. O fracasso dos Estados árabes fez surgir atores privados no conflito, tal como a Organização para Libertação Palestina (OLP). A Questão Israelense tornou-se Questão Palestina. A OLP surgiu do partido Fatah, criado por Iasser Arafat, que intentava o reconhecimento como palestino dos territórios palestinos; quando evoluiu para a Organização, Arafat declarou que se tratava de um "Estado no exílio". Em 1974, a OLP seria aceita pela ONU como a única representante dos palestinos.
60s e 70s Os palestinos então começaram a lançar ataques contra judeus em todo o mundo. A querela entre os dois povos tornou-se uma "guerra santa" e o terrorismo é o método utilizado pelo lado mais fraco e oprimido. 1973 Nas Olimpíadas de Munique, houve o famoso e terrível massacre dos atletas israelenses, o que fez Tel Aviv desencadear a Operação Cólera de Deus, para procurar culpados.
1973 A resposta muçulmana foi um ataque surpresa coordenado entre a Síria e o Egito no feriado mais santo do calendário judeu. Estava deflagrada a Guerra de Yom Kippur, que durou 20 dias. Com muito custo humano, os israelenses conseguiram expulsar as forças intrusas; porém, a insatisfação popular fez o primeiro-ministro renunciar.
1977 Menachen Begin assumiu o controle do Partido dos Trabalhadores israelense. Sem o apoio da Síria e da Jordânia (ex-Transjordânia), que mantiveram certa distância da questão, o Egito viu-se forçado a assinar a paz. O presidente egípcio Anwar el Sadat fez a primeira visita a Israel e reconheceu o Estado, no âmbito dos Acordos de Camp David, que abriram caminho para o Tratado de Paz Israel-Egito.
No diploma assinado, houve o comprometimento do mútuo reconhecimento, a cessação do estado de guerra, que perdurava desde 1948, e a completa retirada das tropas sionistas da Península do Sinai, as quais a haviam ocupado durante a Guerra dos Seis Dias. Em troca, estava garantida a livre passagem de navegações israelenses pelo Canal de Suez e o reconhecimento do Estreito de Tiran e do Golfo de Aqaba como águas internacionais.
1981 O presidente do Conselho de Segurança da ONU declarou, porém, que não seria possível fornecer forças de observação, uma vez que havia a ameaça de veto por parte da URSS. Para resolver o impasse, foi criada uma força multinacional fora do âmbito do CSONU (Protocolo ao Tratado de Paz).
Porém, a paz com os israelenses significou o isolamento egípcio dentro da comunidade dos estados árabes. O símbolo inicial maior desse isolamento foi sua suspensão da Liga Árabe.
Israel começou a encorajar assentamentos israelenses na Cisjordânia, com o intuito de formar uma espécie de usucapião das terras palestinas, o que obviamente criou atritos. Lançou também a Operação Ópera, que visava bombardear reatores nucleares no Iraque, com o temor de que este obtivesse bombas atômicas.
1982 Israel interveio na Guerra Civil Libanesa com o intuito de destruir bases da OLP, a qual respondeu com mísseis. Esse movimento acabou por culminar na Guerra do Líbano. Findo o conflito, Israel retirou a maior parte de seu contingente, mas manteve uma zona de segurança até 2000.
1987 Então aconteceu a Primeira Intifada (guerra das pedras), na qual ocorreram diversos levantes palestinos contra os israelenses nas terras ocupadas. O estopim havia sido a publicação de abusos de soldados israelenses a palestinos e a revolta somente terminou por véspera da celebração dos Acordos de Oslo.
1991 Alguns anos depois, eclodiu a Guerra do Golfo, na qual o Iraque invadiu o território do Kuwait. A OLP apoiou o ataque de mísseis contra Israel por Saddam Hussein, na tentativa de provocar a entrada de Israel no conflito: assim, destruía-se instalações nucleares sionistas e colocaria em xeque a sustentação da aliança anti-Iraque, capitaneada pelos Estados Unidos. Devido à forte pressão de seu padrinho, Tel Aviv não retaliou os iraquianos.
1992 O Partido dos Trabalhadores volta ao poder no Knesset, representado pelo primeiro-ministro Itzhak Rabin. Finda a guerra, sob o patronato de Bill Clinton, Arafat e Rabin celebraram os Acordos de Oslo, diante da falência do sistema multilateral das Nações Unidas. A crise de legitimidade da ONU evitou que o Brasil tivesse uma atuação mais significativa no âmbito da discussão sobre o estatuto daquela região.
Os principais pontos dos acordos foram:
1) a retirada das tropas israelenses da Cisjordânia e da Faixa de Gaza;
2) um governo interino da autoridade palestina exerceria mandato sobre o território até 1996, quando seria renegociado o status do território palestino;
3) questões referentes ao estatuto de Jerusalém;
4) divisão do território em 3 áreas: a) de controle total dos palestinos; b) de controle civil dos palestinos e militar dos israelenses; c) de controle total dos israelenses.
Ganharam o prêmio nobel, posaram para fotos juntos, porém, a alegria duraria pouco. Itzhak Rabin seria assassinado em meio ao processo definitivo de paz por um extremista religioso judeu, deflagrando o começo do fim do mundo da ordem pós-1945.
2000 Para melhorar a situação, Ariel Sharon, líder da oposição, visitou o Monte do Templo e declarou Jerusalém terra eterna de Israel, o que enfureceu os árabes. Teve início então a Segunda Intifada, ou Intifada de Al-Aqsa, na qual morreram 3400 palestinos e 1000 israelenses.
2002 Surgiu então o primeiro plano de paz relevante sugerido pelos árabes, mais precisamente pela Arábia Saudita. O chanceler israelense não gostou da iniciativa, afirmando que os detalhes de cada plano de paz deveriam ser discutidos entre israelenses e palestinos, e somente depois que a Autoridade Palestina acabasse com o seu terror.
2004 Ariel Sharon promoveu uma retirada unilateral dos israelenses na Faixa de Gaza e nos territórios da Cisjordânia, ocupados desde a Guerra dos Seis Dias (1967). A medida foi aprovada mediante grande polêmica e colocada em prática um ano depois. Paralelamente, o primeiro-ministro ordenou a construção de um muro na Cisjordânia, com o objetivo de dificultar atentados terroristas (e de lambugem deixar os palestinos sitiados e sem acesso para Jerusalém), negando qualquer negociação com as autoridades palestinas sem o fim dos ataques terroristas. Yasser Arafat, velho que estava, esticou as canelas e Mahmud Abbas foi eleito como Autoridade Palestina. Conseguiu-se uma soberania parcial sobre a Faixa de Gaza, mas lutas internas fizeram o Hamas conquistar o poder de facto no território, o que paralisou as negociações.
2006 Então, o poder do Hamas foi chancelado pela via eleitoral. A organização fundamentalista não reconhece o Estado de Israel e houve um recrudescimento das relações. Enquanto a extrema direita chegava ao poder do lado palestino, não demoraria três anos para chegar ao poder também do lado israelense, tendo o demônio encarnado dessa vez na pessoa de Benjamin Netanyahu. Mas antes disso, houve uma escalada de violência que viria a culminar na Guerra de Gaza de 2008. Tel Aviv responde com ataques aéreos desproporcionais e posteriormente invadem o território palestino, promovendo um terror indizível. Enquanto isso, os ataques terroristas dos extremistas muçulmanos tornam-se cada vez maiores. Barack Obama entra em cena para tentar estancar as violências e retomar as negociações de paz. Porém, o extremista Netanyahu é irredutível e a proteção diplomática dos Estados Unidos no Conselho de Segurança inviabiliza qualquer ação internacional, tolhendo também a margem de manobra da Autoridade Palestina, o que fez com que a situação chegasse a um impasse.
A situação piorou muito em 2012, quando Israel promoveu a execução extrajudicial de Ahmed Jabari, do Hamas. Em resposta, 700 foguetes foram lançados em direção ao território israelense; Netanyahu respondeu com a Operação Pilar Defensivo, que ia muito além da mera defesa. O Hamas denunciou o bloqueio da Faixa de Gaza e a reocupação dos territórios da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Acusaram os sionistas de usarem como alvos os civis. Em apenas uma semana de campanha, foram mortos 167 civis palestinos e o Hamas executou sumariamente 8 dos seus, por suposta colaboração. A Jihad Islâmica então decidiu declarar guerra. Apesar da maciça quantidade de foguetes lançados contra a porção israelense, o ataque teve pouquíssima efetividade, graças à superioridade tecnológica dos escudos defensivos israelenses. O Brasil condenou os ataques israelenses posteriores, devido à desproporcionalidade; o Mercosul condenou a violência dos dois lados. Um cessar-fogo mediado pelo Egito foi declarado. Ambos os lados declararam-se vitoriosos... O número de feridos foram de 224 do lado da estrela e de 1269 do lado da luazinha.
Mas a paz não durou muito tempo. Em 2014, três adolescentes israelenses foram mortos por extremistas palestinos; em resposta, os extremistas israelenses raptaram um jovem palestino e atearam fogo ainda com vida. Uma série de protestos eclodiram na palestina e vários foguetes foram lançados. Israel resolveu responder com ataques aéreos e incursões terrestres. Houve crimes de guerra dos dois lados, custando a vida de 6 civis israelenses e de 2.189 civis palestinos. Um verdadeiro holocausto.
A tal da margem protetora significava, mais uma vez, fazer um cerco aos palestinos. Mais uma vez, foi necessária a mediação do Egito para que se conseguisse um cessar-fogo. A quantidade de civis mortos do lado palestino é "justificada" pelos israelenses como sendo "erros" -- mesmo que seja utilizado armas de precisão, como drones. Washington condenou juntamente com Tel Aviv o partido Hamas pelo uso de escudos humanos. A Anistia Internacional afirmou que não se tem evidência sobre essa alegação.
O direcionamento de foguetes para áreas civis, em direção a Israel, é crime de guerra. Assim, também, como é os seis ataques que os israelenses fizeram a escolas da ONU, as quais estavam sendo utilizadas para refugiados. A escola de Beit Hanoun transformou-se em um verdadeiro campo de batalha. A UNRWA afirmou que os oficiais israelenses nunca responderam a pedidos urgentes da agência por um cessar-fogo. Ban Ki-Moon, Secretário Geral das Nações Unidas, pediu investigação e punição: "É um ultraje moral e um ataque criminoso". A Liga Árabe pediu reunião de Emergência do Conselho de Segurança da ONU, condenando Israel pela desproporcionalidade. OS BRICS pediram para que o CS exercesse seu papel plenamente (isso é, fazendo uso da força se preciso), solicitando o fim da violência. A União Europeia condenou os grupos de Gaza e os ataques israelenses de ter feito tantas vítimas civis. O CS, diante do veto americano, simplesmente pediu o fim da escalada de violência e um cessar-fogo. A Alta Comissariada dos Direitos Humanos afirmou que os ataques de Israel podem ter violado o direito internacional humanitário e de guerra. O Brasil, em um gesto coerente com sua postura perante a situação, chamou seu embaixador de Tel Aviv para consultas, pediu um cessar-fogo e condenou o uso desproporcional da força. Netanyahu, bravinho, chamou o Brasil de "anão diplomático" e falou que vergonha era "7 a 1", em uma referência infantil à perda brasileira contra a Alemanha na Copa do Mundo. Os EUA simplesmente pediram um acordo. A Rússia pediu o fim da operação e da crise humanitária. A Grã-Bretanha, no entanto, se limitou a falar que os feios da história eram os do Hamas, unicamente.
A conduta de Israel é um revisionismo do nazismo: transforma-se Gaza em Auschwitz e a solução final é chamada de margem protetora.É um Sionazismo.
O interesse norte-americano em pacificar a questão israelo-palestina encontra amparo na lógica de que a instabilidade gera custos expressivos para o petróleo explorado no Oriente Médio e que a rivalidade entre os dois povos, que surgiu, diga-se de passagem, graças às fronteiras artificiais criadas pelo Ocidente imperialista, é o fator que mais contribui para a instabilidade e violência naquela região. Trata-se, em última instância, de uma cagada feita pelos imperialistas que acabou por afetar seus próprios interesses: um Frankenstein (monstro).
A situação de Israel estava muito parecida com aquela antes do cativeiro da Babilônia: o país está tretado com todos os seus vizinhos e apresenta um excesso de confiança. Provavelmente estão fadados a repetir o erro. Enquanto isso, a hipocrisia come solta, com os sionistas fazendo homenagens ao holocausto com a mão direita e promovendo o progrom dos palestinos com a esquerda. O mais impressionante em nossa cultura é a promoção do holocausto como exemplo de horror e o total descaso, pelos jornais e pela indústria cinematográfica, das outras hecatombes genocidas que aconteceram e acontecem, como se os judeus fossem os únicos coitados dessa história. Não obstante, essa lógica tem um motivo: Estados Unidos.
Os yankees tinham a maior população judaica do mundo em 1924 - cerca de 2 milhões de judeus. Os aliados tinham o interesse de sensibilizar a população americana, com o intuito de este entrar na guerra. Para além disso, fincar um estado-vendido, como Israel é dos Estados Unidos, naquela região é um grande passo no complexo tabuleiro geopolítico do Oriente Médio, riquíssimo em petróleo. Portanto, sensibilizar o mundo para o problema judeu era preciso, mas falar sobre os armênios e, a posteriori, os palestinos, por exemplo, nem tanto. Por muito tempo, vai ser somente a Lista de Schindler que você vai assistir nos grandes cinemas.
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