sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O feminismo e o consumo

Fig. 1: O feminismo é de esquerda?

Uma vez, no meio do meu infindável caminho de estudos para conseguir um lugar no Itamaraty, li em um certo livro de economia que "não há inclusão social de grupos bem sucedida sem que o mercado aprove". Infelizmente, mesmo aqueles que contestam o sistema não querem a sua superação (nem digo queda), mas apenas inserirem-se nele. Nem mesmo o feminismo se safa dessa tendência pós-moderna de vetorizar os valores pela ética do consumo.

Em primeiro lugar, é bom entender que existem "feminismos" e não mais O Feminismo. Levo em consideração, portanto, que existe aquela parcela das engajadas que está cansada da posição subalterna doméstica, que não raramente acabam terminando em violência doméstica, estupro e aborto clandestino, bem como a culpabilização da vítima. Essas são as grandes pautas difusas do feminismo pós-moderno.

Sem embargo, acho importante traçar um paralelo entre as militantes da causa e entre as sujeitas da pauta. Se repararmos bem, não há uma grande sobreposição entre os dois grupos. As feministas que lotam os coletivos, que ocupam órgãos políticos de representação, cargos na administração pública ou que formam grupos sociais dificilmente são aquelas que sofrem violência doméstica sistemática; vale notar que o perfil social do grupo do feminismo "político" é basicamente de classe média com um nível de instrução maior; já as que sofrem majoritariamente (mas não exclusivamente) a violência masculina nas vias de fato, muitas vezes de forma silenciosa, são de classes mais baixas e de nível de instrução menor. Portanto, já há um primeiro descolamento entre a quem interessa mais o feminismo e quem pratica o ativismo.

Para muitas das que sofrem a violência física e psicológica, há inclusive uma militância pela causa machista -- a maioria luta "pelo fim do feminismo", pelo fim do "mimimi", da "chatice" e etc -- todas essas aspas, se retiradas, servem unicamente para depreciar o movimento, mostrando o quão reacionário é o patriarcado, principalmente nas mentes femininas. Algumas nem percebem ou sequer se importam de serem objetificadas, sem perceber inclusive que é por essa via que elas não conseguem chegar a lugar algum, tendo uma vida submissa. Então, se há essa distância entre sujeito passivo e ativo, por que motivos alguém pratica o ativismo? Dentre as respostas, posso sugerir algumas.  

Primeiramente, existem aquelas que genuinamente sofreram alguma experiência traumática e resolveram pôr a boca no mundo. Em segundo lugar, existem aquelas que fazem isso pelo efeito contágio, sendo mais comuns em coletivos universitários e juventudes feministas partidárias; é uma forma de pertencer a um grupo, muito embora estas sejam parecidas com os marxistas acadêmicos que fundaram a via "fabiana" para o socialismo -- a proposta que elas querem tem um viés ético, mas não necessariamente idealista (in stricto sensu), pois é limitado pelo muro que separa as ideias do pensador da realidade do oprimido. São no máximo acadêmicas, quando não meramente replicadoras de paradigmas, sem se preocupar com os porquês e senões. E há um terceiro grupo, com muito mais poder, que são aquelas que usam do feminismo como uma via política. Mas as oprimidas mesmo, que são aquelas que apresentariam o ímpeto ideológico na sua forma plena, via de regra são excluídas do feminismo por motivos estruturais, tanto de natureza da ideologia, em sua forma pós-moderna, gourmetizada, quanto (e principalmente) sociológica. 

Dentre esses grupos, somente o primeiro é ideológico. O segundo é uma forma de pertencer a um grupo e o terceiro uma forma de exercício do poder. 

As maiores vítimas da opressão masculina, mesmo com as políticas públicas vigentes, não conseguem livrar-se das amálgamas e até são mais reprimidas, devido ao ódio que surge para contrapor essa ideologia. Falta um fator que dê acessibilidade às mulheres sofridas, que é de viés cultural. Não obstante, quem deverá prover esse fator é a classe média, que infelizmente não se mistura com a classe pobre -- quer ajudar somente de longe, escrevendo textinhos na internet -- tornando inócuas as ações positivas das pautas. Esse fator de "não se misturar", somada à necessidade de promover uma "revolução cultural" para trazer as mulheres que sofrem ao feminismo acabam fazendo surgir um "moralismo feminista", muito difundido nas redes sociais, que acaba sendo utilizado pelas pessoas que se opõem como armas de deslegitimação (a tal da "chatice de feminista"). Acho que você concordaria comigo esse ponto quando se lembra da quantidade de acéfalos que falam que o feminismo é coisa de mulher que não se depila, de lésbica e blablablá. 

E onde entra o consumo nisso tudo? 

Bom, o mercado aceita o segundo e o terceiro grupo, pois esses não colocam em risco a ordem vigente -- pelo contrário, reforça-o. O capital acaba fomentando e viabilizando a ação do feminismo, inclusive fazendo doações e campanhas de marketing. E o movimento acaba se transformando em "um caso de sucesso", de "superação social", até de meritocracia, redundando naquela questão que havíamos conversado hoje de tarde. Ou seja, ele é remodelado, dotado de novas vestes pelas empresas, que ressignificam os paradigmas, dentro dos moldes neoliberalistas. É a marketização do movimento. E ele é interessante ao mercado porque empoderar certas parcelas da sociedade significa ter uma renda disponível a mais que pode ser gasto em um nicho definido; e o mais irônico disso tudo é que esse consumo de nicho acaba reforçando os padrões do machismo, pois as mulheres de classe média, financeiramente emancipadas, sentem-se livres para consumir e retroalimentar o próprio patriarcado. Lembremos que as propagandas de cosméticos são as mais conhecidas por apoiar o feminismo, pelo menos nos Estados Unidos. E essa independência não é completa: à mulher é dado o poder de trabalhar, não ter filhos e ter liberdade sexual, mas o mercado do trabalho ainda exige que a mulher "se ponha no lugar". Como sintoma desse processo, podemos observar o surgimento e a denúncia cada vez maior do mansplaining, o qual é uma próxima trincheira do machismo a ser superada.

Fig. 2: Avon passa sermão no Facebook

Já o grupo ideológico, minoritário, que enxerga esse processo de emancipação incompleta, recusa-se a aceitar o empoderamento nesses termos, não consumindo nesse mercado de nicho e acabam sendo estigmatizadas pela sociedade (não se esqueça que a classe média assalariada replica o discurso do patrão, pois o sonho do primeiro é chegar ao posto do segundo). Cabe lembrar que essas que são ideologizadas são as que mais contribuem para fornecer o material temático do movimento feminista -- elas escrevem em blogs, lideram certos grupos e são campeãs em criar polêmicas (o que eu apoio). Acaba que, por serem as favoritas a serem contraditas pelos estratos conservadores, elas acabam sendo a imagem que a sociedade civil como um todo tem do feminismo.

Por fim, o mercado entende que o grupo das mulheres mais suscetíveis de opressão, por ser constituído de pessoas mais pobres, assalariadas e que apresentam "problemas de mulheres" (na visão machista e empresarial), por apresentar menor instrução, maior chance de engravidar, não podem ser empoderadas, pois isso seria um encargo para o empresariado. Portanto, os produtos que chegam à sua cesta de consumo dificilmente estimularão a independência e equidade de gênero, ficando blindadas à qualquer intervenção ideológica que poderia mudar sua realidade. Pelo contrário, os produtos que todos os pobres têm acesso reforçam a submissão e o papel sexual da mulher, vide a cultura da cerveja e do futebol. 

Ainda sobre o consumo, é interessante a leitura deste editorial: https://www.theguardian.com/social-enterprise-network/2011/jun/20/social-enterprise-feminism-parallel

O The Guardian é de viés de centro-esquerda, e mesmo assim, uma das conclusões do editorial é "So let feminists wear make-up and social enterprises go where no one has gone before. You never know, we might like what we find. I like marriage and motherhood and I like taking ideas about social value and profit-making not profiteering into new territories like public services. It all feels right, whatever the purists say."

Isto não soa absurdo quando você percebe que a maior parte das que engrossam o coro feminista advém de uma classe média burguesa que ama o consumo, não?

Portanto, o que nota-se é um descolamento entre o discurso e a ação real da maior parte das pessoas que se dizem feministas. Isso porque eu nem citei quando o interesse resguardado extrapola o âmbito da mulher: todos querem que o Temer caia, mas é sintomático que grupos feministas, negros, gays e trabalhadores não se misturem uns com os outros, (principalmente se pertencerem a partidos diferentes) pois querem monopolizar a pauta dos protestos sem se solidarizar com os demais. Daí faz-se ver melhor a tal da fissura da esquerda oriunda dessa "nova esquerda" que não pensa nos direitos sociais como uma finalidade em si, mas como um caminho para o consumo e para a inserção social, deixando intatos os valores atuais. 


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Impeachment de Gilmar Mendes vai para a gaveta



Os pedidos de impeachment contra Gilmar Mendes apresentados ao Senado Federal foram arquivados por Renan Calheiros; a decisão foi comunicada ontem (20/09/16).

A petição foi apresentada por alguns dos maiores juristas do Brasil, tais como os Senhores Celso Antônio Bandeira de Mello, Fábio Konder Comparato e Roberto Amaral, e acusava o magistrado de atuar de forma partidária, em prol do PSDB.

Um dia antes, Gilmar ironizou a ação e esnobou dos juristas: "Vi aquela ação e até achei ela um pouco engraçada. É um consórcio de famosos quem, daqueles que já foram e daqueles que nunca serão", declarou.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

How U.S. defense industry controls the elections supporting Israel's illegal occupations


 The Intercept announced that Obama's Administration increased annual military aids to Israel, after Netanyahu enlarge the number of illegal occupations in Palestina. Of course, rhetorically, these two actions are not binding with each other, but we can see some curious phenomenon happenning in this process. Let us see. First, there is the U.S. military aid to the Israeli government; then, this budget is spent in U.S. defense industry, and Tel Aviv is able to ensure the security over the illegal occupations; finally, U.S. defense industry and the (very rich and influent) jewish community support the campaigns of those who take the compromise of continue the inflow of money. Too bad for the Palestinians, who are only the excuse for this to happen.

It is not a sin to defend capitalism and its values, however, it takes only a more accurate look at the system and we can see that "liberalism" and "democracy" are two expesive lies peoples defend. We don't live in such systems. 

One of the pillars of Liberalism is the defence of the minimum intervention of the state on the business and the individuals liberties. What we see today, however, especially in United States, is the use of the state's machinery to privilege certains enterprises, thus corrupting the democracy. The people becomes mere passive subjects in this scheme.


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Roberto Amaral entrega pedido de Impeachment de Gilmar Mendes


O Sr. Roberto Amaral, juntamente com outros juristas, distribuem o pedido de impeachment de Gilmar Mendes no Senado Federal. Acompanhe:


Soneto da Cassação


De tudo ao cramunhão serei atento
Antes, Decorativo, hoje, nem tanto
E mesmo que esteja o Cunha em prantos
A ele fique apenas meu esquecimento.


Quero viver de cada vaia um alento
E em louvor a Lúcifer espalharei meu canto
Com bala de borracha em petista entretanto
e um castigo repressivo virulento

E assim quando mais tarde a Veja me procure
Quem sabe o tablóide, popularidade incide
Quem sabe a estampa, fim de quem trama

Eu posso dizer da presidência (que tive):
Que eu não seja um estadista, "Golpista" me chamam
Mas que eu esteja impune enquanto dure

Melhores momentos da sessão de cassação de Eduardo Cunha

Silvio Costa denuncia: Apesar de evangélico, Cunha bebe vodka.


"V. Exª disse: 'vou tirar dois presidentes'. E eu acho que vai mesmo"

Para Clarissa Garotinho, Eduardo Cunha é fariseu.

Tchau, "querido"!


O dia de ontem (12/9/16) foi marcado pela queda de Lúcifer votação do processo de cassação do queridinho do MBL Eduardo Cunha. Já era esperado o resultado desfavorável para o ex-Deputado, que agora vai para a Masmorra de Curitiba, mas a amplitude das deserções surpreendeu. Foram 450 votos a favor, 10 que tiveram coragem de dizer que eram contra e 9 que se abstiveram (o que contava como voto contra a cassação, tendo em vista que a perda de mandato e dos direitos políticos requeria maioria absoluta do Congresso Nacional).

A lista dos que defenderam abertamente Eduardo Cunha foi:

Arthur Lira (PP-AL)
Carlos Andrade (PHS-RR)
Carlos Marun (PMDB-MS)
Dâmina Pereira (PSL-MG)
Sr. João Carlos Bacelar (PR-BA)
Sr.ª Jozi Araújo (PTN-AP)
Júlia Marinho (PSC-PA)
Marco Feliciano (PSC-SP)
Paulinho da Força (SD-SP)
Wellington Roberto (PR-PB)

O rol daqueles que o defenderam indiretamente (abstenções) foi:

Alberto Filho (PMDB-MA)
André Moura (PSC-SE)
Del. Edson Moreira (PR-MG)
Mauro Lopes (PMDB-MG)
Saraiva Felipe (PMDB - MG)
Laerte Bessa (PR-DF)
Rôney Nemer (PP-DF)
Alfredo Kaefer (PSL-PR)
Nelson Meurer (PP-PR)

Sobre aqueles que votaram contra e se abstiveram, cabe uma estatística curiosa: apenas os senhores João Carlos Bacelar e Jozi Araújo foram contra o processo de destituição da presidente eleita.

O advogado de Eduardo Cunha teve uma atuação bem aquém do esperado. Dotado de um discurso palanquista-eleitoreiro que contrastou com a perícia das palavras do Sr. Eduardo Cardozo, a defesa de Marcelo Nobre balizou-se nas afirmações de que não haviam provas materiais contra seu cliente (ele enfatizava frequentemente a expressão "meu cliente"; não há afeto entre cobras) e que não há como julgar seu mandato do Plenário da Câmara, porque lá havia muitos desafetos do até-então-parlamentar-afastado, o que comprometia a imparcialidade. Afirmou também que a cassação, se consumada, iria lançar um precedente de linchamento.

Bom, contra a Sr.ª Rousseff tampouco havia provas materiais e o Senado estava cheio de desafetos que sequer vetorizaram seu voto em relação ao que foi instruído nos autos; quanto ao precedente de linchamento, esse foi aberto no dia 17 de abril de 2016, televisionado para o Brasil inteiro e Eduardo Cunha só foi uma vítima da caixa de Pandora que ele mesmo havia aberto. Lembra-me muito da história do inventor da guilhotina, o Sr. Joseph-Ignace Guillotin, que morreu guilhotinado. Tristes são as ironias da vida.

Em seguida, o réu no STF subiu na tribuna para defender seu mandato. Outra vez o contraste foi gritante: enquanto a Sr.ª Rousseff saiu engrandecida de seu julgamento, Cunha se rebaixou. Começou seu discurso falando do lado A de sua carreira parlamentar, mas não mencionou sobre o escândalo da Telerj, a qual lhe rendeu demissão da diretoria, o impeachment de Collor e a morte de PC Farias. Afirmou que estava sendo cassado por vingança do PT (UHAUEHAUEHAUEHU), que ter dinheiro em truste não era crime -- só esqueceu de avisar a origem de tanto dinheiro e porque não curte muito pagar impostos-- e afirmou que, sem ele, o processo de destituição da presidente não teria acontecido. Aliás, teve a coragem de afirmar que ter dinheiro em truste não era ter conta no exterior(figuraça...). Disse o ex-presidente da Câmara: "Aliás, marcar uma votação como esta, à véspera do processo eleitoral, é querer transformar isso num circo. Nós não somos julgadores por natureza, nós não temos o hábito do julgamento, principalmente daquilo que é técnico. O Plenário é soberano! O Plenário é soberano."

Agora, a contradita. Marcar uma votação no domingo a tarde e chamar  a rede Globo para televisionar ao vivo só não é circo porque os palhaços são pessoas de respeito (exceto o Tiririca). E se a Câmara não tem o hábito do julgamento, por que motivos é condenável julgar a cassação de Eduardo Cunha, mas não a da presidente do país, que tem uma carga representativa gigantescamente maior? 

Continuando seu discurso, afirmou: "Nenhum de vocês conhece uma peça de um processo que tem 7 mil páginas! Nenhum conhece! Nenhum conhece!". Cabe-nos lembrar, no entanto, que a própria presidente da República foi julgada pelo "conjunto da obra" por vários senadores e deputados, ignorando completamente a instrução do processo. Tristes são as ironias dessa vida, hein, "querido"?

Cunha citou as denúncias contra Renan Calheiros: "Uma denúncia existente contra o Presidente do Senado está lá há três anos e oito meses, e não é apreciada no Pleno do Supremo". E foi nessa tônica de acusações e queixumes que se defendeu, terminando com aquele choro ensaiado que já havíamos visto anteriormente. 

Em seguida, Rodrigo Maia abriu a matéria para discussão. Começou com dois parlamentares falando a favor e dois contra, intercaladamente. O deputado Marun, que defendeu Cunha com unhas-e-dentes, solicitou para que se votasse um projeto de Resolução, com a finalidade de poder separar a cassação do mandato e a perda dos direitos políticos separadamente, justificando que assim havia acontecido com o processo de impeachment. Seus pedidos foram indeferidos pela Mesa e pelo Plenário. Na tribuna, com uma péssima dicção, afirmou que Cunha apenas tinha omitido a vinculação à truste e não merecia a morte política. Outro que defendeu Cunha (mas não teve coragem sequer de votar contra, abstendo-se) foi o Del. Edson Moreira, aquele que aproveitou-se do caso da Eliza Samúdio para lançar-se candidato. Logo que chegou ao púlpito e abriu a boca, o tédio tomou conta de quem ouviu. Uma oratória lastimável para um parlamentar. Parecia que estava bêbado. Afirmou ele que "sua consciência não vai lhe deixar dormir se, por pressão popular, cassar um deputado assim, usando como mote a mentira". Pouco antes da votação, Edson Moreira voltou à tribuna e disse que quem deve julgar Cunha é o STF. "A denúncia no Conselho de Ética é de que ele mentiu. Não tem prova de mentira."

 Somente esses dois tiveram coragem de ir falar a favor do ex-presidente da Câmara, que nunca se encontrou tão isolado. Ao final, depois de proclamado o resultado, Cunha vira para a câmera de alguém que filmava e falou "a querida já foi embora"; a resposta foi um "e o querido está de partida para Curitiba; tchau, querido". O Plenário urrava "Fora, Cunha" ao fundo.


P.S.: Rodrigo Maia presidindo a Mesa é uma tortura. O cara não leva jeito... Sem a altivez necessária, os enfrentamentos entre Marun e o resto do Plenário viraram uma turba anárquica que o presidente da Câmara teve muita dificuldade para estabilizar.






segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Cunha e sua mulher enfrentam saia-justa em entrevista

É para rir muito, minha gente!



Nem a televisão está respeitando mais o Eduardo Cunha. Fica patente isso quando Cabrini foge ao script. Detalhe que a entrevista aconteceu no jardim da casa deles. Já o Moro está procurando o endereço de Cláudia até hoje. A Câmara teve que intimar o cidadão de bem por edital.

É um escárnio!

A segunda semana pós-democracia

19-7-18


1.       Venezuela. A oposição tenta fazer a “Tomada de Caracas” para alijar Nicolás Maduro do poder, seja à força ou seja convocando um referendo revogatório – lá o recall é um dispositivo constitucional criado pelo Hugo Chávez. Assim como aconteceu no Brasil, as manifestações foram convocadas com antecedência e não houve repressão contra os manifestantes. Aconteceram atos, também, em favor de Maduro, embora de menor magnitude. A imprensa internacional, no entanto, amplificou ainda mais as manifestações contrárias e minorou o máximo que pôde sobre as manifestações a favor. Um jornalista que informou sobre os protestos contra Maduro, Braulio Jatar, desapareceu no dia 3. O presidente venezuelano visitou na sexta-feira um setor popular em Porlamar para fazer uma transmissão ao vivo. No entanto, dezenas de pessoas conseguiram cercar Maduro e, entre insultos e batidas em panelas, fizeram-no fugir. De acordo com as organizações locais de direitos humanos, pelo menos 30 pessoas foram presas no incidente com Maduro e provavelmente Jatar estaria entre eles.
2.       Golpe de estado. Uma semana após o aperfeiçoamento do golpe de estado no Brasil, parece não haver consenso entre os golpistas sobre o que fazer com o poder. O único consenso que sobressai é sobre a Operação Lava Jato, que foi o catalisador que uniu as várias forças políticas do país. No entanto, enquanto Michel Temer tenta parecer um estadista, sua base aliada se degladia para conseguir a maior fatia do bolo. Isso se consubstancia por uma nova fase de Brasil-Colônia: as riquezas precisam ser vendidas ao exterior, mas são tantos interesses envolvidos que não se sabe exatamente como fazer. A situação do desinterino é complicada: seu principal objetivo é fugir da Lava Jato – quanto a isso, ele conseguiu uma sobrevida de dois anos e meio, pois o presidente não pode ser processado por atos estranhos ao exercício de suas funções enquanto estiver investido no mandato. Agora, ele tenta se “perpetuar” no poder (perpetuar entre aspas, pois o velho tem 75 anos de idade; é perigoso ele morrer antes do termo do mandato), bem como impor seus valores feudais à sociedade brasileira: é só isso que ele quer. Todos os outros absurdos advêm do gabinete que lhe deu suporte: estes começam a cobrar a fatura: os empresários querem a “flexibilização” dos direitos trabalhistas, o PSDB quer a liberalização do mercado e a privatização, ambos para favorecer os seus ídolos americanos, e o Centrão (isso inclui o PMDB, o alto clero) quer sua fatia de poder. A bem da verdade, já podemos notar um golpe dentro do golpe. Gilmar Mendes já articula no TSE a cassação da chapa Dilma-Temer para 2017, para que não seja possível fazer eleições diretas. Como sabemos, meus Senhores, a intenção aqui é forçar a eleição para o Parlamento, de modo a viabilizar o QUARTO turno. Só não sabemos ainda se quem assume é o Aécio ou o José Serra (provavelmente será o Serra, porquanto o Aécio é candidato a boi-de-piranha).
Vários juristas pediram a destituição de Gilmar Mendes essa semana, mas o pedido simplesmente sumiu das manchetes da mídia tradicional. O Ministro do STF, um dia depois, mandou um recado a Temer, ao despachar para a Polícia Federal de que a responsabilidade das contas da campanha eleitoral era conjunta entre Dilma, Temer e o tesoureiro do PT.
Após a enquete sobre novas eleições no site do Senado chegar a 92% a favor do sim, com o maior número de participação já registrado, a enquete estranhamente sumiu do site.
A mídia tradicional pediu uma maior repressão contra os manifestantes, mostrando a quem serve. Apelaram para o discurso da ordem, o que gerou uma reação negativa da opinião pública. É bom ver que o Brasil está mudado. Após ter sua fachada depredada e após aparecer vários vídeos mostrando que os vândalos são os policiais, inclusive depois da crítica de Gregório Duvivier, colunista da própria Folha, a imprensa resolveu voltar atrás e apoiar as manifestações. Já o Estado de São Paulo, liberalista e conservador como sempre, convidou o presidente da Riachuelo, condenada a pensão vitalícia por trabalho escravo, para falar sobre direitos trabalhistas.
No dia 3, o Papa Francisco pediu uma reza a Nossa Senhora de Aparecida para que “proteja todo o Brasil e todo o povo brasileiro neste momento triste”. O Pontífice afirmou ainda que tinha planos de voltar ao Brasil, mas que estava cancelando, um gesto quase equivalente ao de cancelar uma viagem diplomática. Sabe-se que o Papa já teve um posicionamento indiretamente contra o golpe de estado que ocorreu. Michel Temer, canalha que é, subverteu a afirmação do Papa, dizendo à imprensa que Francisco estava falando sobre as manifestações; disse ainda que o Papa tem o mesmo objetivo que ele próprio: pacificar o país. “Eu acho que ele revelou uma preocupação com o Brasil, uma preocupação que todos temos”, disse o ilegítimo.
Temer e Alexandre de Moraes, o advogado do PCC, interferiram na Comissão de Anistia, colocando vários membros pró-ditadura, o que gerou repúdio de diversas ONGs de direitos humanos. O Presidente da Câmara dos Deputados afirmou que a reforma política que tramita na Casa não tem como foco o combate à corrupção. Nunca foi pela corrupção, mas pelo preconceito, como sabemos.
Por fim, Geddel afirmou nas mídias sociais que assumir governo sem voto é gostoso. É um escárnio.
3.       Protestos nas ruas. Aos gritos de golpista, Marcelo Calero, que usurpou a pasta da Cultura, deixou o Festival de Cinema de Petrópolis. Apesar desse tipo de protesto não ser eficaz em derrubar ninguém do poder, ele desmoraliza e é importante para manter o moral contra o golpe. Florianópolis foi a cidade que teve o maior protesto relativo contra Temer, ao se considerar o número de pessoas que saiu às ruas e o número de habitantes (1 a cada 68). Em São Paulo, houve 1 a cada 10 mil. O protesto de 100 mil pessoas que lotou o Largo do Batata no dia 4 terminou com repressão policial. Os vândalos de farda jogaram bomba de gás lacrimogêneo, sem motivos, na população, atingindo inclusive o Sr. Lindbergh Farias, Senador; o Senhor Paulo Teixeira, Deputado Federal; e o Senhor Roberto Amaral, ex-ministro, que tem 69 anos. Não respeitam ninguém. Enquanto vários protestos de grandes proporções aconteciam, a Globo transmitia o Brazilian Day em Nova Iorque.
26 jovens (maiores e menores) foram presos pela PM acusados de “associação para o crime” enquanto se concentravam para o ato “Fora Temer”. Nenhum deles havia praticado qualquer ato lesivo a coisa ou pessoa, conforme admitiu o próprio delegado responsável pelas prisões. Estranhamente, foram levados para o Deic e ficaram sem prestação de advogados e incomunicáveis, numa grave violação de direitos humanos. Os senhores Paulo Teixeira e Eduardo Suplicy se engajaram contra a detenção arbitrária dos jovens. O juiz que recebeu o Habeas Corpus determinou a soltura imediata, criticando em sua sentença a ação da PM: “O Brasil como Estado Democrático de Direito não pode legitimar a atuação de praticar verdadeira ‘prisão para averiguação’ sob o pretexto de que os estudantes poderiam, eventualmente, praticar atos de violência e vandalismo em manifestação ideológica. Este tempo, felizmente, já passou. (...) Destaco que a prisão dos indiciados decoirreu de um fortuito encontro com policiais militares que realizavam patrulhamento ostensivo preventivo, e não de uma séria e prévia apuração, de modo que qualificar os averiguados como criminosos à míngua de qualquer elemento investigativo seria, minimamente, temerário. (...) Não há mínima prova de que todos se desconheciam”. Foi uma prisão política, completo.
A prestação advocatícia tem sido dificultada em todo o país quando se relaciona com detido em manifestações contra o desinterino. A OAB tem sido muito cobrada contra esses abusos, no entanto, encontra-se silente.
Não obstante todas as críticas e reviravoltas, nos atos do dia 5 a Polícia Militar agiu com a mesma truculência e vandalismo. Começa-se a abrir espaço para o debate da desmilitarização da polícia ostensiva. Acredito, senhores, que, além disso, é preciso reformar a educação e a ideologia conservadora de “cães da elite” da força pública de segurança.



Contra a quebra da ordem, segue a desobediência civil.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Dilma questiona questionamento de Gilmar Mendes no TSE


Mal Gilmar Mendes foi até a sua imprensa favorita defender seu golpe de estado, para tirar Temer e colocar os amigos do seu partido (PSDB), o advogado da Senhora Dilma Rousseff publicou nota sobre a auditoria independente realizada no âmbito da prestação de contas da campanha de 2014. Segue a íntegra:

"A defesa de Dilma Rousseff apresentou, nesta quinta (8), Parecer Técnico Contábil Divergente, elaborado pelo seu assistente técnico, o auditor independente Cláudio Wagner, nos autos da Ação de investigação judicial eleitoral perante o TSE.

O PARECER CONTÁBIL DIVERGENTE contendo mais de 8 mil páginas, em 37 volumes de documentos, concluiu pela insuficiência do laudo pericial elaborado pelos peritos judiciais ( de apenas 200 páginas), que deixou de analisar documentos indispensáveis, bem como de realizar diligências e vistorias necessárias.

Após a análise de mais de 8 mil documentos, disponíveis em fontes abertas, e que não foram apreciados pelos peritos do TSE, o PARECER CONTÁBIL DIVERGENTE comprovou que os serviços contratados com as empresas FOCAL, VTPB E RED SEG foram devidamente prestados, inexistindo qualquer suspeita de que tivesse havido desvios de valores.

Como se isso não bastasse, além de demonstrar a entrega total do material contratado, o PARECER CONTÁBIL DIVERGENTE constatou ainda que a campanha presidencial recebeu a mais da fornecedora VTPB, cerca de 50 milhões de santinhos dedicados a campanha do vice Michel Temer.

Ao considerar o laudo pericial como insuficiente, incompleto e impreciso, a defesa de Dilma Rousseff requereu ao TSE que nova perícia contábil seja realizada e considere as 8 mil páginas de documentos juntadas aos autos e não examinadas pela perícia anterior.


Flávio Caetano
Advogado de Dilma Rousseff"

Funcionários dos Correios se Arrependem de Terem Apoiado o Golpe



A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) decidirá, em assembleia, na data de hoje se entrarão em greve, após o desinterino Michel Temer sinalizar para a privatização da E.C.T.. Os trabalhadores afirmaram que há inúmeros ataques aos direitos trabalhistas por vir, bem como o achacamento de seus benefícios ainda vigentes.

Ah, Correios... eu sei o que você fez no verão passado! Vocês apoiaram o golpe e agora estão pagando o pato...

Claro que as massas devem se reconciliar com os empregados da E.C.T e se solidarizar com sua campanha, mas seria de grande nobreza se os grevistas fizessem o mea culpa por terem apoiado o rompimento da democracia.

Mentiras do MBL #1 -- os direitos do trabalhador não são direitos

O MBL -- Movimento Bebê Limpinho -- publicou recentemente essa mentira na internet:


Senhores, um esclarecimento. A carga dos direitos trabalhistas é 46% do salário sim, mas quem arca com isso é o empregador. Ou seja, se não existissem os direitos trabalhistas (que são encargos para o empresário), a renda das empresas seriam aproximadamente 50% maiores e o assalariado teria o mesmo salário-mínimo mirrado de sempre, só que sem os direitos. A má-fé do MBL encontra-se em fazer o menos instruído acreditar que esse dinheiro iria para o bolso dele, quando, na verdade, não haveria distinção nenhuma para o empresário em embolsar ou repassar aquela renda para o empregado.

Lembremos que o MBL já mentiu várias vezes antes e não inspira confiança.

A Autofagia do Pato


É difícil por vezes entender o porquê de uma pessoa defender bandeiras que vão de encontro frontal a seus interesses. O caso da campanha "Não Vou Pagar o Pato" talvez tenha sido a mais emblemática desses últimos tempos. Apelidada por uns de "Pato de Troia", citado por Romero Jucá como o "Grande Pacto (leia-se Pato) para barrar a Lava Jato", "Com Supremo, com tudo", certamente o que parte do povo brasileiro defendeu durante o ano de 2015 e no começo de 2016 não era exatamente o que se esperava.

Na verdade, eram os lançadores da campanha que não queriam pagar o pato; o que é imprescindível citar, no entanto, é que o marreco deles não era o mesmo que o nosso. As Organizações Globo e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo queriam a Senhora Rousseff fora do poder porque seus interesses estavam fortemente ameaçados. Trata-se de uma verdadeira gerontocracia, o último suspiro de uma elite fadada a perder a sua influência política num Brasil que já mudou e eles se relutam a integrar.

Primeiramente, Fora Temer. Em segundo lugar, falemos das Organizações Globo e das outras decrépitas famílias mafiosas da mídia. Detentora de uma das maiores sonegações de impostos do Brasil, a Rede Globo e seus colegas têm que lidar com o derretimento lento e progressivo de sua audiência, com o corte de parte das verbas publicitárias e pela emergência dos novos meios de comunicação, oriundos da revolução da informação (Netflix, Youtube, entre outros) que drenam os anunciantes para seus canais. Tendo em vista este quadro, a empresa, ao invés de tentar se integrar plenamente à nova forma de comunicação e aos novos valores da sociedade, resolveu fazer o que toda elite que envelhece e cheira a naftalina resolve fazer: uma ofensiva conservadora contra os tempos. E eis a triste verdade do brasileiro, meus Senhores. Quem mais consome a informação destes canais infames é justamente aquele que mais têm os interesses opostos aos daqueles: o pobre, o trabalhador, o que não tem um acesso democrático à informação. Portanto, para a mídia tradicional proteger seu espaço bastou começar uma campanha de difamação para poder alijar os setores progressistas do poder. Ecce patus.

Ao lado da imprensa velhaca, encontram-se os empresários, que aproveitaram de um momento de expansão de mercado sob Lula I e II e Dilma I e agora testemunham o começo de um franco declínio do capitalismo, vendo a margem de seus grandes lucros diminuir. Paralelamente a isso, o mundo (e não só o Brasil) passa por uma nítida fase de estagnação da industrialização, ou até mesmo do encolhimento da indústria, o que faz com que o setor inefavelmente entre em crise. Ao prever isso, mais uma vez, ao invés de se modernizar, a elite industrial brasileira resgata o conservadorismo e lança uma campanha para mandar o país para a década de 30. O pato da FIESP é justamente não querer arcar com tanto direito para o trabalhador, de forma a poder deprimir o seu salário e a contribuição que faz ao Estado, tornando a margem de lucro supostamente maior. 

Por fim, temos o trabalhador, que arca com a esmagadora maioria da carga tributária brasileira. A cada 100 reais que ganha, ele gasta 42,5 pagando impostos, enquanto as empresas, de cada 100 reais, pagam somente QUATRO reais! (pasmem). No entanto, influenciado que é pelo empresário e pela mídia, o trabalhador acaba achando que a culpa por pagar tanto imposto é do governo unicamente, quando, na verdade, quem faz pressão para que a arrecadação saia dos estratos mais pobres é justamente os empresários e a mídia, fazendo o Estado agir como um Robin Wood ao contrário -- tirando dos pobres e investindo nos ricos. Este certamente não quer pagar o pato

A autofagia do pato.

Todos os patos serão patos de si mesmos. 

Apesar de não ser este o fim da Rede Globo, os ventos sinalizam para o fim da hegemonia da empresa. E ao lançar uma campanha tão descaradamente manipulada e mentirosa, sua credibilidade caiu grandemente, fazendo com que boa parte da população resolva aderir ao boicote de seus produtos. Isto pode agravar ainda mais a situação da empresa, acelerando o fim do seu poder ilimitado. 

Com relação à Fiesp, eles querem diminuir a renda do trabalhador para obter margens maiores, sem compromisso nenhum com o nível de emprego, ao contrário do que pregam. Devemos lembrar que, antes dessa crise mundial definitivamente nos atingir, estávamos numa fase de pleno emprego. Porém, quanto mais direitos tiverem o trabalhador, melhor para os próprios industriários, pois a demanda por bens duráveis é proporcional ao número de pessoas que atingem uma determinada faixa de renda e, caso se deprima muito a renda média do assalariado, este não vai consumir os produtos de indústria, causando uma crise de oferta, culminando para o fechamento de firmas. O governo que entrou, por sua vez, é adepto da austeridade, gosta de agradar os bancos, e vai manter o nível de juros altíssimo, até a inadimplência explodir, comprometendo todo o sistema financeiro. O preconceito de classe será a semente da derrocada desse processo.

Por fim, o pato do pobre, coitado. O assalariado que compareceu à Paulista com a camiseta da Seleção brasileira foi panfletar pelo fim dos próprios direitos. Há parado no Congresso Nacional 55 medidas atentatórias contra a CLT e os direitos dos oprimidos. O que mais entristece é que o oprimido não tem a consciência da própria opressão. Com relação à classe média empresarial, aquela que detesta pobre e que também vestiu a camiseta do Neymar, estes também dão um tiro no próprio pé pois, ao defender a queda da Senhora Rousseff, indiretamente apoiou a ascensão de Temer, e isto significa um projeto amplo de liberalização econômica no plano internacional -- e eu quero ver um empresário pequeno brasileiro conseguir vender um produto aqui dentro com um preço menor do que vende um chinês ou um americano, que tem uma indústria gigantesca.

A Carta na Manga de Gilmar Mendes

"Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal: (...) proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções." 




Apesar de a destituição da presidente Dilma Rousseff já haver acontecido e do golpe já haver se aperfeiçoado, o controle da pós-democracia pela elite-do-formol, exercido pelo desinterino Michel Temer, ainda é frágil.

Três pontos nevrálgicos que podem levar o "governo" a um possível débâcle são: 

1) a fragilidade do argumento contra a votação em separado da destituição da Sr.ª Rousseff e da perda de seus direitos políticos;
2) a resposta das ruas, principalmente quando o turbilhão começar a bater na porta da Rede Globo e das grandes empresas;
3) o processo de cassação eleitoral contra a chapa Dilma x Temer.

Dentre essas três fissuras apresentadas, Gilmar Mendes participa do controle de pelo menos duas: a da votação em separado e a do processo de cassação da chapa. 

Foi noticiado ontem que, entre outros, os senhores Celso Antonio de Bandeira Mello e Roberto Amaral apresentarão um pedido de impeachment contra o ministro do STF, por não proceder de modo compatível com a honra, dignidade e decoro das funções que exerce, sendo que o protocolo em Brasília acontecerá no próximo dia 10. 

No mesmo dia, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que já havia se posicionado em ser a favor de responsabilizar somente a Senhora Rousseff na questão da cassação da chapa, declarou à Polícia Federal, em despacho, que a "ex-presidente Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer e o ex-deputado José de Filippi Júnior eram os responsáveis pelas contas de campanha de 2010 da petista. Na época, Temer era o vice na chapa e Filippi Jr. era o tesoureiro da campanha de Dilma. A informação sobre quem eram os responsáveis pelas contas foi solicitada no fim de agosto pela delegada Janaina Costa de Oliveira Gadelha dentro de um inquérito aberto neste ano pela PF. Em resposta à delegada, Mendes citou diversas leis e normas do TSE que colocam sobre o candidato e o administrador financeiro da campanha a responsabilidade “solidária” pelas informações de receitas e despesas de campanha." (referência: PiG)

Podemos entender a movimentação de duas formas: primeiro, que Gilmar manda o recado sobre o que o Senado Federal deve fazer com o seu pedido de impeachment. Segundo, que há um golpe dentro do golpe. Diz a Constituição (que hoje sangra):


"Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.


§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei."

Portanto, não estranhem se, a partir do ano que vem, quando não for possível mais realizar eleições diretas no caso da destituição do Senhor Michel Temer, um certo senador do PSDB não chegue à presidência por meio do voto indireto do Congresso Nacional. E mais, meus Senhores, estranhem menos ainda se este mesmo presidente ilegítimo não começar a falar de implantar o Parlamentarismo. Sempre que há um Estado de Exceção, ele tenta se perpetuar, mesmo que com o argumento da provisoriedade.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Pedido de Impeachment de Gilmar Mendes




Juristas entregam o pedido de impeachment contra Gilmar Mendes. Entre os nomes que assinam a destituição do ministro do Supremo encontra-se o de Celso Antônio Bandeira de Mello, o maior constitucionalista brasileiro, e Roberto Amaral, ex-Ministro que, aos 69 anos, levou bomba de gás lacrimogêneo ao lado do Senador Lindbergh Farias, nos protestos contra o golpe de estado perpetrado por Michel Temer. Os Diplomatas de Sealand irão acompanhar o processo e registrar para a história.

Segue abaixo a íntegra do pedido que será protocolado no dia 10 deste mês:


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EXCELENTÍSSIMO SENADOR RENAN CALHEIROS
DD. PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL 


“PROMETO BEM E FIELMENTE CUMPRIR OS DEVERES DO CARGO DE MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NA CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO E AS LEIS DA REPÚBLICA".
(Juramento proferido pelos Srs. Ministros, em sua posse no Supremo Tribunal Federal). 

CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/SP sob n° 11.199, RG nº 1.956.077 (SSP-SP), CPF 002.114.868-68, título eleitoral n° 0005906830116, residente à rua Maranhão n° 565, apto. 12, São Paulo (SP), CEP 01240-001; FÁBIO KONDER COMPARATO, brasileiro, viúvo, advogado e professor universitário aposentado, RG nº 1.850.540 (SSP-SP), CPF 003322678-49, título eleitoral n° 862996401-67, residente à Rua Bennet, nº 349, em São Paulo (SP), CEP 05464-010; SÉRGIO SÉRVULO DA CUNHA, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/SP sob n° 12.859, RG 1793438 (SSP-SP), CPF 071134638-00, título eleitoral n° 1067401401-83, residente à rua Paraíba n° 92, em Santos (SP), CEP 11065-470; ENY RAYMUNDO MOREIRA, brasileira, advogada inscrita na OAB/RJ sob nº 16.912, CPF 135518257-34, título eleitoral n° 17417450370, com escritório à Rua México n° 111 - grupo 2.108, Rio de Janeiro (RJ), CEP 20031-145; ROBERTO ÁTILA AMARAL VIEIRA, que se assina apenas Roberto Amaral, brasileiro, advogado, inscrição suplementar nº 836 ‘A’, na OAB/RJ, CPF 038.281.077-53, título eleitoral nº 169995103-70, residente à rua das Laranjeiras n° 322, apto 201, no Rio de Janeiro (RJ), CEP 22240-003; e ÁLVARO AUGUSTO RIBEIRO COSTA, brasileiro, separado judicialmente, advogado inscrito na OAB/DF sob n° 1758, RG 376453 (SSPDF), título eleitoral n° 000214932003, residente na Super Quadra Sul 116, Bloco B, Apto. 303, Asa Sul, Brasília (DF), CEP 70386-020, vêm perante V. Excia., com fundamento na lei 1079/1950 e demais disposições legais incidentes na espécie, oferecer denúncia contra GILMAR FERREIRA MENDES, Ministro do Supremo Tribunal Federal, domiciliado em Brasília (DF), pelas seguintes razões de fato e de Direito: 

1. O denunciado, que ocupou cargos de confiança (Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e Advogado Geral da União) no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi por este nomeado, em 2002, para o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Nessa Corte, não esconde sua gratidão ao ex-presidente e sua simpatia por aquele partido, no qual esteve a ponto de se filiar, antes de sua indicação para o STF. Esse é fato perfeitamente natural. Juízes, como todos os demais cidadãos, têm suas preferências políticas, embora a alguns radicais pareça o contrário (criticou-se, por exemplo, a indicação do ministro Edson Fachin, pela presidente Dilma Rousseff, por ter votado no ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva). 

Acontece todavia que S.Excia. – como é público e notório – no exercício de suas funções judicantes, tem-se mostrado extremamente leniente com relação a casos de interesse do PSDB e de seus filiados, tanto quanto extremamente rigoroso no julgamento de casos de interesse do Partido dos Trabalhadores e de seus filiados, não escondendo sua simpatia por aqueles e sua ojeriza por estes. 

Assim que assumiu aquele cargo, chamou a atenção a liminar mediante a qual determinou o arquivamento de dois processos por improbidade administrativa – em curso na Justiça Federal – contra o então ministro da Fazenda, Pedro Malan, o então chefe da Casa Civil da Presidência, Pedro Parente, e o senador José Serra (veja-se a notícia tal como publicada em 28 de outubro de 2002, no site do Supremo Tribunal Federal (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe). Ambos os processos, paralisados desde aquela época, teriam seu desarquivamento promovido pela 1ª. Turma do STF em 2016 (http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,supremo-desarquiva ações contra Serra e ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso). 

São sem conta os fatos assemelhados a esse, mercê dos quais se firmou a aludida notoriedade, tornando dispensável sua prova (CPC, art. 374-I). Os denunciantes juntam à presente, como Apêndice I (que integra esta petição) uma relação exemplificativa desses fatos, com referência à fonte que os noticiou; a maioria deles, consistindo em atos praticados por S. Excia. no exercício de suas funções, atestam-se em registros oficiais (autos judiciais, atas e acórdãos do STF). Protesta-se pela juntada dos respectivos traslados ou certidões, caso se entenda necessário; quanto aos demais, referem-se a declarações constantes de entrevistas ou notícias de imprensa. Protesta-se, caso sejam desmentidos, pela produção da pertinente prova testemunhal. 

Esse comportamento de S. Excia. ofende ao princípio da impessoalidade, inscrito no art. 37 da Constituição da República. O interesse, aqui, não é discutir o fundamento das decisões apontadas e a pertinência dos meios processuais utilizados, não obstante em alguns casos extremamente discutíveis; mas sim apontar a coincidência que faz o Sr. Ministro pender invariavelmente a favor do PSDB e contra o PT. 

O código de processo civil brasileiro, ao tratar dos deveres do juiz, de sua suspeição ou impedimento, assim como de sua necessária imparcialidade, serve-nos para compreender o que seja impessoalidade. Ela significa basicamente que o agente público, no exercício de sua função, deve-se mover por padrões objetivos, e não por interesses ou inclinações particulares. Contra o princípio da impessoalidade atentam, por exemplo, o oportunismo, o nepotismo, o partidarismo, que fazem passar os interesses pessoais à frente do interesse público. O art. 139 do CPC manda ao juiz “assegurar às partes igualdade de tratamento". Por sua vez, a lei 8.429/1992, que objetiva implementar o disposto no art. 37§4° da Constituição da República, considera ato de improbidade administrativa, entre outros, “qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições" (art. 11). 

O partidarismo do denunciado, no exercício de suas funções judicantes, tem chegado a extremos constrangedores, como, por exemplo, ao pronunciar seu voto-vista no julgamento da ADI 4650-DF. Esse caso, pelas circunstâncias que o cercam, merece especial referência. 

A Ordem dos Advogados do Brasil, por seu Conselho Federal, promoveu, perante o Supremo Tribunal Federal, uma ação direta arguindo a inconstitucionalidade das disposições legais que permitem, nas eleições para cargos públicos, o financiamento por entidades privadas. 

Submetida à apreciação da Douta Procuradoria Geral da República, a ação obteve parecer favorável, da lavra da eminente Sub-Procuradora Geral dra. Débora Duprat. 

Iniciado em dezembro de 2013, o julgamento foi retomado pelo Plenário no dia 2 de abril de 2014, com voto-vista do ministro Teori Zavascki, que abriu divergência em relação aos votos anteriormente proferidos pelos ministros Luiz Fux (relator), Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Joaquim Barbosa (então presidente da Corte) no sentido da procedência do pedido; na mesma sessão os ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski anteciparam seu voto, posicionando-se respectivamente pela procedência parcial e total do pedido. Delineava-se, destarte, um julgamento favorável, por maioria, quando o Sr. Ministro Gilmar Mendes solicitou vista dos autos. 

Incide nesse caso o art. 134 do Regimento Interno da Corte, a saber: “Se algum dos Ministros pedir vista dos autos, deverá apresentá-los, para prosseguimento da votação, até a segunda sessão ordinária subsequente." Nos termos da Resolução n° 278/2003, nenhum ministro pode ficar mais de 30 dias (não-corridos) com um processo sob análise. Esse prazo é parcelado em três períodos de 10 dias. O ministro que pede vista de uma ação tem dez dias para devolvê-la, contados da data em que recebê-la em seu gabinete. O julgamento da matéria terá continuidade na segunda sessão ordinária que se seguir à devolução, sem necessidade de publicação em pauta. Se os autos não forem devolvidos no tempo determinado, o prazo é prorrogado automaticamente por mais dez dias (menos nos casos em que o processo envolva réu preso). 

Sucede que o Ministro Gilmar Mendes, tendo recebido os autos após aquela sessão realizada no dia 2 de abril de 2014, devolveu-os para julgamento em setembro de 2015, isto é, decorridos 18 meses. Durante esse período, não obstante não se tenha justificado na forma determinada pela norma regimental, S. Excia. prestou sucessivas declarações à imprensa, ou em palestras, sobre os motivos pelos quais não devolvia os autos (motivos aliás não-compartilhados por seus pares), e que seriam os seguintes (v. reproduções no APÊNDICE I, que faz parte integrante desta petição): a) “a matéria não estava madura e havia a intenção sub-reptícia de discutir a aplicação da própria decisão já naquelas eleições (de 2014), que já estavam em curso"; b) “a ação tinha uma lógica político-partidária, talvez até para levar a uma anistia para malfeitos, que agora se verificam (os malfeitos deste chamado Petrolão)"; c) caso se houvesse decidido em abril de 2014 sobre o tema, já se teria, logo em seguida, que resolver se aquilo se aplicaria às eleições de 2014, quando as campanhas já estavam estruturadas financeiramente; e isso geraria uma séria insegurança jurídica; d) “é uma matéria bastante complexa, talvez estejamos dando uma resposta muito simples. Nós temos que saber antes o que o Congresso está discutindo, qual é o modelo eleitoral, para saber qual é o modelo de financiamento adequado"; “nós devemos ter muita cautela nesse processo de reforma"; e) “eu acredito que não dá para discutir financiamento de campanha sem definir qual é o sistema eleitoral." 

As declarações do Sr. Ministro estenderam-se também à demora na devolução, e seus efeitos. Segundo S. Excia., parar um ano para refletir sobre algo dessa gravidade “não é nada abusivo", a demora seria “normal", e há precedentes semelhantes. Em declarações a O Estado de São Paulo, teria dito: "Se essas alterações para financiamento de campanha forem aprovadas, creio que se inviabiliza somente o conteúdo da ADI que trata de financiamento de campanha, mas a ação como um todo é bem mais ampla". 

São todos esses, à evidência, motivos extrajurídicos e extra-autos, de natureza subjetiva. Assim agindo, arrogando-se poder não previsto em lei, S. Excia. ofendeu ao princípio da celeridade, inscrito no art. 5°-LXXVIII da Constituição da República e na legislação processual. 

Por fim, devolvidos os autos, a ação foi julgada parcialmente procedente em 16 de setembro de 2015, por maioria de votos (8 x 3), ficando o Ministro Gilmar vencido, pois votou pela total improcedência. Foi constrangedora a leitura do voto do Sr. Ministro, não tanto pela sua duração (5 horas), mas pela pública demonstração de instabilidade emocional. Em sua versão escrita (71 páginas) – que não reproduz inteiramente a exposição oral – ressaltam incoerências, contradições e parcialidade, a ponto de ter sido considerado, pela crítica jurídica, como “lamentável" e “inacreditável". 

Foram estas, por exemplo, a manchete e parte da matéria do site “Pragmatismo político", publicada no dia 18.09.20l5: 

"O STF derrubou, por 8 votos a 3, o financiamento empresarial de campanhas eleitorais no Brasil. No voto de Gilmar Mendes (que segurou o processo por mais de um ano), sobrou imaginação para conspiração. Três professores da FGV e uma Procuradora de São Paulo comentaram os argumentos 'inacreditáveis' do ministro" 

“Em sua conta no Facebook, a procuradora de São Paulo Márcia Semer analisou o voto de Gilmar Mendes na sessão do STF que retomou, enfim, a discussão sobre o financiamento de campanhas políticas. 

‘O voto do Ministro Gilmar Mendes na ADI 4650, proposta pela OAB, não julga a inconstitucionalidade ou constitucionalidade do financiamento privado de campanha, mas, inacreditavelmente, se presta a fazer campanha política e tábula rasa de casos e fatos que nem sequer foram julgados. Fulaniza a decisão, que deveria ser conceitual com Lava Jato, Mensalão, etc, etc. Confesso que esperava mais do ministro. Muito fulanizada e dogmaticamente débil sua manifestação. Pra isso não precisava segurar o processo por mais de ano. Lamentável’, escreveu Márcia. 

Três professores da FGV Rio se manifestaram num artigo no site jurídico Jota sobre o voto de Gilmar Mendes no STF. São eles Joaquim Falcão, Thomaz Pereira e Diego Werneck Arguelhes. Confira abaixo trechos do artigo: 

‘Depois de 532 dias de silêncio (nos autos) o ministro Gilmar Mendes finalmente pronunciou seu voto no caso do financiamento de campanha por pessoas jurídicas. 

Em seu longo voto, o já esperado indeferimento do pedido foi secundário. Mendes lançou acusações de que a ação seria tentativa de conseguir via Supremo, em benefício do PT, uma reforma política que o partido não conseguiria aprovar no legislativo. 

No mundo de Mendes, o PT seria “autor oculto" por trás da OAB, que propôs a ação. Acusou outros ministros, a OAB, a UERJ e – por arrastamento – todos os demais acadêmicos e entidades sociais que questionam a doação de empresas para campanhas políticas de meros fantoches de interesses políticos escusos. 

Se sobrou imaginação para conspirações, faltou a capacidade de levar ideias a sério. A história de Mendes só fecha em um mundo em que ideias — de acadêmicos, de ativistas e de seus próprios colegas de tribunal — não tenham poder algum. 

Ao final da sessão um dos advogados do caso pediu a palavra em nome da OAB para se defender das acusações proferidas. Mendes recusou-se a ouvir, levantou-se e foi embora do plenário. Dessa vez, não levou os autos do processo com ele’." 

São estranhos alguns aspectos desse voto, que estava evidentemente pronto, aguardando apenas a oportunidade que a seu prolator parecesse favorável à alavancagem da campanha de oposição contra a Presidente Dilma Rousseff e a favor do seu impeachment. Assim, por ocasião do envio à Mesa para julgamento, foi-lhe enxertada uma catilinária contra o PT (pp. 34 a 42). O segundo aspecto, notável, é que as conclusões opõem-se às premissas: sendo seu objetivo demonstrar que o PT arrecadou de empresas o suficiente para vencer as eleições até 2038, e que a contribuição empresarial corrompe o processo eletivo, S. Excia. votou pela continuação desse sistema. O terceiro viés, de aparência paranoica, é que não obstante sendo o PT, segundo afirma, o maior beneficiário desse sistema, quer extingui-lo, e para isso conluiou-se com a OAB, contando com a manipulação da Suprema Corte para alcançar seu objetivo. 

A par de outros motivos que invoca para justificar seu voto, S. Excia. alinha estes: 

“É impossível acreditar que o Partido que mais se beneficiou de doações privadas, legais ou não, nos últimos anos, tenha agora se convertido a uma posição contrária a qualquer espécie particular [sic] na política eleitoral. A virada moralizadora por parte daqueles que, até o momento, fizeram do deixar-se corromper uma forma de vida é um embuste". 

[............] 

“O que houve, portanto, foi a absorção de um projeto de poder, defendido por um partido que já se confundia com o Estado brasileiro, por parte da sociedade civil organizada, no caso pela OAB. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil adotou a proposta e a apresentou ao Supremo Tribunal Federal. O absurdo de tudo isso revela-se na confissão de que a reforma política considerada “correta" pelo Partido oficial não é capaz de lograr a aprovação dos parlamentares brasileiros, que só não a aprovariam por legislarem em causa própria. [...............] Essa visão autoritária e que pretendia ceifar a concorrência democrática no Brasil, oriunda de um partido político, foi, então, encampada como posição defendida pela sociedade brasileira. E isso foi feito por meio da manipulação da OAB, uma instituição tradicional no Brasil e que conta em seu currículo com grandes serviços prestados ao país. Não bastasse isso, ajuizou-se a presente ação direta no Supremo Tribunal Federal, com a finalidade de também manipular a mais alta Corte de Justiça brasileira, pretendendo, com isso, arrancar deste colegiado interpretação legitimadora de um verdadeiro golpe nas instituições representativas brasileiras e, por conseguinte, na possibilidade de concorrência democrática efetiva no Brasil. [................] Estamos falando do partido que conseguiu se financiar a ponto de chegar ao poder; uma vez no Governo, passou a manter esquema permanente de fluxo de verbas públicas para o partido, por meio de propinas e pixulecos de variados matizes; e, após chegar ao poder e a partir dele abastecer, de modo nunca antes visto na história do país, o caixa do partido, busca-se fechar as portas da competição eleitoral, sufocando os meios de financiamento dos concorrentes. [.......] Em outras palavras, restringir o acesso ao financiamento privado é uma tentativa de suprimir a concorrência eleitoral e eternizar o governo da situação." (pp. 60 a 66 do voto escrito; transcrição a partir do site do STF). 

Para fazer tais afirmações, S. Excia. se apoiou em notícias de jornal, em elementos de investigações policiais em curso, em elementos constantes de processos “sub judice", e na sua imaginação. 

2. Em decorrência do seu descontrolado partidarismo, a frequência do Ministro Gilmar Mendes na mídia acentuou-se durante a crise política de 2015-2016. Quando mais é necessária a serenidade e equidistância da Suprema Corte, transformada em árbitro da disputa política, S. Excia. apresenta-se constantemente, nos jornais, como propagandista de uma das correntes em luta, deitando opinião sobre questões sob análise daquela Corte, ou que se desenham, potencialmente, como casos que a ela serão levados. São constantes, aí, declarações agressivas, irônicas ou desrespeitosas, contra o governo da Presidente Dilma Rousseff, o Partido dos Trabalhadores (PT), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mencionam-se, “exempli gratia": 

18.09.2015

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira (18) que o PT, da presidente Dilma Rousseff, tinha um “plano perfeito" para se perpetuar no poder, mas foi atrapalhado pela Operação Lava Jato. Gilmar disse que o dinheiro desviado da Petrobras tinha como destino campanhas eleitorais e, combinado com o final do financiamento privado de campanha – bandeira antiga do partido –, faria com que o PT fosse a sigla com mais recursos em caixa. “O plano era perfeito, mas faltou combinar com os russos", afirmou. “ Eles têm dinheiro para disputar eleições até 2038." O magistrado participou de seminário na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, onde discutiu o impacto de mudanças na legislação tributária para o setor, ao lado do presidente da entidade, Paulo Skaf (PMDB) – próximo ao vice-presidente Michel Temer. (http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/gilmar-mendes-diz-que-pt-tinha-plano-perfeito-para-se-perpetuar-no-poder-01q5gx1ko13vtwwz8t3fz52ok/) 

27.11.2015 

Lê-se no Estadão que o ministro Gilmar Mendes, do STF e do TSE, falando hoje sobre compra de votos (juridicamente, “captação de sufrágio") disse que “dispõe-se da possibilidade de fazer políticas públicas para aquela finalidade. Aumentar Bolsa Família em ano eleitoral, aumentar o número de pescadores que recebem a Bolsa Defeso". 

02.03.2016

Na REDE GNI, o dr. Gilmar Mendes acusa Lula de tentar intimidá-lo. 

24.05.2016

“Não vi isso [tentativa de obstruir a Lava Jato]. A não ser, uma certa impropriedade em relação à referência ao Supremo. Sempre vem essa história: já falei com os juízes ou coisa do tipo. Mas é uma conversa entre pessoas que tem alguma convivência e estão fazendo análise sobre o cenário numa posição não muito confortável". (http://www.tijolaco.com.br/blog/gilmar-mendes-e-o-supremo-e-ja-absolveu-juca/

17.03.2016
(jornal Estado de São Paulo) 


GILMAR MENDES, Ministro do Supremo chamou a ida de Lula para a Casa Civil de “bizarrice e desfaçatez, que nos enche de vergonha." É preciso muita desfaçatez para obrar dessa forma com as instituições. É preciso ter perdido aquele limite que distingue civilização e barbárie." (http:/politica.estadao.com.br/noticias/geral,nos-enche-de-vergonha-diz-gilmarmendes,10000021719 (17/3/2016)) 

10.06.2016, Globo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira (10), no Rio de Janeiro, que o Senado e a Câmara podem se recusar a chancelar os pedidos de prisão dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os pedidos de prisão dos três parlamentares do PMDB e do ex-presidente da República José Sarney, apresentados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vieram à tona na última terça-feira (7) por meio de reportagens do jornal "O Globo" e da TV Globo. "Para que haja a prisão, é preciso que se caracterize o flagrante delito, e essa é uma das questões que se deve examinar". 

01.06.2016, Agência Brasil

“Gilmar minimiza crise no governo. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, minimiza o fato da Lava Jato ter derrubado dois ministros em menos de vinte dias de governo do presidente interino Michel Temer. ...............‘É um governo provisório, que faz experimento e que teve que compor numa situação de emergência. Então não é surpresa que haja esse tipo de situação’. ................Ele afirmou, no entanto, que essas baixas não devem reverter o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado..........O ministro disse que, diante da perspectiva de que o afastamento de Dilma ainda pode ser revisto pelos parlamentares, o Governo Temer tem de fazer reformas e conquistar o apoio da Câmara e do Senado". 

10.06.2016, Valor Econômico

"Com todas as críticas, os embates se dão dentro dos marcos constitucionais", disse o ministro nesta sexta-feira, durante palestra na Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ). Para Mendes, o impeachment presidencial está "a caminho de se concretizar". "A realidade fiscal não aceita desaforos. ( http:/noticias.terra.com.br/brasil/politica/em-lisboa-gilmar-mendes-critica-cleptocracia-do-pt,97a 24768904dcced54bd0c6d112ba2

Como fecho a estas considerações, cabe o texto do Sr. Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, o dr. Ricardo Lewandowski, intitulado “Judicatura e dever de recato", publicado no jornal Folha de São Paulo, em 13.09.2015: 

“É antigo nos meios forenses o adágio segundo o qual juiz só fala nos autos. A circunspecção e discrição sempre foram consideradas qualidades intrínsecas dos bons magistrados, ao passo que a loquacidade e o exibicionismo eram –e continuam sendo– vistos com desconfiança, quando não objeto de franca repulsa por parte de colegas, advogados, membros do Ministério Público e jurisdicionados. 

A verbosidade de integrantes do Poder Judiciário, fora dos lindes processuais, de há muito é tida como comportamento incompatível com a autocontenção e austeridade que a função exige. 

O recato, a moderação e mesmo a modéstia são virtudes que a sociedade espera dessa categoria especial de servidores públicos aos quais atribuiu o grave múnus de decidir sobre a vida, a liberdade, o patrimônio e a reputação das pessoas, conferindo-lhes as prerrogativas constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos para que possam exercê-lo com total independência. 

O Código de Ética da Magistratura, consubstanciado na Resolução 60, de 2008, do Conselho Nacional de Justiça, consigna, logo em seu artigo 1º, que os juízes devem portar-se com imparcialidade, cortesia, diligência, integridade, dignidade, honra, prudência e decoro. 

‘A incontinência verbal pode configurar desde uma simples falta disciplinar até um ilícito criminal, apenada, em casos extremos, com a perda do cargo, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. 

A Lei Complementar nº 35, de 1979, estabelece, no artigo 36, inciso III, que não é licito aos juízes "manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos ou em obras técnicas ou no exercício do magistério". 

O prejulgamento de uma causa ou a manifestação extemporânea de inclinação subjetiva acerca de decisão futura, nos termos do artigo 135, V, do Código de Processo Civil, caracteriza a suspeição ou parcialidade do magistrado, que permitem afastá-lo da causa por demonstrar interesse no julgamento em favor de alguma das partes. 

Por mais poder que detenham, os juízes não constituem agentes políticos, porquanto carecem do sopro legitimador do sufrágio popular. E, embora não sejam meros aplicadores mecânicos da lei, dada a ampla discricionariedade que possuem para interpretá-la, não lhes é dado inovar no ordenamento jurídico. 

Tampouco é permitido que proponham alterações legislativas, sugiram medidas administrativas ou alvitrem mudanças nos costumes, salvo se o fizerem em sede estritamente acadêmica ou como integrantes de comissões técnicas. 

Em países civilizados, dentre eles o Brasil, proíbe-se que exerçam atividades político-partidárias, as quais são reservadas àqueles eleitos pelo voto direto, secreto e universal e periódico. Essa vedação encontra-se no artigo 95, parágrafo único, inciso III, da Constituição. 

Com isso, não só se impede sua filiação a partidos como também que expressem publicamente as respectivas preferências políticas. Tal interdição mostra-se ainda mais acertada porque os magistrados desempenham, ao par de suas relevantes atribuições, a delicada tarefa de arbitrar disputas eleitorais. 

O protagonismo extramuros, criticável em qualquer circunstância, torna-se ainda mais nefasto quando tem o potencial de cercear direitos fundamentais, favorecer correntes políticas, provocar abalos na economia ou desestabilizar as instituições, ainda que inspirado na melhor das intenções. 

Por isso, posturas extravagantes ou ideologicamente matizadas são repudiadas pela comunidade jurídica, bem assim pela opinião pública esclarecida, que enxerga nelas um grave risco à democracia". 

CONCLUSÃO E PEDIDO 

Reza o art. 52 da Constituição da República que compete ao Senado Federal: 
.................

“II-processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador Geral de Justiça e o Advogado Geral da União nos crimes de responsabilidade". 

A respeito, assim dispõe a lei 1079/1050: 

“Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal:
(omissis) 
5) proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções." 
........................ 

Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pelos crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40). .......................... 

Art. 44. Recebida a denúncia pela Mesa do Senado, será lida no expediente da sessão seguinte e despachada a uma comissão especial, eleita para opinar sobre a mesma". 

A seu turno, diz a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (lei complementar 35, de 14.03.1979), em seus arts. 35 e 36: 

“Art. 35- São deveres do magistrado: I-cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício; II-não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar; .....(omissis). 

Art. 36-É vedado ao magistrado: (omissis) III- manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos ou em obras técnicas ou no exercício do magistério." 

REQUEREM pois que, aceita e processada a presente denúncia, com fundamento no art. 39-5 da lei 1079/1950, c/c o art. 36-III, da lei orgânica da magistratura nacional, seja o denunciado afinal destituído do seu cargo, nos termos do art. 70 da mesma lei 1079/1950. Com os apêndices inclusos, que fazem parte desta petição, e protestando por todos os meios de prova, notadamente pela juntada dos registros judiciais dos atos referidos, oferecem desde já o incluso rol de testemunhas. 

ROL DE TESTEMUNHAS: 

1. Fernando Gomes de Morais, que também assina Fernando Morais, jornalista profissional, brasileiro, casado, residente à rua Pernambuco 197, apto. 10, São Paulo (SP), RG 4.190.737 ( SSP-SP), CPF 065.145.298-87, título eleitoral 0000 3839 0132. 

2. José Carlos de Assis, brasileiro, casado, identidade 8786 (CRE-RJ), CPF 239403447-53, título eleitoral nº 7065003/70, residente à rua Correia Dutra 147, Rio de Janeiro (RJ). CEP 22210 050. 

3. Lincoln de Abreu Penna, brasileiro, casado, professor, RG 1701589-2, CPF 2546336757-91, título eleitoral n° 16086203/70004, residente à rua W. Francisco Xavier n° 25/302, Rio de Janeiro (RJ), CEP 20 550-010. 

4. Isabel Idelzuite Lustosa da Costa, brasileira, casada, cientista política, RG 93002304333 (SSPCE), CPF 090963883-72, titulo eleitoral 031241710396, residente à rua Fonte da Saudade n° 265/apto 302, Rio de Janeiro (RJ) CEP 22471-210. 

5. Aldo Silva Arantes, brasileiro, casado, RG 23888 (SSP-GO), CPF 014184398-51, residente em Brasília (DF), na SQS 313, Bloco E, apto 304, CEP 70.382-050. 

6. Antônio Henrique Lago, brasileiro. casado, jornalista, identidade 02195977 (emitida pelo Detran), CPF 180 705 157-91, título eleitoral n° 018976180329, residente à rua Gustavo Sampaio nº 542, aptº 304, no Rio de Janeiro (RG), CEP 22010-010. 

Termos em que pp. e esperam deferimento. 

São Paulo para Brasília, 5 de setembro de 2016 

Celso Antonio Bandeira de Mello 
Fábio Konder Comparato 
Sérgio Sérvulo da Cunha 

Rio de Janeiro para Brasília, 7 de setembro de 2016 

Eny Raimundo Moreira 
Roberto Amaral 

Brasília, 10 de setembro de 2016 
Álvaro Augusto Ribeiro Costa 

APÊNDICE I 
28.10.2002 
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, deferiu liminar (3/10) para suspender dois processos sobre crimes de improbidade administrativa que correm na Justiça Federal contra o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o chefe da Casa Civil da Presidência da República, Pedro Parente, e o senador José Serra. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=59538
(em seguida, determinou o arquivamento desses processos, cujo desarquivamento seria determinado pela 1ª. Turma do Supremo em 2016: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,supremo-desarquiva-acoes-contra-serra-e-ex-ministros-de-fhc,10000023316

04.02.2014 
Gilmar Mendes acaba de emitir declaração pública de que acha “esquisito" petistas condenados no julgamento do mensalão conseguirem, em poucos dias, arrecadar recursos para pagar suas multas. E ainda questiona se a “vaquinha" levada a cabo por militantes do PT não seria “lavagem de dinheiro".http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/10/gilmar-mendes-cassa-direito-de-resposta-ao-pt-na-revista-veja

23.10.2014 
Gilmar Mendes, com ironia, pergunta se Lula fez teste do bafômetro antes de discurso em palanque em BH http://www.tijolaco.com.br/blog/os-intocaveis/

30.08.2015 
Entrevista ao Correio Brasiliense 
O senhor é alvo de críticas do PT na rede social. Isso o incomoda? De vez em quando, alguém me fala, vejo. Tenho sido alvo de ataques de blogs financiados por estatais, empresas de governo. Todo mundo que é enquadrado como adversário do governo é alvo desse tipo de ataque. Acho que é uma prática flagrantemente ilegal e até fascista. Você subsidiar um suposto organismo de mídia para alvejar adversários. Subsidiar com recursos públicos. 

10.07.2015 
Durante o julgamento das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff, entre novembro e dezembro de 2014, o ministro do STF e do TSE, Gilmar Mendes, era o relator do processo e tomou decisões aos finais de semana, em horários que extrapolam a carga horária do Judiciário, além das próprias férias forenses - quando os ministros e magistrados se ausentam e apenas tomadas urgentes são definidas nos plantões. Seis meses passaram-se, as contas da presidente voltaram a julgamento e novo recesso forense. Ainda que respaldado pelas normas internas, Gilmar Mendes utiliza-se do exercício de substituto da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para definir pautas e agilizar o julgamento de Dilma na Corte. http://www.tijolaco.com.br/blog/o-tiro-de-festim-de-gilmar-mendes-via-marcelo-auler/

20.09.2015 
Próximo do senador e ex-ministro de FHC, José Serra (PSDB-SP), Mendes também tem criado vínculos com entidades que a cada dia mais flertam com o impeachment de Dilma Rousseff. A mais recente foi a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), presidida pelo peemedebista Paulo Skaf. Na última sexta-feira, o ministro participou de um evento no qual repetiu boa parte de seu voto a favor do financiamento empresarial de campanhas. Disse que o PT tinha um projeto de se perpetuar no poder e, levando em conta os desvios da Lava Jato, já teria mais de 2 bilhões de reais para usar nas campanhas eleitorais até o ano de 2038. http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/19/politica/1442621808_778942.html

20.09.2015 
Na quarta-feira passada, quando em seu voto no caso do financiamento eleitoral ficou cinco horas criticando os petistas por serem investigados na Lava Jato, Mendes afirmou que quase se emocionava ao ver um partido que foi tão beneficiado por esquemas ilícitos pedirem a proibição da doação empresarial nas campanhas. 

“O partido [PT] que mais leva vantagem, pela mais valia, para captar recursos [de campanha] agora, como madre Teresa de Calcutá, defende o encerramento das doações das empresas privadas. Quase que me emociono. Quase vou às lágrimas. É uma conversão que merece algum tipo de canonização. Será que eles nos tomam como idiotas?", disse um Mendes irônico, durante o seu voto. E completou: “A rigor esse partido [o PT] é um partido de vanguarda. Porque instalou o financiamento público de campanha antes de sua aprovação. Recursos de estatais diretamente para o partido". Um dos colegas de Corte, Marco Aurélio Mello afirmou que esses argumentos de Mendes eram “metajurídicos", extrapolavam a legislação e quaisquer decisões já tomadas anteriormente. Em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o professor de direito Rubens Gleizer, da Fundação Getúlio Vargas, criticou o posicionamento do ministro anti-PT. “Ainda que juízes não sejam neutros, eles possuem deveres de imparcialidade que ancoram a sua legitimidade democrática. Desabafos políticos são importantes, mas são cabíveis em apenas em dois edifícios da Praça dos Três Poderes." 

Os ataques ao PT chegaram ao ponto de ele acusar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que entrou com a ação contra o financiamento eleitoral, de estar atuando em nome do partido de Lula e Dilma. Mendes acusou a OAB de ser usada pelo PThttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/19/politica/1442621808_778942.html

29/09/2015 
O PT entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar anular o pedido do vice-presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, de investigar as contas da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em agosto, Mendes encaminhou ofícios ao Ministério Público, à Polícia Federal e à Corregedoria do TSE pedindo investigação das contas da campanha de Dilma, apontando a suspeita de ter recebido dinheiro desviado da Petrobras. 

O PT entrou com mandado de segurança no TSE argumentando que o ato de Mendes seria "ilegal" e "inconstitucional", por ferir "direito líquido e certo" da legenda. O partido defende que a prestação de contas da campanha presidencial de 2014, da qual Mendes foi relator, já foi encerrada, com decisão final. Por isso, segundo a sigla, Mendes não poderia dar novos despachos nesse processo pedindo investigação das contas. O partido defende a anulação do despacho de Mendes que pediu investigações à PF, ao MP e à corregedoria do TSE. O partido afirma ainda que todas as empresas citadas por Mendes "doaram grandes somas" ao PSDB e ao então candidato à presidência Aécio Neves (PSDB-MG). "Se as doações ocorridas ao Partido dos Trabalhadores por estas empresas são consideradas como de corrupção, logicamente que as doações ocorridas ao partido PSDB também o são", sustenta a ação.http://economia.uol.com.br/noticias/valor-online/2015/09/29/pt-quer-anular-pedido-de-gilmar-mendes-de-investigar-campanha-de-dilma.htm

26.02.2016 
O ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enviou nesta sexta-feira, 26, cópias de documentos e notas fiscais da campanha pela reeleição de Dilma Rousseff à Presidência em 2014 para que órgãos de investigação apurem possíveis irregularidades em contratos da legenda com sete empresas. O material será emitido para diligências nos Ministério Público Federal e de São Paulo, Secretaria de Fazenda de São Paulo, Secretaria da Receita Federal, Conselho de Administração de Operações Financeiras (Coaf) e Polícia Federal. O encaminhamento do ministro acata um pedido feito ao Tribunal pelo PSDB, que alega haver indícios de “irregularidade e ilegalidade na contratação e pagamento efetuado a empresas que não possuem capacidade operacional para prestar os serviços avençados pela campanha do PT". Os tucanos também afirmam haver evidências que de as empresas aparentam ser “de fachada" e foram contratadas por “exorbitantes e desproporcionais". O pedido foi feito dentro da prestação de contas do PT, da qual Mendes é relator. http://noticiasparana.com/protetor-de-corruptos/

16.03.2016 
Liminar do Ministro Gilmar Mendes, obstando a posse do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Civil do governo da Presidente Dilma Rousseff http://jornalggn.com.br/noticia/as-anomalias-juridicas-da-liminar-de-gilmar-mendes

12.05.2016 
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu nesta quinta-feira (12) a coleta de provas de uma investigação aberta sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) relacionadas a supostas irregularidades na estatal Furnas. Na mesma decisão, ele enviou o inquérito de volta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para reavaliação. http://jornalggn.com.br/noticia/as-condicoes-de-gilmar-para-o-mensalao-tucano-ser-investigado

10.06.2016 
“Figuras de expressão nacional, que deveriam guardar imparcialidade e manter decoro, tentam disseminar a ideia estapafúrdia de que o Procurador-Geral da República teria vazado informações sigilosas para, vejam o absurdo, pressionar o Supremo Tribunal Federal e obrigá-lo a decidir em tal ou qual sentido, como se isso fosse verdadeiramente possível. Ainda há juízes em Berlim, é preciso avisar a essas pessoas". http://jornalggn.com.br/mutirao/gilmar-mendes-0

APÊNDICE II 

Em entrevista a Mario Sergio Conti na GloboNews, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes comentou a ação que julga a constitucionalidade do financiamento privado das campanhas eleitorais. Há mais de um ano, o ministro pediu vistas do processo. “Eu pedi vistas porque eu senti que a matéria não estava madura e que havia a intenção sub-reptícia de discutir a aplicação da própria decisão já naquelas eleições, de 2014, que já estavam em curso", disse. “Percebi também que a própria ação tinha uma lógica político-partidária, talvez até para levar a uma anistia para malfeitos, que agora se verificam. Se imaginava que a adoção do novo modelo, a proibição da doação privada iria anistiar os malfeitos deste chamado Petrolão", explicou. O ministro do STF declarou ainda que a decisão não é antidemocrática e que vai trazer o voto no final de junho para ser discutido no segundo semestre (http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/06/gilmar-mendes-vai-votar-ainda-em-junho-o-financiamento-de-campanhas.html

O ministro visitou a redação da revista eletrônica Consultor Jurídico na tarde desta sexta-feira (24/4), e falou sobre a questão do financiamento de campanha, discutida na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.650. “É chato esse papel que eu fiz de pedir vista dos autos, mas eu o fiz com grande consciência", desabafa. E continua: "Hoje, quando formos discutir sobre isso, saberemos muito mais sobre questões importantes, como o que vem sendo exposto na [operação] ‘lava jato’, por exemplo". Para o ministro, parar um ano para refletir sobre algo dessa gravidade “não é nada abusivo". Se o STF tivesse decidido em abril de 2014 sobre o tema, já teria, logo em seguida, que resolver se aquilo se aplicaria às eleições de 2014, quando as campanhas já estavam estruturadas financeiramente. E isso, segundo Gilmar Mendes, geraria uma séria insegurança jurídica (http://www.conjur.com.br/2015-abr-24/gilmar-mendes-pedido-vista-amadureceu-debate

Diário de Pernambuco (cf. Agência Estado) 
Publicação: 16/04/2015 
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) ..... ironizou a ideia de que mudar o sistema de financiamento de campanhas eleitorais causaria o fim da corrupção. ........ Não é o modelo que vai resolver esse tipo de questão", disse o ministro................. 

O ministro disse que o financiamento empresarial já foi proibido no Brasil, mas liberado posteriormente porque a "regra era o caixa dois". "Nós devemos ter muita cautela nesse processo de reforma e ter consciência de que nós não podemos ser indiferentes às próprias experiências históricas", disse o ministro. 

O ministro disse não se impressionar com "bateção de lata" e com "blogs de aluguel". "Eu sou blindado. Não estou preocupado com a opinião pública. O Tribunal não servirá de nada se não tiver um juiz que tenha coragem de dar um habeas corpus, de pedir vista. É preciso que tenha um juiz que tenha coragem de pedir vista", disse. (http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2015/04/16/interna_politica,571919/gilmar-mendes-ironiza-fim-de-financiamento-de-campanha-roubaram-porque-tinham-o-dna.shtml

Após realizar palestra sobre Justiça Criminal em São Paulo nesta sexta-feira (24), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que aguarda uma definição do Congresso sobre a reforma política para votar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4.650, que proíbe o financiamento empresarial de campanhas eleitorais. 

Mendes é acusado por movimentos sociais de adiar o julgamento, já que há mais de um ano – em 2 de abril de 2014 – pediu vistas do processo quando as doações de pessoas jurídicas a campanhas estavam prestes a ser consideradas inconstitucionais por seis votos a um. Apesar das campanhas e pressão para que devolva a ação, ao que parece o magistrado não pretende dar o braço a torcer e retomar tão cedo a votação. 

Hoje, na capital paulista, o ministro deixou claro o seu posicionamento. “A ação voltará ao plenário, estamos examinando todos os aspectos. É uma matéria bastante complexa, talvez estejamos dando uma resposta muito simples. Nós temos que saber antes o que o Congresso está discutindo, qual é o modelo eleitoral, para saber qual é o modelo de financiamento adequado", afirmou. 

É importante destacar que o regimento interno do STF determina a devolução dos processos em menos de 30 dias, o que significa que Mendes está infringindo a regra. Quanto à votação favorável à Adin, ele declarou que esses votos são provisórios e, portanto, acredita numa mudança do resultado (http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/04/gilmar-mendes-diz-que-so-vota-financiamento-privado-apos-reforma-politica-do-congresso/

Nesta terça-feira (24.2.2015) ele justificou a demora em se pronunciar dizendo que não é possível discutir financiamento de campanha sem a definição do sistema eleitoral. “Eu acredito que não dá para discutir financiamento de campanha sem definir qual é o sistema eleitoral. Nós temos que discutir isso de maneira ampla", disse Mendes durante sessão temática do Senado destinada a discutir propostas de reforma política http://www.vermelho.org.br/noticia/259433-1). 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse hoje (30.4.2015) que deve liberar “até o meio do ano" seu voto vista no julgamento sobre proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas (http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/04/gilmar-mendes-libera-voto-sobre-financiamento-de-campanhas-ate-o-meio-do

29/05/2015 
Para Gilmar Mendes, texto aprovado no Congresso pode comprometer ação do STF 
Talita Fernandes e Beatriz Bulla 

Tags: STF MENDES FINANCIAMENTO DE CAMPANHA 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) avalia que a aprovação de emenda que inclui o financiamento privado de campanha pelo Congresso pode inviabilizar parte de uma ação sobre o tema que está tramitando na Corte. 

"Se essas alterações para financiamento de campanha forem aprovadas, creio que inviabiliza somente o conteúdo da Adin que trata de financiamento de campanha, mas a ação como um todo é bem mais ampla", disse o ministro. http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/1684724-para-gilmar-mendes-texto-aprovado-no-congresso-pode-comprometer-acao-do-stf

O Tempo 
PUBLICADO EM 30/06/15 - 20h41 
Dois meses depois de prometer que liberaria seu parecer sobre o financiamento público de campanhas em junho, o ministro Gilmar Mendes voltou atrás e afirmou nesta terça-feira (30) em BH que não tem prazo para emitir seu veredito sobre o assunto. ........................... 

Segundo ele, quem reclama do pedido de vistas "não é a OAB e sim o PT". Isso porque, segundo ele, a aprovação serviria como um álibi para os maus feitos do partido.Ainda segundo Gilmar Mendes, a demora seria “normal". "Alguns ministros pediram vistas porque me parecia que havia uma certa precipitação e as consequências seriam graves para o sistema".Para ele, a sensação é que o PT queria ver logo o fim do financiamento aprovado para apresentar como um álibi para seus erros. “Me parece que esse argumento da OAB, não era da OAB, mas do PT. É um argumento álibi. Olha, nós fizemos tantas trapalhadas que agora vamos defender o financiamento público, ou o financiamento apenas de pessoas. É como se estivéssemos votando uma anistia. Fizemos muitas coisas erradas, mas agora o STF veio e reconheceu que é inconstitucional e todos nós estamos absolvidos. Não há absolvição para ninguém. Quem fez coisa errado tem que pagar", apontou. http://www.blogdacidadania.com.br/2014/02/gilmar-mendes-deveria-ser-processado-por-caluniar-militancia-do-pt/


23.10.2014 
Gilmar Mendes, com ironia, pergunta se Lula fez teste do bafômetro antes de discurso em palanque em BH http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/19/politica/1442621808_778942.html

27.11.2015 
Lê-se no Estadão que o ministro Gilmar Mendes, do STF e do TSE, falando hoje sobre compra de votos (juridicamente, “captação de sufrágio") disse que “dispõe-se da possibilidade de fazer políticas públicas para aquela finalidade. Aumentar Bolsa Família em ano eleitoral, aumentar o número de pescadores que recebem a Bolsa Defeso". 

04.12.2015 
GM acusa o PT de “fraude" 

24.05.2016 
“Não vi isso [tentativa de obstruir a Lava Jato]. A não ser, uma certa impropriedade em relação à referência ao Supremo. Sempre vem essa história: já falei com os juízes ou coisa do tipo. Mas é uma conversa entre pessoas que tem alguma convivência e estão fazendo análise sobre o cenário numa posição não muito confortável". (http://www.tijolaco.com.br/blog/gilmar-mendes-e-o-supremo-e-ja-absolveu-juca/

10.06.2016, Globo 
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira (10), no Rio de Janeiro, que o Senado e a Câmara podem se recusar a chancelar os pedidos de prisão dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os pedidos de prisão dos três parlamentares do PMDB e do ex-presidente da República José Sarney, apresentados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vieram à tona na última terça-feira (7) por meio de reportagens do jornal "O Globo" e da TV Globo. "Para que haja a prisão, é preciso que se caracterize o flagrante delito, e essa é uma das questões que se deve examinar". 

10.06.2016, Valor Econômico 
"Com todas as críticas, os embates se dão dentro dos marcos constitucionais", disse o ministro nesta sexta-feira, durante palestra na Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ). Para Mendes, o impeachment presidencial está "a caminho de se concretizar". "A realidade fiscal não aceita desaforos. (http://www.valor.com.br/politica/4596367/gilmar-mendes-impeachment-esta-caminho-de-se-concretizar

29.06.2016, Valor Econômico, p. A12: 

1.(…)"Quem propôs a ação [a DIN da OAB] estava defendendo interesses eleitorais do PT, que queria se livrar da mensagem de ser uma legenda corrupta e para obter o voto em lista — que é fácil com o financiamento público". 

2. “(…) Chegou um momento em que eu tive que dizer com toda a clareza que nós estávamos discutindo um problema que não podíamos resolver, que era a falta de votos dela [da pres Dilma]. Começasse [a chamada dos deputados, a partir do Sul ou do Norte] o resultado é que ela teve 137 votos". 

24.08.2016, Estado de São Paulo, p. A4 
Em uma das mais contundentes manifestações feitas contra procuradores da Lava Jato por um membro do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes afirmou ontem que “é preciso colocar freios" na conduta dos investigadores". .......Gilmar também criticou o pacote de dez medidas de combate à corrupção, que tramita atualmente no Congresso......Segundo Gilmar, uma das propostas previstas no pacote é coisa de um “cretino absoluto": “veja as dez propostas que apresentaram. Apresentaram uma delas que eiz eu prova ilícita feita de boa-fé deve ter validade. Imaginem vocês que amanhã se possa justificar o crime de tortura porque fiz de boa-fé." 

24.8.2016, editorial da Folha de São Paulo 
Mesmo não sendo conhecido por continência verbal, Mendes fez emprego de vocabulário inusualmente ácido contra a PGR: “Já estamos nos avizinhando do terreno perigoso de delírios totalitários. Me parece que os [procuradores da Lava Jato] estão possuídos de um tipo de teoria absolutista de combate ao crime a qualquer preço".