sábado, 21 de março de 2020

Dia 2 - Diário de Quarentena - Coronavírus

Dia 2
Ribeirão Preto, 17 de março de 2020

Hoje foi aniversário da Tálita. Ainda impactado pelo avanço da pandemia, pela primeira vez não houve aquela festa toda na nossa comunicação de aniversário. O tom era de preocupação. Diante da crise, minha irmã disse o quão dilacerante tem sido absorver as notícias da Itália. Contou-me sobre o caso do cara que ficou recluso em casa com o cadáver da irmã no quarto, por não haver como os médicos realizarem a verificação do óbito; disse que, segundo colegas italianos, isso tinha virado rotina e que ela estava muito triste, também, com a situação do Irã, que estava enterrando seus mortos em valas-comuns. O Irã, além de ter um sistema de saúde debilitado, sofre com os embargos econômicos dos ianques.

A contaminação já alcançou, definitivamente, escala global, com transmissão comunitária na maioria dos países. Preocupa, agora, como será essa pandemia nas favelas, nas ruas, e em países periféricos, como na África.
O Brasil registrou hoje o primeiro caso de morte e investiga mais quatro. Quem morreu foi um senhor de 62 anos, que apresentava comorbidades. Todas as vítimas estavam internadas no mesmo hospital, o Prevent Senior. Existe uma preocupação de que as outras quatro não sejam testadas para saber se elas tinham ou não covid-19, pois elas foram tratadas na rede particular. O pânico se instuarou porque o de cujus não tinha viajado ao exterior, o que significa tratar-se de caso de transmissão comunitária. Os primeiros sintomas apareceram no dia 10, sua internação se deu no dia 14. O caso não foi contabilizado no balanço oficial. Outros hospitais estão investigando 5 mortes, que também ainda não estão contabilizados no sistema oficial. O governo diz que há cerca de 30 casos graves em São Paulo. Não se tem o número exato porque, em um primeiro momento, as vítimas estão procurando a rede privada (não é à toa que o coronavírus está sendo conhecido como “a doença da elite”). Covas decretou estado de emergência em São Paulo, mas a restrição à circulação de pessoas foi tímida e as aulas estão sendo suspensas de maneira gradual (essa foi uma medida positiva, pois o trabalhador não pode deixar seus filhos com os avós); além disso, as salas de velório só podem comportar dez pessoas por vez.
O Dória cancelou todos os eventos públicos e dispensou os funcionários com mais de sessenta.

NO nível federal, o Burro Falante fechou a fronteira.. Com.. A VENEZUELA! Países com índice de contágio mais alto como a Argentina e o Paraguai, bem como a entrada de chilenos pelos aeroportos ainda está em modo open bar. Em contraste, a União Europeia fechou suas fronteiras internas e externas com todos os países do mundo.

A Itália está em calamidade. As autoridades de saúde e os serviços funerários já não tem mais onde colocar seus mortos e há rumores de que os médicos estão escolhendo quem vive e quem morre.

O brasil continua fazendo teste somente aos casos mais graves.

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