sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Depoimento de ex-ministro da cultura pode derrubar Temer



O descaso por parte de Michel Temer com relação a Geddel Vieira Lima, que ocupa a pasta da Casa Civil, tomou proporções que podem levar a sua destituição.

O escândalo começou quando o ex-Ministro da Cultura Marcelo Calero pediu demissão do cargo, afirmando que Geddel havia o pressionado para retirar o parecer da Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que proibia construções em uma região de Salvador, por extrapolar o número máximo de treze andares - a planta previa a construção de 30. A intenção de Geddel era garantir a continuidade das obras, no qual o mesmo havia comprado um apartamento, na planta, no valor de R$ 2,6 milhões de reais. 

O ocupante da Casa Civil já havia brigado publicamente contra um banqueiro por causa do apartamento e atuou junto à prefeitura, a partir de ACM Neto (DEM), para que a obra não fosse embargada, mesmo contrariando um parecer individual. Geddel, inclusive, confirmou que havia se encontrado com ACM para tratar do empreendimento.

Houve um pedido de prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados, no entanto a base aliada, que se diz contra a corrupção, não só barrou o pedido, como saiu em defesa do mesmo na tribuna. Jovair Arantes, redator do impeachment da presidente destituída Dilma Rousseff, afirmou que Marcelo Calero havia dado "piti"desnecessário: "Precisa dar piti? Por que a palavra do ex-ministro tem mais força que a de Geddel? É uma conversa natural existente entre políticos. Em qualquer parte do país o político é demandado. O assunto se encerra quando você diz não". Um dia depois, Geddel presenteou os deputados com verbas de emenda (verbas a serem gastas pelos parlamentares em seus redutos eleitorais).

Diante da negativa do Legislativo em esclarecer o caso, parlamentares da resistência protocolaram um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República contra o pecuarista, afirmando que há fortes indícios do cometimento do crime de concussão (isto é, quando um político ou funcionário público exige alguma coisa de seu interesse, utilizando-se de seu cargo como forma de coagir a outra pessoa). De acordo com o ex-ministro, Geddel teria ligado a ele e proferido ameaças: "Então você me fala, Marcelo, se o assunto está equacionado ou não. Não quero ser surpreendido com uma decisão e ter que pedir a cabeça da presidente do Iphan. Se for o caso eu falo até com o presidente da República" [sic]

Mas o escândalo não parou por aí.

Ontem (24), Calero prestou depoimento à Polícia Federal, e, além de sustentar a sua versão anterior, afirmou que o próprio Michel Temer o havia enquadrado, afirmando que, quando ainda era ministro, o ocupante da Presidência o havia procurado, dizendo que o ex-MinC estava causando 'dificuldades institucionais', que Geddel se encontrava 'bastante irritado e pedindo, por fim, uma "saída" para a obra de interesse particular de Geddel; com isso, Michel Temer estaria exercendo crime de advocacia administrativa (quando alguém defende os interesses alheios utilizando do cargo público), bem como crime de responsabilidade

De acordo com o Blog do Josias, Marcelo Calero entregou áudios de conversas com Temer, Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima como provas de sua denúncia. Para que seja utilizada nos autos, as evidências precisarão ser liberadas pelo Supremo Tribunal Federal. A oposição já afirmou que irá protocolar um pedido de impeachment de Michel Temer.

A situação complica bastante a vida do governo, o qual tenta passar medidas que prejudicam as classes mais pobres da sociedade, tais como a PEC 55, a reforma da previdência e, em especial para irritar aqueles que o apoiaram quando ainda havia o discurso anticorrupção, a anistia aos crimes de caixa dois.

Brasília, 25 de novembro de 2016

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