sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Quem está por trás da investida de Marcelo Calero contra Temer?

Temer vive seus piores dias desde que se sentou à cadeira presidencial. Marcelo Calero, que ocupava o Ministério da Cultura, resolveu partir para a ofensiva contra Geddel. Mas quais são os interesses envolvidos? Seria Calero um paladino da ética e justiça?

Vamos aos fatos. Primeiramente, sabemos que Michel Temer perdeu seus direitos políticos e precisa de duas coisas para seguir em sua luta pelo poder: a anistia aos crimes de caixa dois e "estancar a sangria da Lava Jato", nas palavras do seu melhor amigo Romero Jucá.

Marcelo Calero, o rapaz que ocupava a pasta da Cultura, é filiado ao PSDB e diplomata de carreira. Não consegue ganhar nem eleições de síndico, amargando meros 3 mil votos nas eleições para deputado federal. E mesmo assim ele conseguiu chegar lá - sim, lá no Palácio do Capanema. Alguém pôs ele lá.


Do lado oposto do ring, encontrava-se Geddel Vieira Lima, conhecido não muito pela sua inteligência e elegância, mas pela sua expansividade, altivez e completa falta de tato nas relações públicas. Marcelo foi à Polícia Federal e resolveu entregar áudios comprometedores, balançando fortemente o galho do desinterino, por tabela, que também parece ter advogado pelos interesses de Geddel. 

Mesmo sendo do mesmo partido que Calero, Aécio, o "paladino da ética" (só que não), criticou não a atuação de Geddel, mas sim as interceptações de seu companheiro de chapa.

E eis que existe uma correlação de interesses muito interessante por trás disso tudo. Sabemos que há três pessoas que brigam pela candidatura à presidência dentro do PSDB desde que FHC terminou seu mandato: Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. Se Temer chegar ao poder até o final de 2018, o que encontra-se em franco fortalecimento é Geraldo Alckmin, que conseguiu colocar seu candidato, que ainda é "réu primário" na vida eleitoral, João Doria Junior, no lugar de Haddad. Para este, claramente importa que Temer aguente até o próximo pleito presidencial. Daí temos Aécio Neves, enfraquecido por ser "o mais chato" da Lava Jato, e por tantos outros envolvimentos em escândalos de corrupção; e, por fim, José Serra, o chanceler que acha que a Argentina faz parte dos BRICS e que o nome do país em que vive se chama "Estados Unidos do Brasil", também comprometido com escândalos de corrupção até o pescoço.

Temer responde a um processo de cassação no TSE e pode ser alvo de processo de impeachment depois dessa acusação. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral é o tucano Gilmar Mendes, mui amigo de Aécio e colega de José Serra, os dois que, devido a suas condições parlamentares, torcem para que Michel Temer caia depois de 2017, de forma a poder entrar na frente de Geraldo Alckmin na preferência pela corrida eleitoral.

Porém, mesmo indo ao encontro de seus interesses, Calero parece ter incomodado Aécio Neves. Talvez isso se deva ao fato de que, para além do fato deste ser diplomata, José Serra é o Ministro de Relações Exteriores de facto da República brasileira. Cheiro de acordo no ar. Não percamos as próximas cenas de mais este golpe. Enquanto isso, saiamos às ruas.

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