O site Tortura Nunca Mais fez um levantamento das justificativas das votações do domingo no qual a sociedade brasileira se olhou no espelho:
O gráfico foi traçado a partir da primeira motivação que os deputados apresentaram. O interessante é notar que a maioria dos parlamentares votaram por causa da família deles, ou seja, por um motivo extremamente particular e completamente descabido. Apenas 5 (cinco) votaram por causa das pedaladas, o que faz levantar a suspeita de que o argumento do "soft coup" (golpe de estado brando) não tão descabido assim, afinal, todos os brasileiros sabem que bauru sem tomate é golpe.
Não vou ignorar o fato de que o gráfico foi ordenado de forma a enfatizar o descalabro das justificativas, mas isso não afasta o fato assustador de que a esmagadora maioria não votou pelo relatório, mas pela vontade de fazer um quarto turno e de erradicar os pobres da vida política: houve votos contra a CUT, contra o MST, contra as minorias, a favor de torturadores e de fascistas. O site "The Economist" publicou uma lista sobre os motivos mais escabrosos para se apoiar o impedimento:
- For the birthday of my granddaughter
- For the foundations of Christianity
- For Bruno and Felipe
- For the Masons of Brazil
- For rural producers, because if they don’t plant there will be neither lunch nor dinner
- Because of the proposal that children can have sex-change procedures [while still] in school
- To end the profitability of being unemployed or a layabout
- For the congregation of the “Quadrangular” [an evangelical church]
- For the aged and children
- For an end to welfare dependency
- For my mother Lucimar
- For charismatic renewal
- For Brazilian doctors
- To put an end to CUT [the biggest Brazilian grouping of trade unions] and its no-good types
- For the love of this country
- For an end to the Petrobras scandal and those who profited from it
- For the Republic of Curitiba [a Brazilian state capital; Sérgio Moro, the crusading judge leading the investigation into corruption at the state-controlled oil giant, Petrobras, hails from there]
- In memory of my father
- For Campo Grande [the state capital of Mato Grosso do Sul], the loveliest brunette of Brazil
- For gun control
- Because of the communism that threatens this country
- For the fearless and pioneering people of the state of Rondônia
- For BR 429 [an interstate highway]
- For all the insurance brokers
- For my unborn daughter Manoela
- For my 93-year-old mother who is at home
- In homage to my city’s founding day
- For peace in Jerusalem
- For the best state, Tocantins
- For my mother, who at the moment is fighting for her life
- For the sector that generates wealth: agribusiness
- For my son Breno and my beloved military police of São Paulo
- For the military of 1964 [who took control of Brazil in a coup]
- So that we don’t become Reds like in Venezuela and North Korea
- For my 78-year-old father who taught me the principles of the word of God
- For Sandra, for Erica, for Vítor, for Jorge, and for my grandson who is on the way
- For my state of São Paulo, governed for the past 20 years by honest politicians from my party
- For my wife and my daughter, who are my principal electorate
- As tribute to my only and true riches, my daughters
- For an end to the “colonels” [the big landowners and rich families who effectively rule much of north and north-east Brazil]
- For the armed forces who are now pensioners without a salary
- In tribute to my father Roberto Jefferson [a Brazilian politician implicated in a massive political scandal in 2005]
- For Carlos Alberto Brilhante Ustra, the Terror of Dilma [Colonel Brilhante Ustra was the chief torturer under the military dictatorship]
- For street-dwellers who sleep on the street, are born on the street and die on the street
- In order that no government stands against the nation of Israel
- For science and technology
- For my wife Mariana and daughter little Mariana
- Against the Bolivarian dictatorship
- For the truckers
- For free men and morality
- For the honour of the people of Minas Gerais [a Brazilian state]
- For Canção Nova [a Catholic radio and television network]; for the Brazilians who live with drugs
- For my aunt Eurides, who looked after me when I was small
- For you, mum
- For the libertarian traditions of Minas Gerais
- I forgot to mention my son. For you, Paulo Henrique! Kiss!
- For the cancer hospital
- In tribute to the victims of BR 251 [an interstate highway]
- To honour the flag of Minas Gerais
- I am a leader of the majority; I am not a leader of the minority
Houve polêmica para se acertar a ordem de votação durante a semana. O gângster-geral da república Eduardo Cunha queria a princípio fazer a votação dos estados do Sul para o Norte, gerando assim um efeito manada com relação aos indecisos, uma vez que a maioria dos votos contra o impeachment está nos rincões mais pobres do país. Depois, sugeriu fazer alternado, Sul e Norte, o que na prática também geraria o efeito manada e o STF chancelou a decisão. Não há nada disposto no Regimento Interno da Câmara dos Deputados com relação à chamada dos parlamentares e somente um precedente, que foi o impedimento do Collor, no qual os votantes procederam à votação por ordem alfabética.
Brasília foi separada por um muro para separar as "torcidas organizadas". Havia expectativas de fotos aéreas das manifestações que ocorriam lá fora, mas pouquíssimas foram disponibilizadas. Apesar da Polícia afirmar que houve mais amarelinhos que vermelhinhos, as poucas fotos que existem disponível após a votação começar mostram o contrário:
O muro foi pichado:
... feito de rede de vôlei:
Equipe da República Democrática da Esplanada Oriental enfrenta a República Federativa da Esplanada Ocidental
...e de lugar para se tirar fotos melosas:
Relacionamento entre coxinha e mortadela choca a Família Tradicional Brasileira
Continua...
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