Uma coisa que é unanimidade no Brasil é a opinião que o governo Bolsonaro tem sido uma surpresa para todos - mesmo para quem ainda o defende-, não tanto pelo seu projeto de poder, mas pelos meios utilizados para conseguir atingir suas metas messiânicas de destruição.
Utilizando-se de formas pouco ortodoxas para entregar as riquezas brasileiras ao capital financeiro, o capitão do Manicômio-Geral da República escalou verdadeiros profissionais experientes em porra-nenhuma para tocar seu projeto ideológico sanatorial; apesar de haver grande concorrência, o mais ousado até aqui é Abraham Weintraub, o ministro cinco-bola que lê receitas de Cafta nas horas vagas.
Seu mais novo ataque, o contingenciamento de 1/3 das verbas destinadas ao ensino superior, com a promessa de devolução após a aprovação da Reforma da Previdência, é uma verdadeira extorsão de mão dupla: de um lado se pressiona o trabalhador a aceitar uma reforma miraculosa da Previdência (e a gente sabe bem a natureza desses "milagres" financeiros) e de outro se esconde o interesse tacanho das universidades privadas, muitas delas querelantes do fim do dinheiro fácil do Fies e do Prouni, as quais conseguiram acelerar misteriosamente em 70% o seu registro junto ao governo Bolsonaro.
Com verba insuficiente, as universidades públicas terão que cancelar parte substancial de suas despesas de custeio e seus investimentos (isto se agrava com o fim das bolsas de agências de fomento como a CAPES e, possivelmente, o CNPq) e, se não contido o ataque, haverá um fosso geracional na nossa pesquisa.
Os efeitos não são somente de curto prazo: cada aluno que abandona a graduação e a pós é um elo destruído na corrente do conhecimento, uma corrente que liga doutores a mestres, mestres a iniciandos, e iniciandos ao público externo, mediante os projetos de extensão; a lacuna deixada por esses alunos terá que ser suprida posteriormente a partir ou de um período muito mais dispendioso de formação para superar essa lacuna geracional, ou de importação de tecnologia e conhecimento estrangeiro, o que gerará uma dependência ainda maior do Brasil ao capital intelectual estrangeiro.
Mas não se enganem, eles não fazem isso por não saber os resultados. Isso tudo é um projeto político que vinha sendo gestado há muito! Perdemos nossas condições de vida, perdemos nosso futuro, perderemos nossa soberania. Tudo em prol do capital financeiro e da subserviência a interesses escusos.
A hora de reagir é agora.
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