Presidente biito, gente...
A história republicana brasileira começa com um golpe. O
governo do primeiro Presidente do Brasil é dividido em duas fases: o governo
provisório e o constitucional.
Durante a
fase provisória, Deodoro buscou cancelar as instituições imperiais, governou
por decreto, ao mesmo tempo que promoveu eleições para a Assembleia
Constituinte, e buscou a laicidade do Estado, separando-o da religião, como
ficou patente na criação do casamento civil. O Brasil era um país recém-saído
do regime escravocrata; na busca por excluir os negros da economia, a burguesia
agrária demandou mão de obra externa, o que foi patrocinado pelo governo com
grandes imigrações, com isso, houve um enorme processo de naturalização de
estrangeiros.
A política
econômica que marcou o governo Deodoro da Fonseca foi a do encilhamento, que
mirava a industrialização a partir da emissão monetária – a solução mais
estúpida em economia que já vivemos desde D. Pedro I. Obviamente que esse
processo gerou uma grande inflação; essa perda de valor monetário é conhecida
como imposto inflacionário. A especulação financeira foi às alturas.
Constituição de 1891. Foi concebida a
República Brasileira como uma federação, com autonomia para os estados. O voto
era masculino e universal, excluído os analfabetos, os mendigos, os padres e os
soldados (ou seja, a maior parte da população). Além disso, o voto era aberto,
o que facilitava aos coronéis impor a sua vontade para a população (voto de
cabresto). Era isso ou um balaço na cabeça. As eleições da República Velha foram
diretas, exceto a do governo constitucional de Deodoro da Fonseca.
Com medo de
sofrerem um golpe por parte de Deodoro e verem restaurada a monarquia, o
militar foi eleito para o seu segundo mandato. Mesmo os líderes da oposição
haviam decidido que, caso Prudente de Morais ganhasse, o Congresso lhe daria
imediata posse – era tudo para inglês ver. Floriano Peixoto foi eleito o seu
vice. Os dois não eram amigos. A bem da verdade, guardando as enormes
diferenças entre os projetos políticos de cá e lá, Floriano era para Deodoro o
que Temer foi para a Dilma.
A relação
entre o presidente e o parlamento eram tensas. O primeiro era avesso à
democracia e à oposição, o segundo também, mas era representantes da burguesia,
que demandavam uma excludente democracia burguesa, longe do ideal democrático
real.
Em novembro
de 1891, diante do boicote sistemático e
da tentativa do Parlamento em aprovar a Lei de Responsabilidade, que reduzia o
poder do Presidente da República, Deodoro decretou o estado de sítio e fechou o
Congresso Nacional. O Distrito Federal foi colocado sob censura absoluta. A
reação veio de todos os estamentos – da burguesia cafeeira, do Exército, dos
trabalhadores (que emplacaram a Greve da Estrada de Ferro da Central do Brasil)
e da Marinha (que também entrou em greve). Deodoro teve que renunciar e
Floriano subiu ao poder.
Custódio de
Melo, acionado por Floriano Peixoto, a bordo do Encouraçado Riachuelo, ameaçou
bombardear o Rio de Janeiro caso Deodoro não renunciasse. Diante de tão doce
convite, o marechal deixou o cargo em 23 de novembro de 1891, passando o bastão
para Floriano Peixoto.
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