Até o reinado de Carlos I, a Inglaterra se regia pelo sistema monárquico absolutista, no qual o rei era considerado infalível e sua conduta inquestionável. O Parlamento era um órgão temporário, que só era convocado para opinar sobre impostos e guerras e o rei sequer era obrigado a seguir suas deliberações.
Um clima de conflito político se iniciou com o casamento de Carlos com Henrietta Maria, de origem puritana e viria a se agravar com a participação inglesa na Guerra dos 30 Anos. Carlos I enviou o duque de Buckingham para comandar a participação britânica, que sofreu uma derrota fragorosa na França. O Parlamento pediu então a sua demissão, irritando o monarca, o qual dissolveu o Parlamento.
Um novo legislativo foi formado dois anos depois, 1628, e Oliver Cromwell foi eleito parlamentar. O novo Parlamento aprovou o fim das detenções arbitrárias e da lei marcial em tempos de paz, além de estender seu poder para opinar sobre todos os impostos. Mesmo assim, Carlos I buscou estender o imposto "ship money", até então alfandegário, para todo o país, sem a anuência do Parlamento, além de mandar prender Sir John Eliot, autor da petição, e outros oitos parlamentares, por evasão fiscal.
Por 11 anos, Carlos I viria a governar sem Parlamento e o fez de maneira desastrosa. Um brutal conflito entre ingleses e escoceses, de origem religiosa, veio à tona, e Carlos I inclusive mandou torturar e cortar orelhas de nobres ingleses que criticavam a sua reforma religiosa. A Inglaterra perdeu a guerra e aceitou, de maneira humilhante, pagar reparações à Escócia.
Sem dinheiro, Carlos I resolveu convocar outro Parlamento, com a finalidade de conseguir receitas para acabar com a rebelião no norte. O Parlamento se recusou a aprovar os impostos e foi dissolvido. Mais uma vez o rei atacou a Escócia e foi repelido.
Outro Parlamento foi convocado e uma petição foi aprovada prevendo periodicidade convocatória para a assembleia. Carlos I teve a brilhante ideia de tentar usar um exército católico irlandês para atacar os escoceses, mas o Parlamento ficou bravo às tampas e prendeu o dono do exército na Torre de Londres, o Lorde Strattford; um dos parlamentares mandou executá-lo.
Os católicos ingleses reagiram violentamente, temendo uma restauração protestante. A tentativa de Carlos I em prender 5 parlamentares por traição falhou. Carlos fugiu de Londres e agrupou seu exército em Nottingham, enquanto o Parlamento reuniu tropas leais aos nobres.
A Inglaterra se viu conflagrada numa guerra civil que revelaria Cromwell como uma grande liderança militar. Carlos fugiu para a Escócia (!), onde foi raptado e preso, fugindo e sendo recapturado duas vezes.
Os militares, insatisfeitos com a falta de pagamento, passaram a apoiar Carlos I, e marcharam para Londres. Secretamente, o rei negociou um acordo de paz com os escoceses que incluía uma reforma religiosa e outra guerra civil estourou em menos de dez anos.
O lado monarquista capturou e baniu 2/3 do Parlamento e o outro 1/3 organizou um tribunal que condenaria Carlos I à pena capital. Interessante notar que a maioria dos juízes que concordaram com essa pena seria executada após a restauração monárquica.
Entre 1649 e 1653, a Inglaterra se tornaria o primeiro país europeu a governar de maneira republicana, repetindo a façanha entre 1669 e 1670. Durante o interregno desses dois períodos, Cromwell inauguraria uma forma de governo muito comum em países que lutam por governos mais democráticos: a ditadura militar.
As guerras civis dizimaram 15% da população da Inglaterra e, após a restauração, o corpo decomposto de Cromwell foi exumado e executado em praça pública.
Após o desfecho da crise política, o absolutismo caiu e emergiu um novo sistema de governo: a monarquia parlamentar, na qual o Chefe de Estado é o rei, mas quem governa é o Primeiro-Ministro.
Os acontecimentos na Inglaterra prenunciavam o que iria a acontecer na França cem anos depois, na revolução que mudaria, como nunca antes, a história da humanidade.
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