quarta-feira, 28 de junho de 2017

FIESP: O pato amarelo dá aulas de demagogia


Merece ou não merece um escracho?

Reagindo à redução orçamentária de Temer à Lava Jato, PF suspende emissão de passaportes



Há um mês atrás, após o escândalo da troca de Ministro da Justiça, Michel Temer reduziu a equipe responsável pela Operação Lava Jato e cortou verbas da Polícia Federal, em retaliação à gravação feita por Joesley Batista, no âmbito do inquérito policial.




Há três dias, a perícia da Polícia Federal concluiu que os áudios gravados não estão adulterados. O relatório final do inquérito, disponibilizado à Procuradoria-Geral da República ontem, afirmou que Temer incentivou pagamentos indevidos a Cunha. Hoje, a PF aumenta ainda mais a pressão sobre Michel Temer, suspendendo a emissão de passaportes, às vésperas das férias escolares, e acusando o governo de facto por falta de verbas. O que os responsáveis pelo ato estão fazendo pode ser crime de prevaricação (deixar de praticar ato de ofício para atender sentimento ou interesse pessoal). A crise institucional é tão grande, que os próprios órgãos da República cometem crimes e os publicam.


Segue a nota do cancelamento da emissão de passaportes:


Sobre o serviço de passaportes, a Polícia Federal informa que está suspensa a confecção de novas cadernetas de passaportes solicitadas a partir de hoje, 27/06, às 22 horas.


A medida decorre da insuficiência do orçamento destinado às atividades de controle migratório e emissão de documentos de viagem.


O agendamento online do serviço e o atendimento nos postos da PF continuarão funcionando normalmente. No entanto, não há previsão para entrega do passaporte solicitado, enquanto não for normalizada a situação orçamentária.


Usuários atendidos nos postos de emissão até o dia 27/06 receberão seus passaportes normalmente.


A Polícia Federal acompanha atentamente a situação junto ao Governo Federal para o restabelecimento completo do serviço.


Divisão de Comunicação Social

Polícia Federal

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Afeganistão: Atentado terrorista em banco lotado mata 29 e fere sessenta

Um atentado terrorista contra uma sucursal do New Kaboul Bank, no coração de Lashkar-Gah, capital de Helmand (Afeganistão), matou vinte e nove pessoas e feriu sessenta. A explosão aconteceu enquanto militares e civis sacavam seus salários.

Um outro atentado havia sido perpetrado em feveireiro contra a mesma sucursal, sendo reivindicada pelo Talibã. A violência é consequência da intervenção militar desastrosa dos Estados Unidos em 2001, que deixou um vácuo de poder no país, fazendo com que cidadãos afegãos sejam presas fáceis para partidos radicais, tais como os Talebãs, e guardam correlação também com a histórica divisão entre xiitas e sunitas.


quarta-feira, 21 de junho de 2017

The Keepers - o que Rafael Braga, Lula e a Irmã Cesnik Têm em Comum?


Muito embora tenha desagradado alguns fãs nos últimos dias, com o cancelamento da série Sense8, nada desabona o fato de que a Netflix é, atualmente, a produtora mais promissora de séries, filmes e documentários da atualidade. Para diferenciar das demais, o streaming tem apostado em produzir conteúdos com viés progressistas e The Keepers é uma docussérie que se enquadra nessa lógica.

A trama gira em torno do assassinato não solucionado de uma freira, Catherine Cesnik, que ministrava aulas em uma escola católica, Seton Keough High School, depois que um grupo de ex-alunas resolve romper o silêncio e investigar o caso por conta própria, décadas depois. Porém, ao contrário da tradição dos unsolved crimes series comuns, a narrativa não se concentra somente no caso do homicídio e vai se imbricando para diversas histórias paralelas, relatando os abuso sexual de menores que aconteceram sob a tutela da Igreja, tendo como perpetrador o padre que administrava  o colégio, Joseph Maskell, e seus amigos - padres, policiais e outros cidadãos de bem.

Aos poucos, The Keepers vai denunciando não só a conduta repugnante dos abusadores, mas também a leniência das estruturas de poder, mormente a Igreja Católica, a Polícia e o Judiciário, bem como, e principalmente, o machismo estrutural da sociedade, o qual atinge seu ponto máximo de expressão, no discurso, quando Jane Doe vai depor contra Maskell no tribunal.

É bom perceber, porém, que a história de Cathy Cesnik está muito mais adjunta de nossa realidade do que supomos à primeira vista. A freira assassinada está muito mais próxima de Lula e Rafael Braga, do que do Papa Francisco. Bem, e o que uma freira, um sem teto e um trabalhador têm em comum? São todos sujeitos passivos do abuso de autoridade, da opressão, do conluio daqueles que detêm o poder do Estado, ou é amigo deste. Entre a Arquidiocese de Baltimore e o Tribunal de Justiça de São Paulo, ou o TRF de Curitiba, há menor distância do que gostaríamos de supor.

A semelhança entre as três figuras reside no símbolo de questionamento do poder puro das elites dominantes. Caso Cathy houvesse denunciado Maskell a tempo, a questão viraria um escândalo e a Igreja iria ter sérios reveses, assim como toda a estrutura política sustentada por ela - não devemos nos esquecer que, nos lugares onde o sentimento religioso é muito forte, é difícil separar a fé institucionalizada da própria política, pois os representantes são escolhidos devido ao atrelamento de suas imagens à vida na comunidade religiosa; um escândalo significaria um abalo nessa estrutura - seria o questionamento dos homens privilegiados pelas mulheres oprimidas. Para Rafael Braga, a relação é mais direta: trata-se de um negro que participou de manifestações as quais questionavam diretamente o poder do Estado (mais de duas mil pessoas foram averiguadas, nenhum branco foi detido). No tocante a Lula, o questionamento de poder toma ares de preferências políticas e de um grau (limitado, diga-se de passagem) de empoderamento de certas classes emergentes, as quais podem causar problemas às elites econômicas e políticas, principalmente no contexto de uma crise econômica - o processamento do ex-presidente, na base de meras convicções, simbolicamente demonstra o questionamento do espaço dos trabalhadores dentro de uma economia capitalista (apesar de que Lula não represente, nem de longe, a negação do capital).

Portanto, para conservar o poder, aqueles que o exercem são capazes de afastar as leis e os direitos, passando por cima dos mais vulneráveis - dos negros, dos trabalhadores e das mulheres - tudo em nome do controle social. Assim aconteceu nos desdobramentos do caso Cesnik: depoentes foram hostilizadas, provas foram suprimidas e sentenças  contra legem prolatadas. A Arquidiocese jogou panos quentes o quanto pôde. O crime pode ter sido cometido por um ou outro, mas toda a estrutura de poder concorreu para a sua impunidade. Para Lula e Rafael Braga, basta uma condenação sem provas, pois um é "ladrão" e o outro é "vândalo". Foi preciso uma união muito contundente e o vazamento para a mídia para que, no caso dos assédios em Keough, alguma atitude fosse tomada.


Moral da história: se você é um fudido, não confie nas estruturas de poder. Associe-se com outros fudidos e faça o máximo de barulho que conseguir. Caso não seja o suficiente, prepare-se para uma revolução.

Enquanto isso, no futebol da tarde, o padre, o promotor, o juiz e o empresário seguem mantendo sua bonita amizade, agindo com o arbítrio que lhes aprouver, tendo a certeza de que permanecerão livres, leves e soltos, pois o capital sustenta as estruturas de poder que lhes garantem a sua imunidade. Eis a face mais escancarada do conservadorismo. Como diria o Capitão Nascimento: O Sistema é foda.