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domingo, 5 de abril de 2020

Previsões estatísticas para o dia 6 de abril - COVID-19 Brasil


O CP-SSR está fazendo um boletim diário sobre as previsões estatísticas para o COVID- 19. Para o dia 6 de abril, temos:

Número de casos confirmados previstos: 13.093
Número de novos casos previstos: 1.402
Número de mortes previstas no dia: 87
Balanço de mortes previstas no fechamento do boletim epidemiológico: 587
Número estimado de casos reais, levando em consideração a taxa de mortalidade da Coreia do Sul: 117.317
Taxa de mortalidade medida estimada: 4,48 %
Taxa de subnotificação: 88,9% (11 em cada 100 pessoas infectadas é testada pelo governo)

Sobre o Boletim de 5 de abril

A taxa de acerto em relação aos casos confirmados foi de 95%
A taxa de acerto em relação às mortes foi de 97%
A taxa de acerto em relação ao índice de letalidade foi 99%

O que esses índices dizem?

Não se pode dizer que o Brasil já está achatando a curva; a manutenção de uma tendência de crescimento linear na taxa de letalidade, sem haver saturação do SUS, na verdade indicam um aumento da subnotificação, inclusive nos casos mais graves. Isso se deve à fila de testes que aumenta e à escassez de kits para testagem.
A margem de 3% de erro no número de mortes estimadas também pode ser fruto de subnotificação, uma vez que há centenas de óbitos suspeitos no estado de São Paulo aguardando resultado do exame.

sábado, 28 de março de 2020

Dia 11 - Diário de Quarentena - CurvaDOC 2 - Coronavírus



Hoje eu vou contar para vocês como um resfriadinho matou 22 mil pessoas em três meses e colocou 1/3 da população mundial em quarentena.

sábado, 21 de março de 2020

Dia 0 - Diário de Quarentena - Coronavírus

Dia 0


Ribeirão Preto, 15 de março de 2020

Há quatro dias a USP registrava o seu primeiro caso de coronavírus, Thiago, um aluno da FFLCH. O Departamento de Geografia tratou o caso com extrema leniência e avisou que não iria suspender as aulas; porém, a pressão foi maior e a FFLCH suspendeu as aulas por 1 dia, retornando no dia seguinte.

De acordo com o aluno infectado, na primeira vez que ele foi no HU, foi tratado com desdém pelos enfermeiros, dizendo que as pessoas estavam em histeria coletiva. Na verdade, ninguém estava se importando muito com a PANDEMIA de Coronavírus, que havia sido decretada com total atraso pela OMS, dois dias depois da infecção do aluno. O caso, porém, já havia feito estragos na China, Coreia do Sul e Irã, e já começava a deixar um rastro de morte na Itália. A USP seguiu a linha do governo Bolsonaro de dizer que não era motivo para pânico para não gerar histeria.
No dia 9, a Arábia Saudita aumentou drasticamente o volume de produção de petróleo e as bolsas derreteram. O gesto era um enfrentamento à Rússia, que não queria diminuir o volume de produção de hidrocarbonetos. O pânico foi agravado pelo aumento de casos de Coronavírus no mundo. No dia seguinte, a Itália bateu recorde no número de mortes mundiais pela doença, deixando para trás o Irã e a China. O mundo, de maneira geral, ficou em choque, mas, no Brasil, as pessoas seguiam a sua vida e faziam piada (como sempre) da situação

O ponto de virada foi quando o Fábio Wajngarten, da SECOM, foi confirmado como positivo para Coronavírus. Outros da comitiva presidencial começaram a sentir alguns sintomas e ele - Jair Bolsonaro - precisou fazer o teste do coronavirus. A ironia disso tudo é que Wajngarten teria contraído a doença um pouco antes de se encontrar com Donald Trump e teria contagiado todo mundo.

Pela internet, Bolsonaro convocou seu rebanho para o ato do dia de hoje; Eduardo informou à Fox que o teste de seu pai havia dado positivo, mas depois que o furo saiu, voltou atrás e envergonhou o Brasil dessa vez nos Estados Unidos. Era uma jogada para desacreditar a imprensa, mais uma vez.
O meu motivo de tentar escrever esse diário de quarentena é que, já no dia 10, eu sabia que tudo iria sair do controle. Quem sabe um pouco de matemática e o mínimo de política não precisa de muito para ligar lé com cré.
Fizemos uma reunião ainda no dia 13, no sintusp, para pressionarmos a USP a nos dispensar das funções na segunda-feira, em razão da contaminação do aluno da FFLCH. Nada foi feito
Tive contato com uma docente que veio da França, país extremamente contaminado, na quarta-feira. Ela deu um bolo para a uma funcionária próxima para comemorar o seu aniversário. Cumprimentei-a à brasileira; não sabia que ela havia voltado da França. Achei-a irresponsável.

Fiz duas reuniões para tratar do assunto do coronavírus, como representante dos funcionários: uma com o Diretor, para demandar a difusão de informações sobre a doença, a colocação de álcool gel em todos os relógios de ponto e o afastamento sumário de um funcionário que estava na Espanha e de qualquer funcionário que voltar do exterior, por pelo menos quatorze dias, sem prejuízo dos vencimentos, tanto com o Assistente, quanto com o Diretor. Os dois me deram garantias que eles não pisariam no ambiente de trabalho

Dia 6 - Diário de Quarentena - Coronavírus.


Dia 7

21 de março de 2020


Hoje foi o primeiro dia que o João ficou em casa. Um verdadeiro inferno! O menor queria ir para a rua toda hora, não conseguia se conformar em não fazer barulho. A Fernanda está com uma inflamação no olho que provavelmente precisará de antibiótico, mas não posso levá-la ao médico. A rotina foi a seguinte: de manhã, João assistiu TV, depois brincamos um pouco com seus brinquedinhos, em seguida levei-o para comprar ração e areia pros gatos e cigarro. Depois, almoçamos, ele ficou arrastando os carrinhos no chão, batucando nos potes e chorando histericamente quando contrariado. Ele quer toda hora lavar as mãos na pia. Depois do almoço, conversei por videochamada com a minha família para colocarmos a situação de todos em dia. Eu não sei se o começo ou mais pra frente vai ser a maior dificuldade com o João, porque ele está muito acostumado ainda a paseear, mas e o tédio?


A via nas ruas ainda não parou. Apesar de boa parte dos comércios terem fechado, e alguns estarem atendendo em regime de entrega ou retirada (como o Tiragosto), as pessoas continuam não evitando aglomeração e muitas estão indo, ao mesmo tempo, nas poucas lojas que desafiaram a determinação. Cerca de 5% das pessoas que vi estão utilizando máscaras, acredito que sem ter corona ou gripe. O parque Maurílio Biaggi estava aberto e continha um número razoável de pessoas. Um amigo meu, que é do grupo de risco, teve que se arriscar para buscar seu filho no Rio de Janeiro, pois ele não havia conseguido voltar de ônibus e as rodoviárias foram fechadas.


Ribeirão Preto confirmou cinco casos e descartou outros 17 para coronavírus. O problema é que há mais 200 testes na fila e, se for tomar a proporção, possivelmente desses 200, teremos a confirmação de pelo menos 40. Temos apenas 400 leitos de internação, se levarmos em consideração o tempo de duplicação do Brasil, e se o prefeito nada fizer, em nove dias não haverá leitos para todo mundo (isso se ninguém ficar doente por outros motivos). Foi decretado estado de emergência.


Uma crise muito séria e silenciosa tem se colocado no âmbito estadual. Diante da inércia presidencial, muitos governadores têm forçado o pacto federativo ao limite: o Witzel ordenou o fechamento das fronteiras do Rio de Janeiro, de aeroportos estaduais e a proibição de cultos e missas presenciais; o Dória decretou a quarentena forçada, com uso da força policial, depois da notícia da 15a. morte no Estado; os governadores do Nordeste, depois do imbróglio diplomático que o Dudu Bananinha criou com a Embaixada Chinesa, estão fechando verdadeiros acordos internacionais com a China. Tudo isso certamente terá impactos constitucionais ou destitucionais após a crise sanitária, especialmente com a crise econômica à vista.


Na esfera federal, Jair criticou Witzel e Dória e editou uma MP proibindo os Estados de fecharem aeroportos e cultos religiosos. Estimulou as pessoas a tomarem remédio de malária para tratar de coronavírus e falou que o Exército iria providenciar um carregamento do medicamento; a Anvisa avisou que não é recomendado tomar o medicamento e pediu para quem havia comprado para devolver às farmácias. A previsão do PIB caiu a zero, mas eu acho que o tombo vai ser, pelo menos, de -5% esse ano; os economistas relutam em entender a situação, talvez porque passaram a vida em quarentena do resto da população e não entendem que tudo mudou. Outra coisa que preocupa é a tendência ao autoritarismo que essas crises geram. Teremos muitos desafios para lidar daqui para frente.


O cidadão-de-bem deu uma entrevista ao Ratinho e estava completamente rouco; um Gif da reunião ministerial está circulando com Jair tossindo fortemente ao fundo. Este cara está com covid-19 e passou para um monte de gente na manifestação do dia 15; pelas contas, dentro de dois dias não haverá mais como ele esconder e provavelmente pode acontecer uma internação, devido à idade e às comorbidades que ele certamente tem.


A Espanha registrou 200 e lá vai fumaça de mortes em um dia e a Itália pra lá de 720. A situação já saiu completamente do controle na Lombardia, tanto que a equipe chinesa que está avaliando a situação para tentar estancar o contágio cornetou que o transporte público continua funcionando normalmente em muitas partes, que a atividade econômica continua quase que normalmente e que ainda há festas (!) acontecendo em hotéis, os quais deveriam estar fechados há muito tempo. Porra, Itália, colabora! Enfim, parece que, depois de muito os governadores encherem o saco do governo central, o Exército vai ser colocado na rua para impedir a circulação de pessoas. Os alemães descobriram um possível inibidor do sars-cov-2, que pode impedir que ele se replique; aliás, a Alemanha é um caso interessante: ela tem diagnosticado cedo os casos e apresenta um invejável índice de recuperação. Além disso, um de seus estados abriu a possibilidade de receber doentes da França, mesmo tendo mais casos que ela. A Inglaterra, governada pelo conservador Boris Johnson, aprovou a maior medida de justiça social de sua história: o governo vai garantir os salários de todos os trabalhadores por três meses e isentar o empresariado de pagar o IVA, que é tipo o ICMS deles 


Cuba e China estão fazendo uma incrível diplomacia sanitária. Médicos cubanos foram enviados para diversos lugares que, inclusive, embargam a república socialista, como a Itália, além de ter permitido o atraque de um navio inglês com doentes com coronavírus. Somente agora ela resolveu fechar as fronteiras aéreas, depois de protesto da população, mas, por enquanto a doença está controlada na ilha. China está mandando médicos e equipamentos para meio mundo.


Por fim, os Estados Unidos seguem minando o seu prestígio, optando por chamar o covid-19 de "vírus chinês'. Um escândalo emergiu a partir da Alemanha, quando tornou-se público que o governo Trump queria comprar a exclusividade da vacina contra o patógeno. A Alemanha interveio e o instituto responsável pela pesquisa disse que a vacina será para todo o mundo.